Os FIC FIDCs representam uma inovadora classe de investimento no mercado financeiro, emergindo como uma alternativa promissora para a diversificação de carteiras de renda fixa. Esses veículos de investimento, cujo acrônimo significa Fundos de Investimento em Cotas de Fundos de Direitos Creditórios, investem predominantemente em Fundos de Direitos Creditórios (FIDCs). O atrativo principal reside no potencial de rentabilidade acima da média, mesmo dentro do cenário de renda fixa, tornando-os cada vez mais visados por diferentes perfis de investidores.
Fundos de Direitos Creditórios (FIDCs), por sua vez, são estruturas que adquirem dívidas de empresas com créditos a receber. Eles são meticulosamente montados a partir da compra de diversos tipos de recebíveis, tais como duplicatas, cheques e contratos. Para o universo corporativo, esse mecanismo funciona como uma estratégia eficaz de captação de recursos, especialmente em contextos de juros elevados, como quando a taxa Selic atinge patamares de 15%. Para o investidor individual, a grande vantagem é o acesso a um potencial de retorno mais expressivo dentro do segmento de renda fixa, combinando segurança e oportunidades de ganho.
FIC FIDCs: Renda Fixa com Retorno Superior e Acessível
A ascensão dos FIC FIDCs tem sido notável. Dados recentes da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima) revelam que, somente no período de janeiro a setembro deste ano, os FIDCs registraram uma captação líquida expressiva de R$ 63 milhões. Esse crescimento contínuo reflete a crescente confiança e o interesse do mercado nesses instrumentos de investimento, consolidando-os como uma opção relevante para quem busca otimizar a rentabilidade de seus ativos financeiros.
A análise da captação líquida dos Fundos de Direitos Creditórios (FIDCs), conforme dados fornecidos pela Anbima, demonstra a dinâmica do setor. No período de janeiro a setembro de 2025, o FIDC Fomento Mercantil alcançou R$ 3.667,10 milhões, enquanto o FIDC Financeiro registrou R$ 15.730,60 milhões. Já o FIDC Agro, Indústria e Comércio apresentou uma captação líquida negativa de R$ 20.516,60 milhões. O segmento de “FIDC Outros” liderou com R$ 64.128,60 milhões. No total, os FIDCs acumularam R$ 63.009,70 milhões em captação líquida nos nove primeiros meses do ano. Em uma perspectiva de 12 meses, os números foram: FIDC Fomento Mercantil com R$ 7.252,90 milhões, FIDC Financeiro com R$ 26.694,40 milhões, FIDC Agro, Indústria e Comércio com R$ 3.434,50 milhões (negativo), FIDC Outros com R$ 85.354,50 milhões, totalizando R$ 115.867,30 milhões para o universo dos FIDCs.
Potencial de Rentabilidade dos Fundos de Direitos Creditórios
Angelo Belitardo, diretor de gestão da Hike Capital, salienta que os FIC FIDCs se destacam por oferecerem uma rentabilidade que consistentemente supera a média de outras modalidades de renda fixa. “Eles batem praticamente todos os benchmarks, até IMAP B, IPCA + 8 e IPCA + 10. Eles dão uma rentabilidade de CDI + 2% ou até CDI + 3%. A grande questão é o efeito no longo prazo. O objetivo é ganhar retorno de pouquinho em pouquinho, rendendo juros sobre juros. Com isso, você cria um caminhão de dinheiro no futuro”, explica Belitardo, enfatizando a importância do acúmulo de retornos ao longo do tempo.
De acordo com o diretor, em termos de rentabilidade, os FIC FIDCs são superados apenas pelas debêntures incentivadas, o que os posiciona em um patamar de destaque no universo da renda fixa. Paulo Morais, diretor de DCM da GCB Investimentos, complementa essa visão: “Enquanto produtos como CDBs e títulos do Tesouro tendem a oferecer maior segurança e liquidez, o FIDC proporciona maior potencial de retorno, pois investe em operações de crédito originadas na economia real – como recebíveis comerciais, financeiros ou imobiliários”, afirma. Ele ainda ressalta que essa classe de ativos se apresenta como uma opção complementar vital na construção de carteiras de investimento, proporcionando um equilíbrio estratégico entre risco e retorno e permitindo ao investidor uma diversificação inteligente em seu portfólio de renda fixa.
Acessibilidade ao Investidor Varejista
Historicamente, os Fundos de Direitos Creditórios (FIDCs) eram instrumentos de investimento restritos a um seleto grupo de investidores institucionais. Grandes corporações do mercado financeiro, fundos de pensão, seguradoras, gestoras de patrimônio de grande porte e bancos eram os principais participantes. No entanto, o cenário mudou significativamente com o surgimento dos Fundos de Investimento em Cotas de Fundos de Direitos Creditórios (FIC FIDCs).
“Agora, o que aconteceu foi o surgimento dos FIC FIDC, que são fundos que investem em múltiplos FIDCs. Eles começaram a ser destinados ao investidor de varejo, permitindo que o investidor de varejo tenha exposição a esse mercado por meio desse veículo”, esclarece Angelo Belitardo, diretor de gestão da Hike Capital. Essa inovação democratizou o acesso a um segmento de alta rentabilidade que antes era exclusivo, ampliando as possibilidades para o pequeno e médio investidor. Para o perfil conservador, Belitardo recomenda uma alocação estratégica de 10% a 20% da carteira em FIC FIDC, ponderando a busca por maior retorno com a manutenção de um perfil de risco adequado.
Como Investir e Aspectos Operacionais dos FIC FIDCs
O investimento em FIC FIDCs é realizado por intermédio de uma gestora ou distribuidora de valores mobiliários devidamente registrada na Comissão de Valores Mobiliários (CVM). Essas instituições são responsáveis por conduzir uma análise criteriosa e estruturar os fundos de investimentos em FIDCs. A expertise profissional é essencial, uma vez que esses fundos antecipam milhares de recebíveis de forma simultânea, tornando a análise individual de cada operação praticamente inviável para um investidor sem o conhecimento técnico aprofundado.

Imagem: Markus Winkler via infomoney.com.br
Um dos atrativos apontados por Paulo Morais é a liquidez que, embora possa variar conforme o regulamento de cada fundo, frequentemente apresenta prazos de resgate de 30 dias. Durante esse período, o capital investido continua a render até ser creditado na conta do investidor. No entanto, é importante notar que outros prazos podem ser estendidos para 60, 90, 180 dias ou mais, dada a natureza intrinsecamente ilíquida dos ativos de crédito que compõem a carteira do fundo. Além disso, os investidores devem estar atentos aos custos operacionais típicos, como a taxa de administração, a taxa de gestão e a possível incidência de Imposto sobre Operações Financeiras (IOF).
Atrativos dos FIC FIDCs para o Investidor
A Hike Capital elaborou uma lista detalhada com os principais motivos que podem atrair investidores para os Fundos de Investimento em Cotas de Fundos de Direitos Creditórios (FIC FIDCs):
- Isenção de come-cotas: Esse benefício acelera o acúmulo do patrimônio. Ao contrário de outros fundos, a cobrança antecipada e semestral do Imposto de Renda (o come-cotas) não incide, sendo o imposto pago apenas no momento do resgate da cota, desde que o fundo mantenha mais de 67% do patrimônio líquido investido em direitos creditórios.
- Presença massiva de investidores institucionais: Fundos de pensão, seguradoras, gestoras e bancos compõem uma parcela significativa da base de investidores. Conforme Jonas Carvalho, CEO da Hike Capital, esta é a classe da renda fixa que mais cresce no Brasil, com mais de R$ 700 bilhões já investidos.
- Prazos curtos de resgate e sem taxas ocultas: A liquidez é uma característica marcante, com prazos de resgate comumente variando entre 30, 45, 60 e 90 dias, o que oferece flexibilidade ao investidor.
- Aumento contínuo do spread de retorno em relação ao CDI: Com uma oscilação próxima de zero nos FIC FIDCs, o investidor usufrui plenamente do benefício dos juros sobre juros. Esse efeito se traduz em um incremento constante do excesso de retorno do fundo em comparação ao Certificado de Depósito Interbancário (CDI) ano após ano.
- Retorno superior aos benchmarks: Em diversas janelas históricas, os FIC FIDCs de perfil conservador demonstram superar o retorno de benchmarks de alta performance, como o IMAB, IMAB e IDA, enquanto apresentam menor oscilação e maior liquidez.
- Elevada pulverização dos recebíveis: A diversificação em um grande número de recebíveis contribui para reduzir significativamente o impacto de uma eventual inadimplência no fundo, protegendo o capital do investidor.
- Ferramentas para controle da inadimplência: Fundos de Direitos Creditórios conservadores empregam mecanismos robustos para mitigar riscos, como elevados índices de subordinação, estruturas de garantias sólidas e seguro de crédito, entre outros.
- Custos operacionais não repassados ao investidor: As taxas de administração, performance e gestão, entre outras, são custeadas pelos executivos que detêm a subordinação do fundo. Isso significa que tais taxas não impactam diretamente a rentabilidade líquida do fundo para o investidor, uma distinção importante em relação a outras modalidades da indústria de fundos de investimento.
Cuidados e Análise para o Investidor
Para o investidor de varejo, a ausência de visibilidade integral sobre as carteiras de todos os Fundos de Direitos Creditórios (FIDCs) que compõem um FIC FIDC representa um ponto de atenção. Por essa razão, Paulo Morais alerta que é imperativo que o investidor busque ativamente informações antes de alocar seus recursos. Entre os documentos essenciais para análise estão a lâmina e o regulamento do fundo, além dos relatórios periódicos divulgados pela gestora. É igualmente fundamental verificar o registro da gestora na CVM e investigar seu histórico e reputação no mercado.
Angelo Belitardo enfatiza a importância de o investidor estar atento ao índice de subordinação, um indicador crucial que revela a capacidade do fundo de absorver eventuais perdas decorrentes de inadimplência sem comprometer o capital do investidor. Um nível considerado ótimo para esse índice é de 30%. Concomitantemente, a taxa de inadimplência máxima aceitável deve ser de 6%. Adicionalmente, diversas gestoras que operam com FIC FIDCs implementam mecanismos de proteção ao investidor, como a contratação de seguradoras de crédito ou até mesmo a participação societária em empresas, visando prevenir fraudes e salvaguardar os investimentos. Para aprofundar seu conhecimento sobre o mercado de fundos de direitos creditórios e seus panoramas, consulte dados atualizados na página de panorama da Anbima, uma fonte confiável para análises do setor financeiro.
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Os FIC FIDCs se consolidam como uma opção robusta e de alta rentabilidade dentro da renda fixa, acessível agora também ao investidor de varejo. Com seu potencial de superação de benchmarks e mecanismos de proteção, representam uma ferramenta valiosa para a diversificação e otimização de carteiras. Para continuar acompanhando as tendências e análises do mercado financeiro e de investimentos, explore nossa editoria de Economia e mantenha-se informado para tomar as melhores decisões financeiras.
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