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Crise de Metanol Abala Bares: Prejuízo e Novas Medidas em SP

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A crise de metanol em bares tem alterado profundamente a rotina de estabelecimentos comerciais em São Paulo e outras metrópoles brasileiras neste último fim de semana. Após o alarmante aumento de casos de intoxicação e óbitos associados ao metanol, os consumidores modificaram seus hábitos, optando por evitar locais de happy hour ou substituindo destilados por cervejas e outras bebidas enlatadas.

A insegurança generalizada entre os clientes resultou em mesas vazias e perdas financeiras significativas para proprietários de bares e restaurantes, especialmente durante o período de sexta a domingo. Na capital paulista, Paulo Solmucci, presidente executivo da Abrasel (Associação de Bares e Restaurantes), revelou que os estabelecimentos registraram uma queda de aproximadamente 25% no público na semana recente. Essa retração foi inicialmente observada em bares e restaurantes de classe média alta desde os primeiros relatos dos incidentes, mas, ainda assim, Solmucci pontua que as pessoas mantêm a frequência, adotando maior cautela na escolha das bebidas.

Crise de Metanol Abala Bares: Prejuízo e Novas Medidas em SP

Diversos proprietários de estabelecimentos sentiram o impacto direto na pele, com uma acentuada queda no faturamento e uma procura mínima por bebidas destiladas. O bar Cama de Gato, situado na Vila Buarque, centro de São Paulo, é um exemplo contundente. Especializado em coquetéis, o espaço enfrentou uma diminuição drástica de clientes, permanecendo vazio na sexta-feira (3) da semana passada, dia em que normalmente recebia entre 100 e 150 pessoas. André Bandim, dono do bar, expressou sua preocupação: “As pessoas realmente estão muito sensibilizadas com o que está acontecendo e isso reflete imediatamente no faturamento. Temos um faturamento de ‘zero reais’, assim, assustador”.

No sábado (4), o Cama de Gato faturou apenas 10% do valor registrado em finais de semana habituais. Bandim compartilhou experiências de colegas do setor, que reportaram faturamentos irrisórios, como R$ 300, em bares que costumam ter alto movimento. Para tranquilizar sua clientela, o estabelecimento começou a exibir os certificados de fiscalização de seus distribuidores, que, segundo ele, são inspecionados pela Vigilância Sanitária. Além disso, a casa utilizou suas redes sociais para emitir comunicados e posts informativos, reforçando que adquire produtos dos mesmos fornecedores homologados há sete anos, sem histórico de problemas, e que estes fornecedores comprovam suas inspeções e a inexistência de irregularidades.

Como medida adicional de prevenção para clientes hesitantes, Bandim ampliou a oferta de drinques sem álcool, uma opção que já existia no cardápio. Contudo, ele manifesta ceticismo quanto a um efeito imediato dessa estratégia, temendo prejuízos ainda maiores e comparando a situação atual àquela vivenciada durante a pandemia.

Em outra região de São Paulo, na Barra Funda, Caetano Barreira, proprietário do Armazém Garnizé, também observou uma diminuição no fluxo de pessoas no último fim de semana. Ele relata que a queda foi mais perceptível entre clientes com um relacionamento menos estabelecido com o bar, enquanto os frequentadores assíduos do meio de semana, que demonstram confiança e buscam informações, mantiveram sua presença. A venda de destilados, especificamente, teve uma retração de 84%, e uma das distribuidoras parceiras chegou a suspender temporariamente a comercialização desses produtos. Para garantir a segurança dos clientes, Barreira está disponibilizando as notas fiscais das “bebidas quentes” e divulgando esclarecimentos no perfil do bar no Instagram. Apesar da baixa procura, ele ainda não conseguiu mensurar o prejuízo financeiro total, aguardando uma análise mais aprofundada do consumo ao longo do mês.

O bar Das, localizado na Vila Buarque, também foi impactado pela preocupação dos consumidores. Nina Veloso, proprietária, notou uma oscilação no fluxo de clientes, mas a principal mudança foi no perfil de consumo: “Percebemos uma grande queda nos coquetéis com álcool e um aumento expressivo nos pedidos de cervejas, vinhos e drinques sem álcool”. Assim como outros estabelecimentos, Veloso, que gerencia o espaço há sete anos, prioriza a transparência e a segurança dos produtos nas redes sociais. Contudo, o impacto financeiro já é concreto, com o faturamento caindo em cerca de dois terços em relação à semana anterior, gerando receios sobre a sustentabilidade financeira do negócio.

A prática de disponibilizar notas fiscais não se restringiu aos bares mencionados; muitos outros estabelecimentos em bairros boêmios como Pinheiros e Vila Madalena também oferecem essa documentação aos clientes, ou a deixam visível nas mesas, mediante solicitação.

Clientes Alteram Hábitos de Consumo

As mudanças no consumo de bebidas alcoólicas foram percebidas não apenas pelos empresários, mas também pelos próprios clientes. Guilherme Morandi, coordenador comercial, comemorou o aniversário dos sogros em um bar na zona oeste de São Paulo no sábado recente e optou por cerveja, enquanto seu marido, usualmente consumidor de drinques à base de gim, preferiu não se arriscar. Morandi notou que o bar estava cheio, mas com predominância de chope e cerveja, com os garçons incentivando o consumo dessas bebidas.

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Imagem: metanol via www1.folha.uol.com.br

Em uma festa posterior na mesma noite, o cenário foi diferente. Em uma balada de grande porte com ativações de marcas conhecidas, como Aperol e Jack Daniel’s, Morandi observou menor preocupação. Seu marido consumiu Aperol diretamente de uma Kombi promocional da marca, o que, para Morandi, gerou uma sensação de maior segurança, já que as bebidas eram servidas diretamente pelos fabricantes, e não por distribuidores desconhecidos.

O paulista Alex Pierangelli, ao visitar um bar na Vila Leopoldina no sábado, também preferiu consumir apenas cerveja. Ele relatou que, ao escolher destilados, historicamente opta por caipirinha com cachaça simples, devido ao receio de falsificação, um conhecimento adquirido durante seus anos de trabalho com reciclagem de garrafas de vidro. A desconfiança se espalhou além da capital; Débora Sousa, gerente de produto, viajou para Praia Grande, no litoral paulista, e observou que clientes evitavam caipirinhas com vodca, solicitando-as apenas com cachaça “Velho Barreiro” ou mantendo o consumo de cerveja.

Prevenção: Recomendações para Bares e Consumidores

Especialistas reiteram a necessidade de bares, restaurantes e consumidores adotarem medidas preventivas para mitigar os riscos de bebidas adulteradas. Paulo Solmucci, da Abrasel, mencionou a existência de cursos para proprietários de estabelecimentos que visam ensinar a identificar sinais de adulteração. As orientações incluem a priorização de fornecedores confiáveis, a exigência de nota fiscal em todas as compras e a desconfiança de preços excessivamente baixos, que podem indicar produtos irregulares. Para mais informações sobre a segurança de produtos alimentícios, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) oferece diversas publicações e guias em seu site oficial, contribuindo para a conscientização de todos os elos da cadeia. Acesse o portal da Anvisa para diretrizes sobre alimentos e bebidas.

A inspeção visual é uma ferramenta vital. Rótulos de grandes fabricantes geralmente possuem detalhes sofisticados, selos da Receita Federal e alta padronização. “A bebida destilada de fábrica é homogênea, com a mesma coloração em toda a garrafa. Diferenças no tom ou no odor podem ser indicativos de falsificação”, explica Solmucci. No dia a dia, bares podem implementar controles práticos. Caetano Barreira, do Armazém Garnizé, destaca a importância de verificar selos de fabricação e importação, além de confrontar os horários de envase e fechamento da caixa com o selo da garrafa, pois divergências podem sinalizar adulteração ou reutilização de embalagens por falsificadores.

Barreira enfatiza que a responsabilidade é compartilhada. Ele reconhece que bares contaminados também são vítimas, mas ressalta a necessidade de verificações mais rigorosas. “É preciso conhecer a procedência da bebida, checar os fornecedores e seguir orientações das associações do setor”, afirma. Para os consumidores, a recomendação é similar: escolher estabelecimentos com controle de qualidade evidente, desconfiar de preços muito baixos e estar atento a rótulos e selos de autenticidade.

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A crise do metanol impôs um desafio sem precedentes ao setor de bares e restaurantes, forçando uma reavaliação completa das práticas de segurança e relacionamento com o consumidor. A adaptação a essa nova realidade, com foco na transparência e na fiscalização rigorosa, será crucial para a recuperação da confiança e do faturamento. Para continuar acompanhando os desdobramentos dessa crise e outras notícias relevantes para o seu dia a dia, visite nossa editoria de Cidades.

Crédito da imagem: Rafaela Araújo/Folhapress

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