O **Censo 2022**, por meio de seu módulo sobre Trabalho e Rendimento, revelou que as mulheres brasileiras, apesar de possuírem um nível educacional superior, ainda enfrentam uma realidade de sub-representação no mercado de trabalho e salários inferiores aos dos homens. Os dados, divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em 09 de outubro de 2025, trazem à tona um cenário de persistente desigualdade de gênero e raça no panorama econômico nacional.
A pesquisa aponta que, em 2022, a participação das mulheres na força de trabalho era significativamente menor. Enquanto 62,9% dos homens com mais de 14 anos de idade estavam empregados ou buscando ocupação, essa proporção caía para 44,9% entre as mulheres. Essa disparidade resulta em uma representação feminina de apenas 43,6% na força de trabalho total do país, mesmo as mulheres constituindo 52% da população brasileira.
Essa desproporção é um dos pontos cruciais levantados pelo levantamento, reforçando a necessidade de políticas que promovam a equidade de oportunidades. A análise detalhada da pesquisa ilustra como as condições de emprego e renda se manifestam de forma desigual, culminando na conclusão de que as mulheres persistem em uma desvantagem financeira, apesar de sua qualificação acadêmica superior.
Censo 2022: Mulheres têm mais estudo, mas ganham menos
A presença feminina no mercado de trabalho é notavelmente majoritária em alguns setores específicos. De acordo com o IBGE, as mulheres representam a maioria em três dos dez grandes grupos de ocupação identificados. São elas que predominam entre os profissionais das ciências e intelectuais, atuam em maior número nos cargos de apoio administrativo e compõem a maior parte dos trabalhadores de serviços, incluindo vendedores dos comércios e mercados.
Em contraste, a participação feminina é consideravelmente menor em áreas tradicionalmente dominadas por homens. O Censo 2022 evidenciou que as mulheres têm uma presença reduzida entre os operadores de instalações e máquinas e montadores, bem como nos quadros das forças armadas, policiais e bombeiros militares. Adicionalmente, a investigação por atividades demonstra uma concentração feminina em certas profissões: elas são a maioria absoluta nos serviços domésticos, com uma expressiva taxa de 93,1%, e ultrapassam os 70% dos profissionais da saúde humana e serviços sociais, além de serem majoritárias no setor da educação.
A disparidade de gênero se aprofunda quando o foco recai sobre os rendimentos. Os dados do Censo 2022 são claros: a média salarial masculina atingiu R$ 3.115 mensais, enquanto a média feminina ficou em R$ 2.506. Essa diferença de R$ 609 demonstra que as mulheres recebem, em média, um valor substancialmente menor por mês, contribuindo para uma lacuna salarial que impacta diretamente sua autonomia financeira.
O estudo revela que essa discrepância salarial se acentua com o aumento do nível de instrução. Entre os trabalhadores com ensino superior completo, os homens auferiam um rendimento médio de R$ 7.347. Em contrapartida, as mulheres com a mesma qualificação recebiam cerca de 60% desse valor, totalizando R$ 4.591. Este cenário é ainda mais complexo quando se considera que as mulheres são, em média, mais instruídas: 28,9% das trabalhadoras possuíam ensino superior completo, frente a 17,3% dos homens.
Para além da questão de gênero, o IBGE também identificou profundas diferenças nos rendimentos obtidos com o trabalho quando se analisa a cor ou raça dos indivíduos. Os trabalhadores indígenas registraram a menor quantia média, com R$ 1.653 mensais. Em seguida, os indivíduos de cor preta apresentaram uma média de R$ 2.061. No extremo oposto, os trabalhadores de cor ou raça amarela auferiam R$ 5.942, enquanto os brancos recebiam R$ 3.659.
De forma geral, o levantamento demonstra que as pessoas pretas, pardas e indígenas consistentemente apresentaram uma renda inferior, não apenas em comparação com os trabalhadores brancos e amarelos, mas também em relação à média nacional, independentemente de seu grau de instrução. Essa intensificação da desigualdade se torna ainda mais evidente na análise dos trabalhadores com ensino superior completo, onde a disparidade se amplia.

Imagem: agenciabrasil.ebc.com.br
Neste recorte, trabalhadores indígenas com nível superior completo recebiam menos da metade do valor pago às pessoas amarelas, com R$ 3.799 contra R$ 8.411, respectivamente. A diferença entre pretos e brancos também se mostra significativa, com R$ 4.175 para os primeiros e R$ 6.547 para os segundos, evidenciando uma barreira racial persistente no acesso a salários mais altos, mesmo com qualificação acadêmica avançada.
O grau de instrução, por si só, revelou grandes discrepâncias entre os diferentes grupos raciais e de cor. Entre as pessoas brancas e amarelas, a proporção de indivíduos com ensino superior superou a de trabalhadores sem instrução ou com ensino fundamental incompleto, indicando maior acesso à educação formal. Entretanto, o padrão se inverte entre os pretos, pardos e indígenas.
No caso específico da população indígena, o cenário educacional é particularmente desafiador. Enquanto 34,7% dos trabalhadores indígenas não completaram sequer o ciclo educacional mais básico, apenas 12,4% concluíram o ensino superior. Esses números sublinham a urgente necessidade de atenção às políticas públicas voltadas para a educação e inclusão social desses grupos, visando mitigar as profundas desigualdades estruturais observadas pelo Censo.
A análise completa desses dados pode ser acessada através das fontes oficiais do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, que disponibiliza os módulos temáticos do Censo 2022 para consulta pública, permitindo um aprofundamento na compreensão das dinâmicas sociais e econômicas do Brasil.
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Em suma, o Censo 2022 do IBGE delineia um quadro complexo de desigualdades no mercado de trabalho brasileiro, onde mulheres e populações pretas, pardas e indígenas enfrentam obstáculos significativos em termos de participação e rendimento, apesar de, em muitos casos, demonstrarem maior qualificação educacional. Continue acompanhando a editoria de Economia para mais análises e notícias sobre o cenário socioeconômico do país em horadecomecar.com.br/economia/.
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