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Dólar sobe para R$ 5,50 impulsionado por fiscal e Trump

Economia

O dólar sobe para R$ 5,50 nesta sexta-feira (10), registrando seu patamar mais elevado em mais de um mês, impulsionado por uma combinação de preocupações fiscais domésticas e incertezas no cenário internacional. A moeda norte-americana avançou de forma significativa em relação ao real, refletindo a cautela dos investidores.

A valorização acentuada do dólar, que atingiu uma alta de 2,40% no câmbio à vista, cotado a R$ 5,505 na venda por volta das 14h31, foi majoritariamente motivada pela percepção de riscos renovados na política fiscal brasileira. Além disso, a B3 registrou que o dólar futuro para novembro, o contrato de maior liquidez no mercado nacional, também acompanhou a tendência, com alta de 1,54%, alcançando R$ 5,489.

Dólar sobe para R$ 5,50 impulsionado por fiscal e Trump

A aversão ao risco no mercado brasileiro foi exacerbada após a rejeição da Medida Provisória 1.303 no Congresso Nacional, o que gerou a expectativa de que o governo terá de buscar novas estratégias para recompor suas receitas. Esta situação levou os agentes econômicos a questionarem a sustentabilidade das contas públicas, especialmente com o estudo de um “pacote de bondades” de R$ 100 bilhões para 2026, ano eleitoral, sem um financiamento claro para as medidas. Bruno Shahini, especialista em investimentos da Nomad, apontou que esse aceno populista reacendeu o temor de uma deterioração fiscal.

O pacote para 2026, noticiado pelo jornal O Estado de S. Paulo, incluiria propostas como a ampliação da isenção do Imposto de Renda, a distribuição de gás de cozinha, a isenção nas contas de energia para famílias de baixa renda e o pagamento de bolsas para estudantes, todas iniciativas previamente anunciadas pelo governo. A ausência de clareza sobre como essas medidas seriam custeadas intensificou a preocupação de que 2026 possa ser marcado por ações focadas na reeleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, com potenciais impactos negativos nas finanças do país.

Paralelamente, o ambiente externo contribuiu para a pressão sobre a moeda brasileira. Novas ameaças tarifárias proferidas por Donald Trump, visando produtos chineses, provocaram turbulência nos mercados globais, impactando a Bolsa de Valores e criando um novo estímulo para a saída de capital estrangeiro do Brasil. Esse movimento global de aversão ao risco acrescentou combustível à valorização do dólar frente ao real.

Especialistas corroboram essa análise. Felipe Garcia, chefe da mesa de operações do C6 Bank, afirmou que a forte alta do dólar é um reflexo direto das preocupações com o cenário fiscal no Brasil e da maior aversão ao risco global após as declarações de Donald Trump. Marianna Costa, economista da Corretora Mirae Asset, também enfatizou que a performance do dólar está intrinsecamente ligada às incertezas sobre o quadro fiscal brasileiro. Para mais informações sobre política monetária e fiscal, consulte o site oficial do Banco Central do Brasil.

A economista Marianna Costa ressaltou que, com a derrubada da MP 1303, a necessidade de o governo encontrar alternativas para compensar a perda de arrecadação prevista se tornou evidente. Entre as possibilidades aventadas, está a elevação da alíquota do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), uma medida que poderia impactar transações de câmbio e crédito. A Corte Suprema do Brasil já confirmou que o governo possui autonomia para aumentar essa alíquota sem a necessidade de aprovação pelo Congresso Nacional.

No cenário internacional mais amplo, o dólar registrava perdas em relação a outras moedas importantes, como o iene japonês e o euro. Estas divisas haviam sido pressionadas nos dias anteriores por instabilidades políticas na França e no Japão, o que sugere que a força do dólar em relação ao real estava mais ligada a fatores específicos do Brasil e das relações comerciais entre EUA e China.

Dólar sobe para R$ 5,50 impulsionado por fiscal e Trump - Imagem do artigo original

Imagem: infomoney.com.br

Em outra frente, o governo brasileiro também anunciou, nesta sexta-feira, modificações nas normativas do crédito imobiliário. As mudanças incluem o término progressivo do direcionamento obrigatório de parte dos depósitos da caderneta de poupança para o financiamento imobiliário e a extinção dos depósitos compulsórios dessas aplicações junto ao Banco Central. Atualmente, 65% dos recursos da poupança são direcionados ao crédito imobiliário, e 20% são recolhidos compulsoriamente no BC.

O novo arcabouço para o crédito imobiliário deverá ser implementado plenamente a partir de janeiro de 2027, após um período de transição. Durante essa fase, o volume dos depósitos compulsórios será progressivamente reduzido para 15%. Segundo nota divulgada pelo Palácio do Planalto, essas alterações visam aprimorar o sistema de financiamento da habitação no país.

Complementarmente, o governo informou a elevação do limite máximo para imóveis financiados pelo Sistema Financeiro de Habitação (SFH). O valor passou de R$ 1,5 milhão para R$ 2,25 milhões, uma medida que busca ampliar o acesso ao crédito para imóveis de maior valor e dinamizar o setor da construção civil e imobiliário.

Confira também: Investir em Imóveis na Região dos Lagos

A escalada do dólar a R$ 5,50 e as reformas no crédito imobiliário marcam uma sexta-feira de importantes movimentos econômicos no Brasil, influenciados tanto por decisões internas quanto por tensões globais. Fique atento às nossas análises para compreender as próximas repercussões dessas mudanças no cenário nacional. Para mais notícias e análises aprofundadas sobre o mercado financeiro e a economia, continue acompanhando nossa editoria de Economia.

Crédito da imagem: Getty Images

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