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B3 Exclui Ambipar de Índices e Não Renova Certificação Verde

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A B3 comunicou a exclusão da Ambipar de seus nove índices e a não renovação de sua certificação de ações verdes, em uma decisão que reflete preocupações crescentes em torno da liquidez e governança da companhia de gestão de resíduos. A medida, anunciada pela Bolsa brasileira, acende um alerta sobre as práticas de mercado e a rigidez dos critérios para a permanência de empresas em carteiras de referência e para a obtenção de selos de sustentabilidade.

Esta drástica ação da B3 surge em um momento de alta volatilidade para as ações da empresa no mercado, que registraram uma queda acentuada nos últimos dias. A Ambipar, que atua no setor de soluções ambientais, tinha uma presença significativa nas carteiras de investimento que compõem os principais indicadores da Bolsa, o que amplifica o impacto da exclusão na percepção dos investidores e na sua visibilidade no cenário financeiro nacional.

B3 Exclui Ambipar de Índices e Não Renova Certificação Verde

A Ambipar estava listada em importantes indicadores do mercado brasileiro. Entre os nove índices dos quais a companhia fará parte da exclusão, destacam-se o Brasil Amplo, de Diversidade, de Governança Corporativa Trade, de Ações com Governança Corporativa Diferenciada, de Governança Corporativa Novo Mercado, de Sustentabilidade Empresarial, de Ações com Tag Along Diferenciado, MidLarge Cap e Utilidade Pública. A remoção desses índices implica uma reavaliação substancial do perfil da empresa por parte de fundos e investidores que replicam essas carteiras.

Impacto nos Índices e Critérios da B3

Conforme o comunicado oficial emitido pela B3, as ações da Ambipar deixarão de integrar essas carteiras de investimentos a partir do preço de fechamento do dia 15 de outubro. A participação que antes pertencia à Ambipar será então redistribuída de maneira proporcional entre os demais ativos que compõem esses índices, buscando manter a integridade e representatividade de cada um. Este procedimento padrão da Bolsa garante que os índices continuem a refletir o desempenho do mercado de forma precisa, mesmo diante de alterações na composição.

A fundamentação para a decisão da B3, de acordo com o próprio manual de definições e procedimentos dos índices da Bolsa, permite que a instituição, a seu critério exclusivo, exclua um ativo. O objetivo primordial dessa prerrogativa é salvaguardar a continuidade, a replicabilidade, a representatividade e a integridade de seus índices, pilares essenciais para a confiança e a estabilidade do mercado de capitais. Para entender mais sobre o funcionamento dos índices e as diretrizes da Bolsa, informações detalhadas podem ser consultadas no portal oficial da B3.

Preocupações com ASG e a Certificação de Ações Verdes

Além da remoção dos índices, a B3 também confirmou que a Ambipar não terá sua certificação de “B3 Ações Verdes” renovada. A metodologia para esta designação específica estabelece um critério rigoroso: caso a imagem da companhia, de seus diretores ou administradores seja associada a eventos ou incidentes ligados a aspectos Ambientais, Sociais e de Governança Corporativa (ASG) que gerem risco de imagem, a titulação pode ser suspensa ou até mesmo revogada. Este aspecto ressalta a crescente importância que o mercado e os órgãos reguladores atribuem às práticas ASG das empresas.

Crise de Liquidez e Intervenção Judicial da Ambipar

O pano de fundo para tais decisões da B3 reside em eventos recentes envolvendo a Ambipar. No final de setembro, a companhia obteve uma medida cautelar junto à Justiça do Rio de Janeiro. Esta medida visava, entre outras proteções, suspender os efeitos de cláusulas contratuais que poderiam desencadear a aceleração de dívidas do grupo, além da exigibilidade de obrigações sob instrumentos contratuais de relevância para a sua estrutura financeira. Tal movimento sinaliza uma tentativa de proteger a empresa de um colapso financeiro iminente.

O principal gatilho para a busca por proteção judicial por parte da Ambipar foi uma operação de crédito com o Deutsche Bank. Esta transação exigiu garantias adicionais substanciais, resultando em um elevado consumo de caixa da companhia em um período muito curto, pressionando sua liquidez de forma significativa e gerando preocupações sobre sua capacidade de honrar compromissos de curto prazo.

B3 Exclui Ambipar de Índices e Não Renova Certificação Verde - Imagem do artigo original

Imagem: www1.folha.uol.com.br

No pedido de tutela cautelar, a Ambipar salientou os riscos iminentes decorrentes de cláusulas de vencimento cruzado, conhecidas como ‘cross-default’. A materialização dessas cláusulas implicaria um impacto financeiro estimado em R$ 10 bilhões, o que, segundo a própria empresa, representaria um “gravíssimo risco de insolvência imediata do grupo”. Esta revelação expôs a fragilidade da estrutura de capital da companhia diante de cenários adversos.

Repercussões no Mercado e Avaliação da Fitch

Em resposta a esses desdobramentos, a agência de classificação de risco Fitch Ratings publicou um relatório no qual interpretou a situação da Ambipar como um processo similar a um evento de inadimplência, ou ‘default’. Essa avaliação adicionou mais pressão sobre a percepção de risco da companhia no mercado, impactando diretamente a confiança dos investidores e a sua capacidade de acesso a novas fontes de financiamento.

Desde a obtenção da primeira medida cautelar, que foi ratificada mesmo após um recurso apresentado pelo Deutsche Bank, as ações da Ambipar haviam acumulado uma desvalorização impressionante de 93% até a véspera. Esse tombo foi impulsionado pelos crescentes rumores e preocupações em torno de uma possível recuperação judicial da empresa. Contudo, em uma reviravolta no mercado, na quinta-feira, por volta das 13h30, os papéis registraram um salto notável de 26,47%, atingindo o valor de R$ 0,86, o que pode indicar uma reação do mercado a novas informações ou movimentos especulativos.

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A decisão da B3 de excluir a Ambipar de seus índices e de não renovar a certificação de ações verdes sinaliza um rigor crescente do mercado em relação à governança e à sustentabilidade das empresas listadas. Os recentes episódios envolvendo a liquidez e a estrutura de dívidas da companhia exemplificam a complexidade e os desafios que empresas abertas enfrentam para manter a confiança dos investidores e a conformidade com as exigências regulatórias. Para mais análises aprofundadas sobre o cenário econômico e as flutuações do mercado de capitais, continue acompanhando nossa editoria de Economia.

Crédito da imagem: Amanda Perobelli/Reuters

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