A leitura da Carta Compromisso das Crianças e Jovens pela Educação e Justiça Climática marcou um momento crucial na 6ª Conferência Nacional Infantojuvenil pelo Meio Ambiente. O evento, realizado na manhã da última quarta-feira, dia 8, em Luziânia (GO), reuniu autoridades do governo federal, incluindo o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e diversos ministros de Estado, para ouvir a voz da juventude brasileira sobre temas ambientais e sociais urgentes. Dois estudantes tiveram a honra de apresentar este documento significativo, que sintetiza a visão e os anseios das novas gerações.
Este importante documento é o resultado de um processo colaborativo e abrangente, que se estendeu desde as etapas escolares, passando pelas fases municipais e estaduais da conferência. A carta não apenas reflete as conclusões alcançadas, mas também consolida os compromissos assumidos pelos próprios participantes, demonstrando um engajamento profundo e uma compreensão multifacetada das questões climáticas. A sua essência reside na defesa de que a justiça climática transcende a mera pauta ambiental, exigindo uma abordagem que contemple a igualdade, a inclusão e o respeito irrestrito à diversidade em todas as suas formas.
Jovens lançam Carta Compromisso por Educação e Justiça Climática
A iniciativa tem um objetivo estratégico de grande alcance: embasar e fortalecer as discussões da 30ª Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30), que ocorrerá em Belém, de 10 a 21 de novembro de 2025. Ao apresentar esta carta, os jovens buscam reafirmar a expectativa de que a COP30 seja reconhecida como a “COP da Verdade”, um marco para ações concretas e transformadoras. A urgência da pauta foi expressa por Diogo Henrique Antunes, estudante de Santa Catarina e um dos oradores, que reivindicou: “Nós não somos o futuro do Brasil. Nós somos o presente e a transformação há de ser agora. O futuro é agora.”
A Voz da Juventude e o Apelo por Ação Imediata
A preocupação com o futuro do planeta e a necessidade de uma ação imediata ressoaram nas palavras dos jovens participantes. Ana Evangelista da Silva, estudante do Ceará, defendeu veementemente a justiça climática, enfatizando a importância de escutar os grupos mais vulneráveis e afetados pelas consequências das alterações climáticas. “Temos o compromisso de ampliar a nossa capacidade de prevenção de riscos, assumindo que a consciência das diferentes vulnerabilidades nos torna mais humanos, verdadeiros e potentes para lidar com os impactos dos desastres climáticos”, afirmou Ana, destacando a necessidade de uma abordagem empática e proativa.
O engajamento dos jovens foi amplamente reconhecido pelas autoridades presentes. A ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA), Marina Silva, expressou sua gratidão pela elaboração da carta compromisso. Ela elogiou a abordagem diferenciada dos estudantes, que, em vez de apenas listar o que o governo deveria fazer, apresentaram seus próprios compromissos e as ações que estão dispostos a empreender. Esta postura, segundo a ministra, demonstra um nível de responsabilidade e protagonismo que é essencial para a construção de um futuro mais sustentável.
Visão Governamental e a Importância da Escuta Social
Para uma audiência de aproximadamente 800 participantes da conferência, o ministro da Educação, Camilo Santana, sublinhou a relevância da retomada da mobilização social. Ele destacou o papel central da escuta social, da equidade e da educação como pilares fundamentais para a construção de uma política ambiental justa e eficaz no Brasil. O ministro enfatizou que a verdadeira importância de um governante reside na capacidade de escutar e compreender as percepções e os sentimentos da população em seu cotidiano.
Santana argumentou que são os cidadãos, presentes em suas cidades e escolas, que vivenciam as realidades e desafios ambientais. Consequentemente, qualquer política governamental verdadeiramente eficiente precisa ser construída a partir da escuta atenta da sociedade. Ele reforçou que a 6ª Conferência Nacional Infantojuvenil pelo Meio Ambiente integra o ciclo preparatório para a 30ª Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30), que, como mencionado, será sediada em Belém, no período de 10 a 21 de novembro de 2025. Este alinhamento estratégico visa garantir que as contribuições da juventude brasileira sejam ouvidas e consideradas em um palco global.
Além disso, o ministro da Educação defendeu a ideia de que a temática ambiental não pode ser restrita a um único ano letivo nas escolas. Pelo contrário, deve ser um componente permanente em todos os níveis de ensino, envolvendo não apenas os estudantes, mas também seus pais, os conselhos escolares, a comunidade do bairro e da cidade, e, crucialmente, a formação contínua dos professores. Camilo Santana concluiu sua fala incentivando os jovens: “Vocês fazem parte desse processo transformador e de cuidar da nossa terra, do planeta e do meio ambiente”, atribuindo-lhes um papel ativo e fundamental na preservação ambiental.

Imagem: agenciabrasil.ebc.com.br
A Essência da Educação Ambiental a Longo Prazo
A importância da educação ambiental com uma perspectiva de longo prazo também foi abordada pelo ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência da República, Márcio Macêdo. Ele salientou a necessidade imperativa de que as escolas incorporem os temas ambientais em seus currículos, visando a formação de cidadãos conscientes e capazes de agir no presente, ao mesmo tempo em que preparam uma geração futura. O objetivo é que, dentro de 10 ou 15 anos, o Brasil possa superar os problemas ambientais que enfrenta atualmente.
Márcio Macêdo enxerga a conferência como uma valiosa oportunidade para que os jovens não apenas aprendam, mas também debatam e, ao retornarem para suas casas e comunidades, desenvolvam uma consciência profunda sobre a necessidade de preservar a natureza. Este processo, segundo ele, capacitará os jovens a intervir de forma eficaz no combate às mudanças climáticas, transformando o conhecimento adquirido em ações concretas e significativas. A discussão sobre as mudanças climáticas e a importância de ações globais podem ser aprofundadas em fontes confiáveis como a Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, que detalha os processos e as conferências das partes (COPs).
Os Compromissos Detalhados da Carta
A carta compromisso lida durante a 6ª Conferência Nacional Infantojuvenil pelo Meio Ambiente elenca uma série de compromissos que refletem a visão abrangente dos jovens sobre os desafios e soluções ambientais e sociais. Entre os pontos centrais, destacam-se:
- O reconhecimento de que os chamados “problemas ambientais” são, na verdade, sintomas de questões mais profundas causadas pela ação humana. Os jovens afirmam: “Nós não somos o futuro do Brasil, nós somos o presente e a transformação há de ser agora. O futuro é agora.”
- O compromisso de apoiar ativamente a luta e a resistência de povos indígenas, comunidades quilombolas e agricultores familiares, reconhecendo sua essencialidade para qualquer transformação social e ambiental, especialmente através de suas tecnologias ancestrais.
- A proteção de todas as formas de vida no planeta com equidade, igualdade e inclusão, reafirmando que a justiça climática vai além do meio ambiente e do clima, abrangendo aspectos sociais e humanos.
- A ampliação da capacidade de prevenção de riscos, baseada na consciência das diferentes vulnerabilidades. Essa compreensão torna os indivíduos mais humanos, verdadeiros e potentes para enfrentar os impactos dos desastres climáticos.
- O respeito profundo à diversidade de gênero, sexualidade (LGBTIAP+) e às pessoas com deficiência e surdos, com foco na equidade. Esta postura é considerada vital para combater todas as formas de desigualdade e edificar uma sociedade justa e de paz.
- A regeneração da vida na Terra, promovendo um diálogo construtivo entre os saberes ancestrais e os conhecimentos científicos, buscando soluções integradas e respeitosas.
- A escuta ativa de cada comunidade ribeirinha, periférica, de aldeia, favela e assentamento, que são as que menos contribuem para as causas das mudanças climáticas, mas as que mais sofrem com suas consequências.
- A resistência a um sistema que fomenta a competição por poder e dinheiro, gerando desigualdades e preconceitos como racismo, homofobia, exclusão, intolerância religiosa, racismo ambiental e outras diversas formas de discriminação.
- A valorização da biodiversidade como um direito fundamental à vida, com a educação ambiental nas escolas sendo reconhecida como uma ferramenta essencial de transformação.
A mensagem final da conferência é clara e uníssona: “Transformar o Brasil com educação e justiça climática é responsabilidade de todos e todas nós.” Esta conclamação ecoa o senso de urgência e a necessidade de colaboração mútua entre governo, sociedade civil e, especialmente, as futuras gerações.
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Em resumo, a apresentação da Carta Compromisso das Crianças e Jovens pela Educação e Justiça Climática em Luziânia representa um marco importante para a mobilização social e a construção de políticas ambientais mais justas e inclusivas no Brasil. O documento, que será um dos subsídios para a COP30, evidencia o protagonismo da juventude na busca por soluções sustentáveis e equitativas. Para continuar acompanhando as discussões e novidades sobre meio ambiente e outras pautas relevantes, convidamos você a explorar mais conteúdos em nossa editoria de Meio Ambiente.
Crédito da imagem: Ricardo Stuckert / PR