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Bolívia: Candidatos Encerram Campanha do 2º Turno Presidencial

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O segundo turno das eleições presidenciais na Bolívia se aproxima da sua reta final, com os postulantes Rodrigo Paz Pereira e Jorge Tuto Quiroga encerrando oficialmente suas campanhas. A votação decisiva está marcada para o próximo dia 19 de outubro, um domingo, e definirá o futuro líder do país após um pleito inédito sob a Constituição de 2009.

A fase final da disputa eleitoral foi marcada por intensas atividades dos dois candidatos, que realizaram seus últimos comícios e aparições na televisão nesta quarta-feira, 15 de outubro. Este dia marcou o fim do período autorizado para a divulgação de propagandas e eventos públicos, conforme o calendário eleitoral boliviano.

Os eleitores bolivianos se preparam para decidir entre duas candidaturas que representam a direita, um cenário sem precedentes nas últimas duas décadas, dominadas pelas vitórias da esquerda com a ascensão de Evo Morales ao poder. O embate entre Paz e Quiroga culmina em um segundo turno histórico.

Bolívia: Candidatos Encerram Campanha do 2º Turno Presidencial

Rodrigo Paz, representante do Partido Democrata Cristão (PDC), dedicou a última semana de sua campanha a intensificar as críticas ao modelo governamental vigente, associado ao Movimento ao Socialismo (MAS). Suas propostas econômicas focaram na promessa de um “capitalismo para todos”, visando a concessão de crédito mais acessível para a população e uma significativa redução na carga tributária. Além disso, Paz sublinhou a urgência de combater a corrupção interna antes de buscar qualquer tipo de auxílio financeiro ou externo.

O candidato do PDC organizou um grande comício na segunda-feira, 13 de outubro, na cidade de Cochabamba, um dos importantes centros urbanos da Bolívia. Para o encerramento oficial de sua campanha nesta quarta-feira, ele escolheu viajar para Tarija, seu departamento natal, localizado na região sul do país, onde sua coalizão realizou o último evento público.

Em meio à campanha, Paz não poupou críticas à atual gestão, comandada por Luis Arce, mencionando a crise de desabastecimento de combustíveis e o aumento da inflação que marcam o final do mandato governamental. “Quero ordenar ao presidente que libere os combustíveis que estão guardando para prejudicar a população”, declarou Paz, sinalizando sua intenção de negociar diretamente com as distribuidoras para solucionar a questão da escassez, caso seja eleito.

Por outro lado, Jorge Tuto Quiroga Ramirez, junto a seu companheiro de chapa, o vice Juan Pablo Velasco, promoveu um grandioso evento em Santa Cruz na terça-feira, 14 de outubro. A coalizão Aliança Livre, que apoia Quiroga, finalizou sua jornada eleitoral no dia seguinte, em La Paz, a capital administrativa da Bolívia.

Durante sua campanha de segundo turno, Quiroga constantemente destacou a relevância de investimentos em tecnologia e na modernização do aparato estatal. Suas promessas econômicas incluíram a atração de dólares para fortalecer a economia nacional e a busca por apoio de organizações financeiras internacionais, como o Fundo Monetário Internacional (FMI), para superar desafios econômicos, incluindo a escassez de divisas estrangeiras e a inflação.

Com um tom provocativo, Quiroga também fez alusão à altitude boliviana. “O altiplano da Bolívia é o melhor lugar do mundo para a tecnologia. As seleções de Brasil e Argentina sofrem e perdem aqui no estádio de Al Alto, se queixam da altitude. Que sigam chorando, vamos seguir ganhando até o Mundial”, afirmou, em um claro jogo de palavras que mescla política e paixão nacional por esportes, buscando a identificação do eleitorado. Ele também questionou a juventude de seu oponente, afirmando que, apesar da idade, “estão há 20 dando voltas por aí”, em referência à experiência política de Paz.

Bolívia: Candidatos Encerram Campanha do 2º Turno Presidencial - Imagem do artigo original

Imagem: www1.folha.uol.com.br

O fato de as eleições de 17 de agosto não terem definido um vencedor levou os bolivianos a um segundo turno sem precedentes desde a promulgação da atual Constituição, em 2009. Este cenário é particularmente notável por apresentar dois candidatos de direita, após duas décadas de predominância da esquerda, iniciada com a chegada de Evo Morales ao poder.

Os institutos de pesquisa na Bolívia enfrentam consideráveis obstáculos para mensurar com precisão as intenções de voto, especialmente nas vastas regiões amazônicas e andinas do país. Um exemplo dessa dificuldade foi observado nas pesquisas de agosto, que não indicavam a presença de Paz no segundo turno, colocando-o, no máximo, em terceiro lugar. Contudo, o resultado da primeira votação o surpreendeu, posicionando-o na liderança.

Um levantamento mais recente, divulgado no domingo, 12 de outubro, pela Ipsos-Ciesmori em colaboração com a Unitel, trouxe novos dados. A pesquisa, realizada entre 6 e 9 de outubro, ouviu 2.500 pessoas e indicou Jorge Quiroga na liderança da corrida presidencial, com 44,9% das preferências. Rodrigo Paz apareceu em segundo lugar, com 36,5%. Os indecisos somavam 9,3%, enquanto 5,6% declararam voto nulo e 3,7% optaram pelo voto em branco. A pesquisa apresentou um nível de confiança de 95% e uma margem de erro de 2,2 pontos percentuais, para mais ou para menos.

Caso os resultados da pesquisa se confirmem, Quiroga retornaria ao comando do país, um posto que já ocupou entre 2001 e 2002. Naquela ocasião, ele completou o mandato de Hugo Banzer, de quem era vice-presidente, assumindo após a renúncia de Banzer por questões de saúde.

O senador Paz, que também possui experiência como prefeito da cidade de Tarija, demonstrou ceticismo quanto à eficácia dos levantamentos eleitorais. Ele expressou confiança de que superará as projeções e sairá vitorioso nas urnas. “No dia 17 iniciamos um caminho para não voltar ao passado”, declarou Paz em um evento anterior, em uma clara alusão tanto ao Movimento ao Socialismo (MAS) quanto ao seu adversário direto no segundo turno.

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Com o encerramento das campanhas, a Bolívia se prepara para uma eleição presidencial crucial neste domingo, 19 de outubro, que pode redefinir o panorama político do país após um longo período de governos de esquerda. Acompanhe todas as atualizações e análises sobre política em nossa editoria para se manter informado sobre os desdobramentos na Bolívia e em toda a América Latina.

Crédito da imagem: Martin Bernetti/AFP

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