A expectativa sobre a libertação de reféns em Gaza intensifica-se, com o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, sinalizando que a soltura de todos os cativos na Faixa de Gaza poderá ser anunciada “nos próximos dias”. Este cenário emerge enquanto as negociações indiretas com o Hamas prosseguem nesta segunda-feira no Egito, centralizadas na proposta dos Estados Unidos para a resolução do conflito.
Netanyahu, em uma declaração realizada no sábado à noite, confirmou o envio de uma delegação israelense ao Egito. O objetivo dessa missão é finalizar os aspectos técnicos das discussões, com o intuito de que esses diálogos sejam concisos, estimando-se um prazo de poucos dias para sua conclusão.
O líder israelense, entretanto, reafirmou a posição de que Israel não realizará uma retirada total da Faixa de Gaza, uma exigência de longa data do Hamas. Manifestando otimismo, ele declarou: “Disseram-me que é bom demais para ser verdade. É verdade. E, com a ajuda de Deus, acontecerá muito em breve”.
Netanyahu: Reféns em Gaza Podem Ser Soltos nos Próximos Dias
As afirmações do primeiro-ministro sucederam a aceitação, por parte do Hamas, de alguns elementos do plano americano. O presidente Donald Trump, ao receber favoravelmente a manifestação do Hamas, advertiu no sábado sobre a urgência de ação rápida para não perder a oportunidade. Trump também emitiu uma ordem para que Israel interrompesse os bombardeios na região de Gaza.
Moradores da Cidade de Gaza relataram uma diminuição notável nos ataques israelenses durante o sábado. No entanto, autoridades hospitalares informaram que pelo menos 22 pessoas perderam a vida, entre elas mulheres e crianças, em decorrência de incidentes diversos. O Exército de Israel comunicou que seus comandantes foram instruídos a se preparar para a fase inicial do plano norte-americano. “Israel adotou uma postura exclusivamente defensiva em Gaza e não efetuará ataques”, disse um funcionário não autorizado a se pronunciar oficialmente à imprensa.
Apesar dessa declaração, um ataque israelense no bairro de Tuffah, na Cidade de Gaza, resultou na morte de ao menos 17 indivíduos e deixou outros 25 feridos, conforme informações de Fadel Naim, diretor do Hospital Al-Ahli. Naim enfatizou que “os ataques continuam”. O Exército de Israel, por sua vez, declarou ter visado um membro do Hamas e expressou pesar por quaisquer danos causados a civis não envolvidos. Mohamed Abu Selmiyah, diretor do Hospital Shifa, havia reportado mais cedo, no sábado, a morte de cinco palestinos em diferentes localidades da Cidade de Gaza devido a ataques israelenses.
A Proximidade do Aniversário da Guerra e o Plano Americano
O presidente Trump parece empenhado em concretizar as promessas de pôr fim à guerra e assegurar o retorno de todos os reféns antes que, na terça-feira, seja completado o segundo aniversário do conflito que a desencadeou. Sua proposta, divulgada no início da semana, conquistou amplo apoio internacional. Organizações globais têm acompanhado de perto os desdobramentos na região.
Na sexta-feira, o gabinete de Netanyahu indicou o compromisso de Israel com o término da atual guerra, que teve início com o ataque do Hamas a Israel em 7 de outubro de 2023. As negociações indiretas desta segunda-feira têm como meta preparar o terreno para a libertação de reféns detidos em Gaza e de palestinos encarcerados em Israel, conforme revelou o mediador Egito.
Um alto funcionário egípcio informou que Steve Witkoff, enviado americano, viajará ao Egito para liderar a equipe de negociação dos EUA. As conversas abordarão igualmente os mapas que delineiam a esperada retirada das forças israelenses de certas áreas em Gaza, segundo a fonte, que optou pelo anonimato. O funcionário acrescentou que mediadores árabes estão articulando um amplo diálogo entre os palestinos para unificar sua posição acerca do futuro de Gaza. A Jihad Islâmica Palestina, o segundo maior grupo insurgente de Gaza, manifestou aceitação à resposta do Hamas ao plano de Trump, revertendo uma rejeição anterior.
Avanços nas Negociações e Pontos de Incerteza
De acordo com os termos do plano proposto, o Hamas deveria libertar os 48 reféns restantes – dos quais se estima que aproximadamente 20 ainda estejam vivos – em um prazo de três dias. Adicionalmente, o grupo entregaria o poder e se desarmaria. Em contrapartida, Israel cessaria sua ofensiva, retiraria suas tropas de grande parte do território, libertaria centenas de prisioneiros palestinos e permitiria a entrada de ajuda humanitária, além da eventual reconstrução da região.

Imagem: Abir Sultan via valor.globo.com
O Hamas declarou-se disposto a liberar os reféns e transferir o poder a outras facções palestinas. No entanto, ressaltou que outras questões contempladas na proposta americana requerem mais consultas internas entre os próprios palestinos. Em sua comunicação oficial, o grupo não fez menção à desmilitarização, um aspecto crucial do acordo.
Amir Avivi, general israelense reformado e presidente do Fórum de Defesa e Segurança de Israel, comentou que Israel poderia suspender os ataques em Gaza por alguns dias para a libertação dos reféns. Contudo, ele enfatizou que a ofensiva seria retomada caso o Hamas não depusesse suas armas. Por outro lado, há quem argumente que, embora o Hamas demonstre disposição para negociar, sua postura central permanece inalterada. “Essa retórica do sim, mas apenas reformula antigas exigências com uma linguagem mais branda”, avaliou Oded Ailam, pesquisador do Centro de Jerusalém para Segurança e Assuntos Exteriores.
Mesmo diante do progresso do plano, Bezalel Smotrich e Itamar Ben-Gvir, influentes membros do bloco de direita da coalizão de Netanyahu, expressaram críticas, mas não chegaram a ameaçar a dissolução do governo de imediato. Em Tel Aviv, durante a manifestação semanal sobre a guerra, alguns oradores manifestaram uma esperança cautelosa, um sentimento pouco comum nos últimos meses. Um grupo representando famílias de reféns afirmou que a possibilidade de rever seus entes queridos nunca esteve tão próxima. Eles apelaram para que Trump mantenha sua pressão e alertaram para a possibilidade de extremistas de ambos os lados tentarem sabotar o plano. Simultaneamente, protestos eclodiram por toda a Europa, clamando pelo fim do conflito.
Impacto do Plano na População Palestina em Gaza
A população palestina em Gaza tenta compreender as implicações práticas do plano. “Queremos uma aplicação concreta. Queremos uma trégua no terreno”, disse Sameer Qudeeh, de Khan Younis, expressando o temor de que as negociações possam fracassar, como já aconteceu anteriormente. Mohammad Shaat, também em Khan Younis, afirmou: “Espero que o Hamas termine a guerra, porque estamos realmente cansados”, enquanto palestinos ansiosos observavam as ruas destruídas.
No sábado, o Exército de Israel alertou os palestinos para não tentarem retornar à Cidade de Gaza, classificando-a como uma zona de combate perigosa. Dois moradores relataram que, desde a manhã, tanques e tropas israelenses não haviam avançado, mas tiros de artilharia e ataques aéreos ainda eram ouvidos. “Podemos ver os drones por toda parte”, observou Mohamed al-Nashar. No sul de Gaza, a Sociedade do Crescente Vermelho Palestino informou que seu hospital de campanha Saraya recebeu 10 corpos e mais de 70 feridos após ataques israelenses na tarde de sábado.
O Ministério da Saúde de Gaza reportou que o número de mortos na guerra superou a marca de 67.000. Este número foi atualizado após o ministério adicionar mais de 700 nomes à lista de vítimas cujos dados foram verificados. O ministério não detalha a proporção entre civis e combatentes, mas afirma que metade das vítimas são mulheres e crianças. O departamento é parte do governo liderado pelo Hamas, e suas estatísticas são consideradas pela ONU e por diversos especialistas independentes como a estimativa mais confiável das baixas do conflito.
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Em resumo, a possível libertação de reféns em Gaza representa um ponto crucial nas negociações para o fim da guerra, embora incertezas persistam sobre a plena implementação do plano. Acompanhe nossa editoria de Política para ficar por dentro dos desdobramentos deste e outros temas relevantes no cenário internacional.
Crédito: Assessoria de Imprensa