Brasileiros capturados em Israel iniciaram uma greve de fome, em um ato de protesto contra sua detenção. Os três ativistas faziam parte de uma flotilha que tentava entregar ajuda humanitária à Faixa de Gaza e foram interceptados por forças israelenses em águas internacionais. A iniciativa da greve visa denunciar as condições de cativeiro e a situação humanitária crítica na região palestina.
A interceptação da flotilha ocorreu na transição da noite de quarta para quinta-feira. Dezenas de indivíduos que compunham as tripulações das embarcações foram detidos e transferidos para uma unidade prisional em Israel, gerando preocupação internacional e entre os familiares dos envolvidos. A ação impediu a chegada dos suprimentos essenciais a uma população já devastada por conflitos e privações.
Brasileiros Capturados em Israel Iniciam Greve de Fome
Um comunicado divulgado no sábado pelos organizadores da missão confirmou que “alguns integrantes da delegação brasileira declararam à embaixada e aos advogados que estão em greve de fome”. Os nomes confirmados até o momento são Thiago Ávila, João Aguiar e Bruno Gilga. No total, 14 cidadãos brasileiros faziam parte desta empreitada, que tinha como objetivo primordial levar suporte e assistência aos palestinos em Gaza, enfrentando bloqueios e restrições severas.
A Greve de Fome como Protesto Não Violento
A decisão de iniciar a greve de fome é apresentada pelos organizadores como uma “forma de protesto não violento, historicamente utilizada por pessoas que, privadas de voz ou poder, recorrem ao próprio corpo como instrumento de resistência”. Eles enfatizam que os ativistas, ao serem detidos em águas internacionais pelo governo israelense e encarcerados ilegalmente em uma prisão isolada no deserto, encontraram neste método a única via para se manifestarem e para que suas vozes pudessem ser ouvidas.
A ação simbólica dos ativistas brasileiros capturados em Israel também serve como um “instrumento político de denúncia da fome que assola Gaza, sendo diariamente utilizada como arma de guerra”. A organização ressalta que essa tática força o deslocamento da população palestina para os Centros de Distribuição de Comida, que são operados conjuntamente por Israel e pelos Estados Unidos. Tais centros, conforme alerta da Organização das Nações Unidas, têm sido descritos como “armadilhas-mortais”, atraindo uma população faminta para áreas onde, supostamente, são alvejadas por militares israelenses.
Denúncias de Irregularidades e Violações de Direitos Humanos
A situação dos detidos se agravou com as denúncias de irregularidades durante os processos legais. Advogados tiveram a oportunidade de se reunir com cerca de 80 participantes da flotilha em audiências perante o tribunal encarregado de revisar as ordens de prisão. No entanto, o grupo denunciou que aproximadamente 200 audiências foram conduzidas na noite de quinta-feira e continuaram até a manhã de sexta, sem que houvesse aviso prévio aos advogados e, crucialmente, sem a presença de defensores legais para os participantes da flotilha.
A organização da flotilha classificou essa conduta como um “padrão recorrente de desrespeito sistemático às garantias legais e aos direitos humanos básicos por parte das autoridades israelenses”. Eles argumentam que a “realização de centenas de audiências judiciais sem aviso prévio e sem a presença de defesa legal compromete gravemente o direito a um julgamento justo, previsto em convenções internacionais”. Tal cenário levanta sérias questões sobre a conformidade das ações israelenses com o direito internacional e as normas de direitos humanos, fundamentais para qualquer sistema judicial legítimo. Para aprofundar a compreensão sobre o direito humanitário internacional, um recurso valioso pode ser encontrado no site do Comitê Internacional da Cruz Vermelha.
Maus-Tratos e Condições Precárias nas Prisões
As audiências prosseguiram durante o sábado, com advogados presentes na prisão de Ktziot, onde centenas de participantes da flotilha permanecem sob custódia. Relatos detalhados pelos participantes aos seus advogados apontam para “diversas formas de maus-tratos e agressões por parte dos guardas prisionais de Israel”. Essas denúncias incluem a falta de acesso a itens básicos e essenciais para a saúde e bem-estar.

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Alguns dos detidos afirmaram não ter recebido alimentação desde o momento da interceptação ilegal. Adicionalmente, medicamentos essenciais estariam sendo retidos pelas autoridades carcerárias, sem que alternativas adequadas fossem oferecidas. Outros prisioneiros ainda relataram a inexistência de acesso a água potável limpa, descrevendo a água disponível como insegura ou de qualidade duvidosa, o que agrava a situação de saúde e higiene em um ambiente já hostil. A condição dos ativistas brasileiros capturados em Israel e de outros detidos levanta alarmes sobre o cumprimento das normas internacionais de tratamento a prisioneiros.
Esforços de Deportação e a Falta de Transparência
Enquanto a situação dos brasileiros capturados por Israel permanece incerta, um avião de origem turca, cuja logística foi coordenada pela Embaixada da Turquia em Tel Aviv, já partiu. A bordo estavam 137 participantes de várias nacionalidades, incluindo Turquia, Itália, Estados Unidos, Reino Unido, Kuwait, Argélia, Tunísia, Marrocos, Mauritânia, Líbia, Jordânia, Suíça, Bahrein e Malásia. No entanto, até o momento da divulgação do comunicado, nenhum cidadão brasileiro havia sido deportado.
A ausência de clareza e transparência nos processos de deportação é vista com grande preocupação pela organização. Eles insistem que “a ausência de transparência sobre os processos de deportação é temerosa e uma estratégia do governo israelense para dificultar ao máximo os trabalhos da organização e dos advogados que tentam acompanhar os ativistas presos ilegalmente”. Essa falta de informações e a demora na resolução da situação dos detidos contribuem para um cenário de incerteza e angústia, tanto para os prisioneiros quanto para seus familiares e equipes de apoio.
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A greve de fome dos brasileiros capturados em Israel e as denúncias de violações de direitos humanos em prisões israelenses sublinham a complexidade e a urgência da situação humanitária na Faixa de Gaza e o tratamento dado aos que tentam oferecer apoio. A comunidade internacional e os direitos humanos são temas constantes de nossa editoria. Para continuar acompanhando os desdobramentos de casos como este e outras notícias importantes, visite nossa seção de Política.
Imagem: Reprodução/Ministério das Relações Exteriores de Israel