O empresário Fernando Cavalcanti confirmou doações ao PT e a Luiz Fernando, deputado estadual, durante depoimento realizado nesta segunda-feira (6) à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do INSS. Cavalcanti, ex-sócio do renomado advogado Nelson Wilians, admitiu ter contribuído financeiramente para diversas campanhas políticas ligadas ao Partido dos Trabalhadores, incluindo a do parlamentar que disputou a Prefeitura de São Bernardo em 2024, não alcançando o segundo turno do pleito municipal.
A confissão do empresário ocorreu em um contexto de intensa pressão por parte dos membros da CPMI, que o questionaram sobre uma série de transferências bancárias consideradas suspeitas. Inicialmente, ao ser indagado especificamente sobre um repasse via Pix no valor de R$ 50 mil para Luiz Fernando, Cavalcanti negou qualquer conhecimento do deputado, respondendo de forma concisa: “Desconheço”. No entanto, confrontado com o comprovante da transação, sua postura mudou, solicitando a repetição do nome e reconsiderando sua afirmação inicial.
Fernando Cavalcanti Confirma Doações ao PT e a Luiz Fernando
Após a insistência dos parlamentares da CPMI, Cavalcanti finalmente reconheceu a doação em questão. “Não só pra ele fiz para diversos”, declarou, com a voz embargada, tentando generalizar seus repasses financeiros. Ele argumentou que suas contribuições foram destinadas a múltiplos candidatos e projetos políticos, buscando assim atenuar o foco na transferência específica ao deputado Luiz Fernando.
O interrogatório prosseguiu com questionamentos diretos sobre os motivos que o levaram a destinar o valor especificamente ao político. Cavalcanti justificou suas ações afirmando que, como “democrata”, sempre busca “investir e ajudar, não só amigos, mas bons projetos”, e que não possuía “nenhum interesse pessoal, zero”. Adicionalmente, ele alegou não se recordar de quem teria solicitado a doação, mencionando que “na época de campanha, muita gente acaba procurando a gente”.
Nesse sentido, o empresário também admitiu que não segue critérios objetivos rigorosos para definir suas contribuições financeiras. Ele explicou seu método de forma simplificada: “Meu critério é simples: quando alguém chega, apresenta um projeto, pede. Se eu quiser ajudar, eu ajudo. Se não quiser, digo não, obrigado”. Cavalcanti ainda relatou ter tido contato apenas com um assessor do deputado, e não diretamente com o próprio Luiz Fernando, reforçando a alegação de falta de relação pessoal.
A veracidade da doação, no valor de R$ 50 mil via Pix, foi corroborada por informações oficiais do DivulgaCand, plataforma do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que detalha as prestações de contas de campanhas. A transparência dos dados eleitorais, disponível publicamente, confirma o repasse feito pelo empresário investigado para a campanha de Luiz Fernando. Para mais informações sobre a regulamentação eleitoral e as prestações de contas, você pode consultar o site oficial do Tribunal Superior Eleitoral.
Detalhes da Investigação contra Fernando Cavalcanti
A oitiva de Fernando Cavalcanti gerou grande repercussão, especialmente porque ele é um dos nomes envolvidos em uma investigação da Polícia Federal. O empresário é acusado de fazer parte de um elaborado esquema de lavagem de dinheiro, utilizando a compra de veículos de luxo, relógios caros e outros artigos suntuosos com recursos que, supostamente, teriam sido desviados de aposentadorias e pensões.
Durante o depoimento de Nelson Wilians, ex-sócio de Cavalcanti, parlamentares na CPMI do INSS destacaram descobertas cruciais da Polícia Federal. Foram encontrados três veículos de alto valor — uma Ferrari F8 Spider, um Mercedes-Benz S 63 e um Mercedes-Benz AMG GT 63 S — todos registrados em nome da empresa FAC Negócios, que pertence a Fernando Cavalcanti. Além da FAC Negócios, Cavalcanti também é proprietário da FC Participações Unipessoal, que detém 20% de participação no grupo Nelson Wilians.
O deputado Marcel van Hattem (Novo) denunciou publicamente as atividades do empresário: “Segundo a PF, ele lavou dinheiro comprando carros de luxo e escondeu aqui atrás”. A senadora Leila Barros (PDT), que foi uma das autoras do pedido para a convocação de Cavalcanti, enfatizou a necessidade de seu depoimento. Ela afirmou que “a magnitude dos indícios, o padrão de vida incompatível e a conexão com outros investigados impõem o dever de ouvi-lo”, mesmo diante da negativa da defesa de qualquer relação com as fraudes investigadas.
A Posição do Deputado Luiz Fernando
Em resposta às acusações e à admissão de Fernando Cavalcanti, o deputado estadual Luiz Fernando, procurado pela reportagem, negou veementemente qualquer relação pessoal com o empresário. Ele assegurou que a doação recebida por sua campanha foi realizada dentro dos parâmetros legais e que todas as contribuições financeiras foram devidamente registradas e declaradas à Justiça Eleitoral.
“Eu conferi aqui: de fato, no dia 2 de outubro, quatro dias antes da eleição, por Pix – com o recibo eleitoral e tudo mais – houve uma doação desse senhor para a nossa campanha em São Bernardo. Está tudo aqui: o recibo foi emitido, tem numeração e há a doação eleitoral assinada, tudo certinho, com a prestação de contas feita”, detalhou o deputado, reforçando a conformidade com as exigências eleitorais.
Apesar da confirmação do recebimento da doação, Luiz Fernando reiterou que não conhece o empresário Fernando Cavalcanti e que não tem informações sobre quem poderia ter intermediado o repasse. “Confesso a você que não sei quem é essa pessoa, nem se alguém dialogou com ele ou pediu para que fizesse a doação. Eu vi a foto dele agora nas redes sociais e, pelo que me lembro, nunca estive com esse senhor. Não o conheço”, concluiu o parlamentar, mantendo sua posição de distanciamento e desconhecimento.
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O depoimento de Fernando Cavalcanti na CPMI do INSS revela um intrincado cenário de doações políticas e investigações sobre lavagem de dinheiro. A admissão de repasses ao PT e ao deputado Luiz Fernando, seguida pela defesa de legalidade do parlamentar, coloca em evidência a complexidade das relações financeiras no ambiente político. Para acompanhar os desdobramentos deste e de outros casos relevantes, continue acessando nossa editoria de Política para as últimas notícias e análises.
Crédito da imagem: MARCOS FIDELIS