A Elo, consolidada no setor de pagamentos, anuncia sua entrada oficial no mercado de créditos de carbono, uma iniciativa estratégica que visa fortalecer sua agenda ESG e diversificar suas fontes de receita. A operação se concretiza por meio da Elo Eco, uma plataforma inovadora que utiliza a tecnologia blockchain para tokenizar ativos gerados a partir de projetos de preservação florestal na Amazônia. Essa movimentação posiciona a empresa em um segmento crescente e de grande relevância ambiental e econômica, conectando diretamente compradores e vendedores de maneira transparente e segura.
A nova plataforma replica o modelo de arranjos de pagamento, uma área de expertise da Elo, para facilitar a negociação de créditos de carbono. Ela oferece um acompanhamento abrangente de cada ativo, desde a sua origem no projeto de preservação até a fase de comercialização. Este processo inclui rigorosas etapas de validação jurídica, compliance e governança, garantindo a integridade e a credibilidade das transações. A intenção é desmistificar e organizar um mercado que ainda busca maior fluidez e padronização.
Elo Inicia Operação no Mercado de Créditos de Carbono
O vice-presidente de tecnologia da Elo, Eduardo Merighi, esclarece que a essência da empresa sempre foi aproximar as partes envolvidas em transações. Ao analisar o cenário da compensação de créditos de carbono, a Elo identificou uma demanda latente por uma estrutura mais organizada para a compra e venda desses ativos. A abordagem da Elo Eco busca justamente suprir essa lacuna, oferecendo uma solução robusta para o ecossistema de carbono, com foco na eficiência e na segurança das operações. A solução é versátil, desenhada para atender tanto corporações com metas de compensação de emissões quanto instituições financeiras que desejam incorporar créditos de carbono em seus portfólios de investimento, embora a procura inicial venha principalmente do setor financeiro.
Parcerias Estratégicas e Qualidade dos Ativos
Para o lançamento desta fase inaugural, a Elo estabeleceu parcerias com desenvolvedores renomados como BR Carbon e Canopee. Estas empresas são responsáveis por projetos de preservação florestal certificados localizados na Amazônia, garantindo a origem e a qualidade dos créditos de carbono. A Elo também mantém negociações avançadas com outros potenciais parceiros, que estão atualmente em processo de homologação, visando expandir o portfólio de projetos e a oferta de créditos.
Cada crédito de carbono transacionado pela plataforma Elo Eco representa a remoção de uma tonelada de dióxido de carbono (CO2) da atmosfera ou a não emissão equivalente. A confiança nas transações é um pilar central da iniciativa, por isso os ativos são submetidos a um processo de diligência meticuloso. Esse processo envolve a avaliação de certificadoras independentes, o cumprimento de padrões de mercado reconhecidos globalmente e a aplicação de um sistema próprio de classificação, que confere maior confiabilidade e transparência às operações. Este sistema permite à Elo atribuir ratings aos créditos, similar ao que ocorre no mercado de investimentos tradicionais, fornecendo uma métrica clara de qualidade para os compradores.
Andréia El Haber Limão, superintendente de sustentabilidade da Elo, enfatiza que a premissa inicial foi selecionar projetos que já apresentassem alta qualidade desde a sua concepção. “A gente partiu de algumas premissas de projetos que já no nascedouro tivessem uma boa qualidade. A gente olhou as certificadoras – as de ponta – standards, ratings. Então a gente tem um filtro de aceite de projetos”, explica Limão, destacando o rigor na seleção dos ativos que compõem a plataforma.
Inovação com Blockchain e Projeções Ambiciosas
A operação com créditos de carbono marca a primeira comercialização efetiva da Elo utilizando a tecnologia blockchain. Embora seja uma novidade em termos de comercialização, a companhia já havia explorado o potencial dessa tecnologia em outras frentes. Exemplos incluem testes no piloto do Drex, a moeda digital do Banco Central do Brasil, e um projeto de pagamentos offline desenvolvido em parceria com a Caixa Econômica Federal. Essas experiências prévias com a tecnologia descentralizada pavimentaram o caminho para a implementação da Elo Eco.

Imagem: valor.globo.com
As projeções da Elo para este novo segmento são ambiciosas. A empresa estima viabilizar 150 projetos até o ano de 2030, o que resultaria na tokenização de aproximadamente 70 milhões de toneladas de CO2 anualmente. Com isso, a expectativa é movimentar mais de R$ 25 bilhões em créditos de carbono até o final da década. Essa estimativa inclui a expansão para mercados internacionais, impulsionada pela crescente demanda global por iniciativas de compensação de carbono. Eduardo Merighi ressalta o papel privilegiado do Brasil neste cenário: “A gente sabe que existe uma demanda global muito grande relacionada à compensação de carbono e que o Brasil, nesse sentido, se coloca realmente numa posição privilegiada no sentido de geração de créditos para serem compensados.” Para aprofundar-se no tema do mercado de carbono e seu potencial, vale consultar fontes como o Valor Econômico, que frequentemente publica análises detalhadas sobre o setor.
A longo prazo, a visão da Elo é expandir o uso da plataforma Elo Eco para a tokenização de uma gama mais ampla de ativos. Merighi aponta que a plataforma, em sua essência, é uma ferramenta para tokenizar diversos tipos de ativos, e a escolha de começar com créditos de carbono deveu-se à importância da sustentabilidade para a empresa. Contudo, o roadmap futuro, ainda sem datas definidas, prevê a inclusão de financiamentos, imóveis e outros tipos de investimentos no escopo da plataforma, reforçando a estratégia da Elo de se consolidar como uma empresa de tecnologia focada em meios de pagamento e valores agregados, e não apenas um arranjo de cartões, um movimento observado em outras grandes empresas do setor de tecnologia financeira.
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A entrada da Elo no mercado de créditos de carbono, com sua inovadora plataforma Elo Eco e o uso estratégico do blockchain, representa um passo significativo para a empresa no caminho da sustentabilidade e da diversificação. Esta iniciativa não apenas reforça o compromisso ESG da companhia, mas também a posiciona como um player relevante em um dos mercados mais promissores da economia verde. Para continuar acompanhando as últimas novidades sobre tecnologia, finanças e sustentabilidade, explore mais artigos em nossa editoria de Economia.
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