Em um movimento estratégico durante a Pré-COP, realizada em Brasília, o Brasil apresentou uma robusta proposta de resposta global a incêndios florestais. Este evento, que serve como preparação para a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30), reuniu representantes de 67 nações, que agora consideram a iniciativa brasileira para combater a devastação de florestas e outros ecossistemas globalmente.
A urgência da situação foi sublinhada pelo secretário extraordinário de Controle do Desmatamento e Ordenamento Ambiental Territorial do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA), André Lima. Ele revelou que, apenas em 2024, o Brasil enfrentou a perda de 35 milhões de hectares de áreas como florestas, campos, cerrado e pastagens devido a incêndios. A Amazônia, em particular, sofreu um impacto severo, com 6 milhões de hectares de vegetação nativa consumidos – uma área que supera países como a Bélgica ou a Suíça em extensão.
Brasil propõe resposta global a incêndios florestais na Pré-COP
Diante desse cenário alarmante, o secretário André Lima enfatizou a necessidade de ir além das abordagens existentes, propondo um código de conduta “forte e eficaz” para garantir que os incêndios florestais sejam finalmente tratados como uma prioridade global no contexto climático. Esta abordagem inovadora será oficialmente lançada durante a COP30, que ocorrerá em Belém, no Pará.
Um aspecto fundamental da proposta brasileira é o reconhecimento e a valorização dos conhecimentos tradicionais de povos indígenas e comunidades locais. Tais saberes serão integrados em todas as fases das iniciativas de manejo do fogo, abrangendo prevenção, preparação, resposta, recuperação e o uso ecológico do fogo, buscando uma sinergia entre ciência e tradição para soluções mais eficazes.
O objetivo central da iniciativa é mobilizar países para a implementação de ações coordenadas de manejo do fogo, especialmente aquelas resultantes dos intensificados impactos das mudanças climáticas, como secas prolongadas e elevação das temperaturas. A proposta foi veiculada como um convite direto aos países, para que se tornem signatários e comprometam-se com a agenda de combate aos incêndios.
Impacto Climático e a Urgência da Cooperação Global
O embaixador Maurício Lyrio, secretário de Clima, Energia e Meio Ambiente do Ministério das Relações Exteriores (MRE), reforçou a visão de que os desafios impostos pelo aquecimento global são intrinsecamente globais e, portanto, exigem uma resposta à altura. “Nenhuma nação pode enfrentá-los sozinha”, afirmou Lyrio, ao apresentar a proposta brasileira como um “chamado à ação sobre gestão integrada do fogo e resiliência a incêndios florestais”.
Imagem: agenciabrasil.ebc.com.br
O presidente da COP29, Mukhtar Babayev, que também esteve presente na sessão, manifestou seu apoio irrestrito à iniciativa brasileira. Ele ressaltou a importância estratégica da escolha da Amazônia como sede da próxima rodada de negociações climáticas. “Sediar a COP30 na Amazônia oferece uma plataforma poderosa para avançar na resiliência a incêndios florestais, e temos satisfação em apoiar essa importante iniciativa. Infelizmente, os incêndios estão se tornando cada vez mais frequentes, severos e imprevisíveis”, concluiu Babayev, destacando a relevância da proposta brasileira no cenário internacional.
Desafios e o Futuro do Manejo de Incêndios
A crescente frequência e intensidade dos incêndios florestais, impulsionadas pelas alterações climáticas, conferem à proposta do Brasil um caráter de extrema urgência. A iniciativa busca não apenas reagir aos desastres, mas também fortalecer a capacidade global de prevenção e adaptação, reconhecendo que a gestão do fogo é um pilar fundamental para a saúde dos ecossistemas e a segurança das populações. A urgência de um plano coordenado é amplificada por dados recentes da Organização das Nações Unidas (ONU), que apontam para um aumento na frequência e intensidade de eventos climáticos extremos, incluindo incêndios florestais em diversas regiões do planeta. Para saber mais sobre os esforços globais de enfrentamento a eventos climáticos extremos, clique aqui e confira um artigo da ONU sobre o tema.
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A proposta brasileira na Pré-COP representa um passo crucial para mobilizar a comunidade internacional na luta contra os incêndios florestais, um dos efeitos mais devastadores das mudanças climáticas. Com foco na cooperação e no aproveitamento do conhecimento local, o Brasil busca liderar um esforço global para proteger nossos ecossistemas. Para aprofundar a compreensão sobre os desafios ambientais e as políticas públicas em desenvolvimento, clique aqui e explore nossa editoria de Meio Ambiente e mantenha-se informado sobre as iniciativas de sustentabilidade.
Crédito da imagem: Mayandi Inzaulgarat/ICMBio
