O Brasil, em articulação estratégica, está avançando em negociações com a Índia, Itália e Japão para estabelecer uma ambiciosa iniciativa global que visa quadruplicar a produção e o consumo de combustíveis sustentáveis até o ano de 2035. Este movimento diplomático e ambiental de grande envergadura acontece no contexto da reunião preparatória para a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP30), conhecida como Pré-COP, que teve início em Brasília e se estende até esta terça-feira, 14 de novembro.
A Pré-COP, um evento crucial para alinhar as estratégias e objetivos dos países antes da conferência principal, serve como palco para discussões fundamentais sobre o futuro energético global e as metas de descarbonização. As tratativas em torno dos **combustíveis sustentáveis** ressaltam a urgência e a importância de transições energéticas robustas e coordenadas em escala planetária, com o Brasil assumindo um papel de liderança proativa nesse diálogo.
Brasil Lidera Aliança Global por Combustíveis Sustentáveis
A iniciativa, que ganhou o nome de “Compromisso de Belém pelos Combustíveis Sustentáveis”, ou simplesmente “Belém 4x”, é projetada para ser formalmente lançada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva durante o segundo dia da Cúpula de Líderes da COP30. Este evento de alto nível está agendado para os dias 6 e 7 de novembro de 2025, na cidade de Belém, no Pará, marcando um momento significativo para a diplomacia climática brasileira. A expectativa é que o texto final deste compromisso seja publicizado nos próximos dias, detalhando os termos e as metas acordadas entre as nações parceiras.
A base para a meta de quadruplicar a produção e o uso de **combustíveis sustentáveis** está solidificada em um relatório recente e abrangente da Agência Internacional de Energia (AIE). Divulgado nesta mesma terça-feira, 14 de novembro, o estudo intitulado “Delivering Sustainable Fuels – Pathways to 2035” fornece as diretrizes e os caminhos estratégicos para alcançar uma transição energética eficaz. A AIE, uma das mais respeitadas organizações no setor energético global, oferece subsídios técnicos e econômicos que embasam a viabilidade e a necessidade de tal expansão no uso de fontes energéticas de baixo carbono. Para aprofundar-se no contexto e nas recomendações que sustentam esta ambiciosa meta, é fundamental consultar o relatório da Agência Internacional de Energia.
O Compromisso Belém 4x e a Descarbonização Global
O Ministério das Relações Exteriores, por meio de nota oficial, esclareceu os objetivos abrangentes do Compromisso Belém 4x. Conforme o Itamaraty, a aliança tem como desígnio primordial “impulsionar em nível mundial a adoção de mais fontes energéticas limpas e sustentáveis”. Esta visão inclui uma gama diversificada de recursos, como o hidrogênio e seus derivados, biogases, uma variedade de biocombustíveis e os emergentes combustíveis sintéticos. O foco principal é que estas alternativas atuem como substitutos viáveis para os combustíveis de origem fóssil, contribuindo decisivamente para o esforço gradual de descarbonização dos sistemas energéticos globais e, consequentemente, para o combate efetivo à mudança do clima.
A relevância desses combustíveis limpos transcende a mera substituição. Eles representam uma peça chave na estratégia de mitigação das emissões de gases de efeito estufa, que são os principais responsáveis pelo aquecimento global. Ao investir em tecnologias e infraestruturas para hidrogênio verde, biometano, etanol avançado e outros **combustíveis sustentáveis**, os países envolvidos não apenas reduzem sua pegada de carbono, mas também promovem inovação tecnológica, geram novas cadeias de valor e fortalecem suas economias com base em princípios de sustentabilidade. O papel do Brasil, com sua vasta experiência em biocombustíveis como o etanol de cana-de-açúcar, é particularmente estratégico neste arranjo multilateral.
Natureza Política da Aliança e seu Impacto
João Marcos Paes Leme, diretor do Departamento de Energia do Itamaraty, detalhou a natureza do acordo. Ele classificou o documento como uma “manifestação de compromisso” desses países com a causa da descarbonização, enfatizando de forma categórica o papel crucial dos biocombustíveis. Contudo, Leme esclareceu que a aliança “Belém 4x” não integra o cronograma oficial de negociações da COP30, o que significa que seus termos e metas não serão incorporados ao documento final da Conferência. “A ideia é esse compromisso ser um documento adotado em nível político”, explicou o diretor.
Imagem: valor.globo.com
Esta distinção é vital para compreender o impacto e o alcance do “Compromisso de Belém”. Embora não seja um acordo vinculante no âmbito formal das Nações Unidas, sua dimensão política é inegável. A união de nações como Brasil, Índia, Itália e Japão – economias significativas e com diferentes perfis energéticos – para uma meta compartilhada em **combustíveis sustentáveis** envia um sinal forte à comunidade internacional sobre a seriedade e a viabilidade da transição energética. Tal engajamento político pode inspirar outras nações a adotarem metas similares e a investirem mais recursos no desenvolvimento e na expansão de alternativas energéticas limpas, acelerando a descarbonização global fora dos ritos protocolares da COP.
A ambição de quadruplicar o uso de **combustíveis sustentáveis** até 2035 impõe desafios significativos, mas também abre um leque de oportunidades para inovação, investimento e cooperação internacional. A necessidade de desenvolver cadeias de suprimento robustas, avançar em tecnologias de produção e distribuição, e garantir acesso equitativo a essas fontes energéticas será fundamental para o sucesso do Compromisso de Belém 4x. A liderança brasileira neste segmento, aliada ao engajamento de parceiros estratégicos, promete catalisar avanços importantes na luta contra a mudança climática.
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A articulação brasileira para formar uma aliança internacional com Índia, Itália e Japão para intensificar o uso de **combustíveis sustentáveis** até 2035 reflete um compromisso global em face das urgências climáticas. O “Compromisso de Belém pelos Combustíveis Sustentáveis” (Belém 4x), a ser lançado na COP30, é uma iniciativa política fundamental que visa acelerar a descarbonização baseada em relatórios da AIE. Para mais notícias e análises sobre política energética e questões ambientais, continue acompanhando nossa editoria de Política.
Crédito da imagem: Alex Ribeiro/Agência Pará
