rss featured 1870 1760102050

Insegurança Alimentar no Brasil Atinge 25,7% da População

Últimas notícias

A insegurança alimentar no Brasil ainda representa um desafio significativo, com 54,7 milhões de brasileiros enfrentando algum nível dessa condição em 2024. Esse contingente equivale a 25,7% da população nacional, abrangendo desde a preocupação com o acesso futuro a alimentos até a experiência de fome efetiva. Os números, apesar de indicarem uma melhora em relação ao ano anterior, foram divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) por meio da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua) nesta sexta-feira, 10 de maio.

A pesquisa detalhou que, no último ano, 18,9 milhões de domicílios foram classificados com algum grau de insegurança alimentar no território brasileiro. Este valor corresponde a 24,2% do total de 78,2 milhões de lares estimados para 2024 no país. Estes dados fornecem um panorama crucial sobre as condições de acesso a alimentos para uma parcela considerável da sociedade.

Insegurança Alimentar no Brasil Atinge 25,7% da População

Os levantamentos mais recentes do IBGE apontam para uma evolução positiva se comparados aos resultados da Pnad Contínua de 2023. Naquela ocasião, 29,6% da população e 26,6% dos domicílios estavam em situação de insegurança alimentar. Essa redução nos índices é um indicativo de que algumas estratégias e mudanças econômicas podem estar surtindo efeito no cenário nacional. Maria Lúcia Vieira, coordenadora da pesquisa, atribui essa melhoria à diminuição da taxa de desocupação e ao incremento de programas de apoio social. “A taxa de desocupação vem se reduzindo, e tem um reflexo direto no que as pessoas conseguem adquirir de alimentos”, pontua Vieira, destacando a conexão entre emprego, renda e acesso a alimentos.

Definição e Graus da Insegurança Alimentar

Para categorizar a incerteza alimentar, o estudo emprega a Escala Brasileira de Insegurança Alimentar (EBIA), que organiza a condição em graus leve, moderado e grave. A compreensão desses níveis é fundamental para a elaboração de políticas públicas eficazes e para a atuação de organizações da sociedade civil. O grau leve de insegurança alimentar manifesta-se pela preocupação com a aquisição de alimentos no futuro e por uma qualidade nutricional inadequada, na tentativa de não comprometer a quantidade de comida disponível.

No estágio moderado, a situação agrava-se, resultando em uma diminuição da quantidade de alimentos consumidos por adultos ou na interrupção dos padrões alimentares habituais devido à escassez. Este nível já indica uma privação mais acentuada. Já a insegurança alimentar grave, o patamar mais crítico, implica que as restrições alimentares se estendem também às crianças do domicílio, e a fome se torna uma experiência vivida de forma concreta pelos moradores.

Panorama da Insegurança Alimentar Grave e Moderada

Conforme os dados do IBGE, 2,5 milhões de lares brasileiros foram classificados em situação de insegurança alimentar grave no último ano, representando 3,2% do total de domicílios. Esses lares abrigavam cerca de 6,4 milhões de indivíduos. A insegurança alimentar moderada foi identificada em 4,5% dos domicílios, impactando aproximadamente 9,7 milhões de pessoas. O grau leve, por sua vez, afetava 16,4% dos lares, atingindo cerca de 38,4 milhões de brasileiros.

Disparidades Regionais e Estaduais

As análises geográficas da insegurança alimentar revelam profundas disparidades regionais. As regiões Norte e Nordeste são as mais afetadas, com 37,7% e 34,8% de seus lares, respectivamente, enfrentando o problema. Em contraste, o Centro-Oeste registrou 20,5% de domicílios nessa condição, o Sudeste, 19,6%, e o Sul, a menor taxa, com 13,5%. No que tange aos estados, Pará, Amapá e Roraima apresentaram as maiores taxas de insegurança alimentar moderada e grave, com 17,1%, 16,3% e 15,9% dos domicílios, respectivamente. Em contrapartida, Santa Catarina (2,9%), Espírito Santo (3,5%) e Rio Grande do Sul (4,1%) registraram os menores percentuais. Para mais detalhes sobre a metodologia da pesquisa e os indicadores, os dados completos podem ser consultados no site oficial do IBGE.

Insegurança Alimentar no Brasil Atinge 25,7% da População - Imagem do artigo original

Imagem: www1.folha.uol.com.br

Grupos Sociais Mais Impactados

A insegurança alimentar não se distribui de maneira uniforme entre os diferentes grupos sociais, impactando desproporcionalmente populações que já enfrentam outras vulnerabilidades. Em 2024, as áreas rurais do país concentravam 31,3% dos casos de insegurança alimentar, superando os 23,2% registrados nas regiões urbanas. Essa discrepância é parcialmente explicada pela renda média mais baixa observada nas zonas rurais, conforme o IBGE.

Ademais, o recorte por cor ou raça evidencia que 73,8% das pessoas afetadas pela insegurança alimentar grave no ano passado eram pretas ou pardas, sublinhando a interseção de desigualdades. No que se refere ao gênero, em 2024, mulheres eram as responsáveis em 50,8% dos lares com insegurança alimentar, enquanto homens detinham a referência em 49,2% desses endereços. Nos domicílios com insegurança alimentar moderada ou grave, quase metade (42,5%) registrava um rendimento domiciliar per capita de, no máximo, meio salário mínimo em 2023.

O Crescimento da Segurança Alimentar

Em contraste com os dados sobre a insegurança, o IBGE também apontou que 75,8% dos lares brasileiros estavam em situação de segurança alimentar em 2024, totalizando 59,3 milhões de domicílios de um universo de 78,2 milhões. Essa condição é definida pelo acesso regular e permanente a alimentos de qualidade, em quantidade suficiente, sem comprometer outras necessidades básicas. Este percentual representa uma elevação em relação à Pnad 2023 (72,4%) e à POF 2017-2018 (63,3%), mas ainda se mantém abaixo do patamar observado na Pnad 2013 (77,4%). Os 59,3 milhões de domicílios em segurança alimentar abrigavam aproximadamente 157,5 milhões de moradores, correspondendo a 74,2% da população total.

Confira também: Investir em Imóveis na Região dos Lagos

Em suma, os dados mais recentes da Pnad Contínua mostram uma redução na insegurança alimentar no Brasil, impulsionada pela diminuição do desemprego e a expansão de programas sociais. Contudo, milhões de brasileiros ainda enfrentam a incerteza ou a escassez de alimentos, com regiões e grupos sociais específicos sendo desproporcionalmente afetados. Acompanhe mais análises e notícias sobre a economia e o desenvolvimento social em nossa editoria de Economia.

Crédito da imagem: Lalo de Almeida/Folhapress

Deixe um comentário