TÍTULO: Ativistas Brasileiros nos EUA Refutam Versão de Bolsonaro
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META DESCRIÇÃO: Ativistas brasileiros viajaram aos EUA para refutar narrativas de Eduardo Bolsonaro, defendendo a democracia e os direitos humanos. Entenda a missão e seus impactos.
Uma missão de dez dias nos Estados Unidos permitiu que um grupo de ativistas brasileiros nos EUA contra-argumentasse as articulações políticas do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) em território americano. Durante o período, os representantes da sociedade civil defenderam a integridade democrática do Brasil e trocaram conhecimentos sobre pautas cruciais, como os direitos humanos. A iniciativa foi orquestrada pelo Washington Brazil Office (WBO), uma instituição de *think tank* que agrega organizações sociais e acadêmicas, posicionando-se como um fórum apartidário e independente.
O objetivo oficial da empreitada era fornecer ao país, então governado por Donald Trump, um panorama fidedigno do Brasil, sob a ótica da sociedade civil. Na prática, conforme relatos de pessoas envolvidas nas tratativas, a delegação conseguiu
desconstruir as versões que o parlamentar Eduardo Bolsonaro tem difundido sobre a realidade brasileira em solo estrangeiro.
Ativistas Brasileiros nos EUA Refutam Versão de Bolsonaro
A agenda intensiva de compromissos abrangeu cidades como Nova York e Washington, D.C., e contou com a adesão de dezenove entidades distintas. Entre as organizações que participaram ativamente estavam a Ação da Cidadania, a Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib), a Associação Brasileira de Gays, Lésbicas e Transexuais (ABGLT) e o Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), evidenciando a diversidade dos setores representados.
Paulo Abrão, diretor-executivo do WBO, enfatizou que a comitiva teve como meta apresentar informações confiáveis a interlocutores americanos que, de outra forma, teriam acesso exclusivo a narrativas da família Bolsonaro ou de delegações anteriores formadas por empresários e membros do governo brasileiro. O cronograma elaborado para disseminar dados verificáveis e verídicos incluiu reuniões com centros de pesquisa independentes, uma central sindical, legisladores (deputados e senadores de diferentes partidos), a Organização dos Estados Americanos (OEA) e o Departamento de Estado, além de representantes da sociedade civil.
Com a finalização da missão, a expectativa agora se volta para o possível avanço de algumas proposições. Abrão mencionou que parlamentares do Congresso norte-americano indicaram interesse em monitorar o desenvolvimento de processos em cortes americanas relativos à legitimidade da aplicação da Lei Magnitsky sobre cidadãos brasileiros, como o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). Adicionalmente, sinalizaram intenção de influenciar em ações judiciais que questionam a fundamentação técnica para a imposição de tarifas de importação.
A socióloga Gisele Agnelli, porta-voz da Rede pela Soberania – uma coalizão estabelecida em resposta às iniciativas da administração Trump –, esteve presente na missão. Ela relatou ter transmitido a profunda indignação da sociedade civil brasileira frente aos ataques americanos direcionados ao Brasil. Agnelli destacou, em particular, o encontro com o deputado democrata James McGovern, um dos principais autores da Lei Magnitsky.
Durante o encontro, a ativista explicou que o grupo agradeceu pela carta que McGovern enviou ao governo Trump, que repudiava o uso distorcido da lei. Contudo, também alertaram que o impacto poderia ser mais amplo. Agnelli complementou que um dos objetivos foi desarticular a contranarrativa bolsonarista. Apesar disso, Paulo Abrão evitou ligar diretamente a viagem da delegação ao *lobby* exercido por Eduardo Bolsonaro.

Imagem: valor.globo.com
É importante recordar que, sob a justificativa de que o Brasil estaria enfrentando uma “ditadura do Judiciário”, o filho do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e seus aliados nos EUA influenciaram a implementação de altas tarifas e sanções contra membros do STF e do governo federal. Abrão salientou que a comitiva se concentrou em abordar temas específicos, e não indivíduos, embora reconheça que os assuntos se entrelaçam. “É inevitável, entretanto, que tudo se cruze, pois esses temas estão sendo levado aos EUA por setores extremistas com perspectivas opostas”, afirmou o diretor.
Para o WBO, é fundamental que a comunidade internacional esteja bem informada sobre os acontecimentos no Brasil, recebendo perspectivas mais independentes e desvinculadas de interesses econômicos ou partidários. Os participantes brasileiros da missão perceberam um grande interesse dos interlocutores quanto à democracia e ao processo eleitoral do país, bem como sobre o julgamento que culminou na condenação de Bolsonaro por tentativa de golpe de Estado. Abrão detalhou que foram muitas as indagações sobre o devido processo legal no STF e a liberdade de expressão, pontos frequentemente distorcidos pela desinformação propagada pela extrema-direita. Em 2022, durante as eleições, o WBO também desempenhou um papel crucial nas articulações nos EUA em defesa da democracia, contribuindo significativamente para o rápido reconhecimento do resultado presidencial. Eduardo Bolsonaro foi procurado para comentar a reportagem, mas não houve resposta.
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Esta missão sublinha a relevância da diplomacia da sociedade civil em um cenário global complexo, garantindo que versões plurais e baseadas em fatos cheguem aos centros de decisão internacionais. Para se manter atualizado sobre os desdobramentos na política brasileira e as relações internacionais, continue acompanhando a editoria de Política em nosso portal.
Crédito da imagem: Divulgação/arquivo pessoal