A Rússia expressou, neste domingo (19), uma “profunda preocupação” com a possibilidade de os Estados Unidos fornecerem mísseis Tomahawk à Ucrânia, advertindo que o conflito na região atingiu um momento dramaticamente crítico, com escaladas percebidas de todas as partes envolvidas. As declarações do Kremlin ressaltam a tensão crescente em torno do armamento ocidental e suas implicações para a segurança regional e global.
O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, detalhou a gravidade da situação em entrevista à emissora estatal russa, divulgada também neste domingo. Segundo Peskov, a questão dos mísseis Tomahawk é de “extrema preocupação” para Moscou, que observa um aumento generalizado das tensões. A guerra na Ucrânia, classificada como o confronto mais letal na Europa desde a Segunda Guerra Mundial, já desencadeou o maior embate entre a Rússia e o Ocidente desde a Crise dos Mísseis de Cuba, em 1962, solidificando a visão russa de um confronto direto com potências ocidentais.
Rússia Alerta para ‘Profunda Preocupação’ com Mísseis Tomahawk
O presidente americano, Donald Trump, havia comentado na última segunda-feira (13) sobre o possível envio, afirmando que, antes de aprovar qualquer remessa de Tomahawks, desejava compreender como a Ucrânia os utilizaria. Trump manifestou o desejo de não intensificar o conflito entre Rússia e Ucrânia, mas acrescentou que já havia tomado uma espécie de decisão sobre o tema, sem, contudo, revelar detalhes. A natureza exata dessa “decisão” permanece desconhecida.
A potencial entrega desses mísseis de cruzeiro é vista com particular gravidade devido às suas capacidades técnicas. Os mísseis Tomahawk possuem um alcance aproximado de 2.500 quilômetros, o que concederia à Ucrânia a capacidade de realizar ataques de longo alcance em diversas áreas do território russo, incluindo a capital, Moscou. Um aspecto ainda mais alarmante, conforme apontado pelo Serviço de Pesquisa do Congresso dos EUA, é que algumas versões mais antigas desses mísseis são capazes de carregar ogivas nucleares.
Esta dualidade de capacidade levou Peskov a levantar questões críticas sobre a resposta russa. “Imagine: um míssil de longo alcance é lançado e sabemos que ele pode ser nuclear. O que a Federação Russa deve pensar? Como deve reagir?”, questionou o porta-voz, sublinhando a necessidade de especialistas militares internacionais compreenderem a gravidade de tal cenário. A possibilidade de um ataque com mísseis que poderiam, em teoria, transportar cargas nucleares, mesmo que as versões enviadas não o façam, introduz um elemento de incerteza e risco de escalada não intencional.
O presidente russo, Vladimir Putin, já havia alertado no início deste mês que a operação de mísseis Tomahawk seria “impossível” sem a participação direta de militares americanos. Para Putin, qualquer fornecimento desse tipo de armamento à Ucrânia desencadearia um “novo e qualitativamente diferente estágio de escalada” no conflito. Essa perspectiva reforça a tese de Moscou de que a guerra transcende um mero conflito regional, transformando-se em um embate direto entre a Rússia e as potências ocidentais.

Imagem: Alexander Kazakov via valor.globo.com
Em paralelo a essas discussões sobre armamentos, o jornal Financial Times reportou neste domingo (19) que os Estados Unidos vêm prestando assistência à Ucrânia há meses para a realização de ataques de longo alcance contra instalações energéticas russas. De acordo com a publicação, a inteligência americana auxilia Kiev no planejamento de rotas, altitude, cronogramas e definição das missões, permitindo que os drones de ataque unidirecionais ucranianos consigam evadir as defesas aéreas russas, uma prática que adiciona uma camada de complexidade ao envolvimento ocidental no conflito.
O conflito atual é enquadrado por Putin como um ponto de inflexão nas relações de Moscou com o Ocidente. O líder russo argumenta que o Ocidente “humilhou” a Rússia após a dissolução da União Soviética em 1991, expandindo a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) e avançando sobre o que Moscou considera sua esfera de influência, incluindo a Ucrânia e a Geórgia. Por outro lado, a Ucrânia e seus aliados ocidentais veem a invasão russa como uma tentativa de conquista territorial de estilo imperialista, reiterando que continuarão a lutar até a derrota das forças de Moscou. Para mais informações sobre a duração e o impacto econômico da guerra, você pode consultar fontes como a Reuters, que discute previsões sobre a extensão do conflito.
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Este cenário de escalada com a possível entrega de mísseis Tomahawk à Ucrânia adiciona uma dimensão crítica ao já complexo panorama geopolítico, com a Rússia alertando para as severas consequências de tal movimento. Mantenha-se informado sobre os desdobramentos desta crise e outras análises em nossa editoria de Política.
Crédito da imagem: Reuters