O aprofundamento das **negociações Brasil EUA** tem como pauta principal as exigências apresentadas pelo governo de Donald Trump aos brasileiros, buscando acesso a minerais estratégicos e a remoção de barreiras comerciais. Em contrapartida, o Brasil almeja a suspensão de tarifas sobre suas exportações e o fim das sanções impostas pela Casa Branca contra cidadãos brasileiros, demonstrando disposição para atender às solicitações de Washington.
A expectativa de um diálogo mais aprofundado entre as duas nações se intensificou após o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, declarar na última segunda-feira sua prontidão para expandir os laços comerciais com o Brasil. Tal posicionamento reforçou as impressões de interlocutores do governo brasileiro que acompanharam a conversa telefônica entre os líderes no mesmo dia.
Em suas próprias palavras, Trump afirmou: “Eu me encontrei com o presidente Lula, gostei dele e tivemos uma ótima conversa. Sim, vamos começar a fazer negócios”. Embora não tenha detalhado os termos específicos do diálogo, sua fala sinaliza um cenário propício para o avanço das discussões.
Negociações Brasil EUA: Trump Pressiona por Minerais e Comércio
A ligação telefônica entre Donald Trump e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, realizada na manhã de segunda-feira, serve como um prelúdio para um possível encontro presencial. A previsão é que ambos os chefes de Estado se reúnam à margem da Cúpula da Associação de Nações do Sudeste Asiático (ASEAN), marcada para o final deste mês, na Malásia, um palco potencial para solidificar os termos iniciais dessas conversações.
Principais Demandas Americanas e o Interesse em Minerais Críticos
Para que as exportações brasileiras sejam isentas da sobretaxa de 50% imposta pelos EUA, Washington busca prioritariamente acesso aos minerais considerados críticos e estratégicos do Brasil. A lista inclui elementos como lítio, cobre, silício, grafita e terras-raras, que são de grande interesse para potências econômicas globais, como os Estados Unidos e a China. Essas nações almejam fortalecer suas cadeias de suprimento, essenciais para setores vitais como energia renovável, mobilidade elétrica, defesa e alta tecnologia.
O governo Lula, por sua vez, aceita negociar o acesso a esses recursos naturais, mas condiciona a liberação a contrapartidas significativas. Entre as exigências brasileiras estão investimentos diretos no país e a transferência de tecnologia, visando ao desenvolvimento local e ao beneficiamento desses materiais dentro do território nacional.
Outras Pautas Comerciais em Destaque
Além dos minerais, os Estados Unidos têm manifestado interesse em outras áreas comerciais. Um ponto central é a regulação das grandes plataformas digitais americanas que operam no Brasil. Washington também indica o desejo de que o Brasil reduza a tarifa de importação de etanol, atualmente fixada em 18%.
A pauta inclui ainda reclamações sobre a cobrança de 19,5% de Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para bebidas alcoólicas, como o uísque americano, em comparação com os 16,25% aplicados à cachaça brasileira. A burocracia para a entrada de vinhos americanos no mercado nacional também é um tópico de insatisfação. A busca por minerais críticos, por exemplo, é parte de uma estratégia global dos Estados Unidos para fortalecer suas cadeias de suprimento e garantir a segurança nacional, como detalhado por órgãos como o Escritório do Representante de Comércio dos EUA.
Na área cultural, os EUA consideram excessiva a tributação sobre produções cinematográficas estrangeiras exibidas no Brasil e pleiteiam mais espaço na televisão. Este tema, embora passível de discussão, é visto com cautela pelo governo brasileiro, que sinaliza a possibilidade de aumentar os tributos se um acordo satisfatório não for alcançado com as autoridades americanas.

Imagem: infomoney.com.br
Barreiras e Regulamentações Alvo de Críticas Americanas
O acesso a compras governamentais e ao mercado de produtos usados, como pneus e equipamentos médicos, também deve integrar as **negociações Brasil EUA**. Produtores americanos de calçados e roupas, por sua vez, manifestam queixas sobre a falta de transparência nas regulamentações brasileiras que afetam seus setores.
O governo Trump critica ainda os requisitos da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) para a importação de produtos de telecomunicações. Outros temas sensíveis que podem ser abordados na mesa de negociações incluem satélites, proteção de dados e o registro de patentes de medicamentos, processo que os Estados Unidos consideram excessivamente demorado no Brasil.
Interesses Brasileiros e Pautas Adicionais
Para o governo brasileiro, a principal motivação é livrar suas exportações do “tarifaço” imposto por Donald Trump e suspender as sanções aplicadas contra cidadãos do Brasil pela Casa Branca. Auxiliares do presidente Lula asseguram que nenhuma decisão será tomada sem que o setor privado brasileiro seja devidamente consultado. Todas as deliberações serão amplamente discutidas com as empresas nacionais, garantindo que os interesses do país sejam resguardados.
Adicionalmente, os Estados Unidos, com base na Seção 301 da Lei de Comércio americana, investigam supostas práticas comerciais brasileiras que poderiam prejudicar empresas norte-americanas. Entre os itens sob análise estão desmatamento, corrupção e propriedade intelectual. Curiosamente, até o sistema de pagamentos Pix e os produtos vendidos na Rua 25 de Março, em São Paulo, foram mencionados por Washington como pautas de interesse. No caso do Pix, o governo brasileiro deve defender a plataforma, argumentando que o instrumento financeiro não prejudica as empresas de cartões de crédito americanas.
Perspectivas Diplomáticas e Próximos Passos
Diplomatas familiarizados com o tema destacam dois pontos positivos nessas interações: a restrição da conversa telefônica entre Trump e Lula a temas estritamente econômicos e comerciais, e a escolha do secretário de Estado americano, Marco Rubio, como interlocutor principal para chefiar as negociações com o Brasil. Notavelmente, Donald Trump e Lula não fizeram menção ao ex-presidente Jair Bolsonaro, condenado a 27 anos pelo Supremo Tribunal Federal (STF), o que representa uma mudança, já que anteriormente o americano condicionava negociações à suspensão do processo contra Bolsonaro por tentativa de golpe de Estado. No entanto, sanções contra cidadãos brasileiros, incluindo o ministro do STF Alexandre de Moraes, continuam a ser uma preocupação, tendo sido adotadas pela Casa Branca.
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Em suma, as atuais discussões entre Brasil e Estados Unidos representam um momento crucial para as relações bilaterais, com ambos os países buscando atender a interesses estratégicos. A complexidade das pautas em **negociações Brasil EUA**, que vão do acesso a recursos naturais à revisão de políticas comerciais, exigirá diplomacia e alinhamento contínuo entre os setores públicos e privados. Para mais análises sobre economia e política internacional, continue acompanhando nossa editoria de Economia.
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