Macron nomeia novo governo na França em meio a crise política
O presidente francês, Emmanuel Macron, concretizou neste domingo (12) a formação de um novo governo na França, liderado pelo primeiro-ministro de centro-direita Sébastien Lecornu. A iniciativa surge em um período de intensa crise política no país, com a nomeação priorizando perfis técnicos para o novo gabinete.
A composição do ministério foi revelada apenas uma semana após a dissolução do governo anterior, que teve uma duração notavelmente curta de 14 horas. Apesar de Sébastien Lecornu, de 39 anos, ter apresentado sua renúncia na última segunda-feira (6), o presidente Macron reiterou sua confiança no político, reconduzindo-o ao cargo na sexta-feira (10).
Macron nomeia novo governo na França em meio a crise política
Para esta segunda formação de seu gabinete, composto por 34 membros, Lecornu propôs ao presidente uma abordagem que mescla integrantes da sociedade civil com profissionais experientes e jovens parlamentares, visando fomentar o surgimento de novas lideranças e, assim, tentar estabilizar a turbulenta cena política. Esta estratégia sublinha a urgência de Macron em encontrar uma solução para a instabilidade que tem marcado seu mandato recente.
Entre as importantes novidades no novo governo estão a indicação do prefeito de polícia de Paris, Laurent Nuñez, para a pasta do Interior. Outra nomeação de destaque é a de Jean-Pierre Farandou, atual chefe da companhia nacional de trens SNCF, que assume a liderança do Ministério do Trabalho, marcando um claro movimento em direção a uma gestão mais técnica nas áreas-chave.
Laurent Nuñez sucede o conservador Bruno Retailleau, cujas críticas severas à formação do gabinete anterior foram um dos catalisadores para a renúncia de Lecornu e, consequentemente, para a deflagração da crise política vivenciada na semana passada. Essa mudança indica uma tentativa de Macron de aplacar as tensões e buscar maior alinhamento interno.
Outros ministros com perfil técnico que passam a integrar o executivo francês incluem Édouard Geffray, alto funcionário que assume a Educação Nacional, e Monique Barbut, presidente da renomada ONG ambientalista WWF, que foi nomeada para a pasta da Transição Ecológica. A presença de nomes como Barbut reforça a intenção de Macron de abordar temas ambientais com expertise.
No que diz respeito à continuidade política, Sébastien Lecornu optou por manter figuras cruciais do governo anterior. Permanecem nos seus cargos o chanceler Jean-Noël Barrot e o ministro da Economia, Roland Lescure. Além deles, líderes políticos de grande peso como Gérald Darmanin, que agora assume a Justiça, e Rachida Dati, na Cultura, também foram mantidos. A ministra Catherine Vautrin foi designada para a Defesa, consolidando um grupo de ministros com experiência governamental.
A grande incerteza que paira sobre este novo governo na França é se ele conseguirá obter a necessária maioria parlamentar e superar as ameaças de moções de censura, um obstáculo que já levou à queda de dois antecessores de Lecornu em menos de um ano: o conservador Michel Barnier e o centrista François Bayrou. A capacidade de articular apoio no Parlamento será crucial para a sobrevivência do gabinete.
A oposição já se manifesta. Marine Le Pen, líder da extrema direita, e seus aliados sinalizaram a intenção de apresentar uma moção de censura. O mesmo posicionamento foi adotado pela oposição de esquerda, com a ressalva de que os socialistas preferem aguardar o discurso de política geral de Sébastien Lecornu antes de definir sua posição final, buscando uma análise mais aprofundada das propostas.
A principal e mais imediata missão do gabinete de Lecornu será a rápida apresentação de um orçamento para 2026. Este orçamento precisa ser aprovado pela maioria da Assembleia Nacional, um passo fundamental para permitir o equilíbrio das contas públicas. A situação fiscal é delicada, com o nível de endividamento da França tendo atingido 115,6% do Produto Interno Bruto (PIB) em junho, conforme dados oficiais, demandando uma gestão financeira rigorosa.

Imagem: www1.folha.uol.com.br
A crise política na França se arrasta desde a decisão controversa do presidente Macron de dissolver a Assembleia Nacional e convocar eleições legislativas antecipadas em junho de 2024. Na ocasião, o presidente justificou a medida afirmando ser essencial que a vontade dos franceses fosse claramente expressa, especialmente após o desempenho insatisfatório de seu partido, o Renascimento, nas eleições para o Parlamento Europeu.
Contrariando as expectativas de estabilidade, o resultado das eleições legislativas antecipadas gerou ainda mais incerteza e fragmentação no cenário político. A esquerda conquistou 193 deputados, enquanto o centro e a direita obtiveram 166 assentos, e a ultradireita, 142. Nenhuma das forças políticas alcançou a maioria absoluta de 289 deputados, que é indispensável para aprovar leis sem depender de coalizões amplas e instáveis. Para mais detalhes sobre o cenário político europeu, você pode consultar o site de notícias internacionais do G1.
Macron, por sua vez, recusou-se a seguir a praxe democrática de indicar o nome proposto pelo bloco com mais cadeiras, a esquerda, para o cargo de premiê — a economista Lucie Castets. A pretexto de aguardar o término dos Jogos Olímpicos e Paraolímpicos de Paris, o presidente protelou a decisão por dois meses, optando por nomear Michel Barnier em um momento posterior.
O cenário de instabilidade continuou com a esquerda e a ultradireita unindo seus votos para derrubar Barnier, que permaneceu no poder por apenas três meses. Em seguida, Macron indicou um político centrista veterano, François Bayrou, que conseguiu se manter no cargo por nove meses antes de ser, ele próprio, deposto por um voto de censura no Legislativo. Essa sequência de eventos destaca a dificuldade de governar sem uma maioria sólida.
Após as quedas de seus antecessores, Macron recorreu a um antigo aliado e então ministro da Defesa, Sébastien Lecornu. Contudo, após três semanas de intensas negociações para formar um ministério, Lecornu surpreendeu ao renunciar, com apenas 27 dias no cargo, alegando falta de condições para governar. Sua posterior recondução e a nova formação do gabinete representam mais uma tentativa de Macron de navegar pela complexa e volátil política francesa, buscando finalmente estabelecer um governo que consiga operar com alguma estabilidade.
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A formação do novo governo de Emmanuel Macron, sob a liderança de Sébastien Lecornu, é um movimento estratégico crucial para a França. Com a inclusão de perfis técnicos e políticos experientes, o objetivo é superar a atual crise política e enfrentar desafios como a aprovação do orçamento de 2026. Acompanhe as próximas notícias em nossa editoria de Política para se manter atualizado sobre os desdobramentos na França e no cenário internacional.
Crédito da imagem: Thomas Samson/Pool via Reuters