As Eleições 2026 se aproximam, e o cenário político brasileiro já delineia contornos complexos e desafiadores. Faltando exatamente um ano para o pleito, que ocorrerá em 4 de outubro de 2026, especialistas apontam temas cruciais como a crescente influência da Inteligência Artificial (IA) nas campanhas, a inédita “canibalização política” de votos na direita e a intensa disputa pela renovação de 2/3 das cadeiras do Senado Federal. Milhões de eleitores brasileiros irão às urnas para escolher o próximo presidente da República, além de governadores, deputados e senadores, em um contexto marcado por incertezas e novas dinâmicas.
Cientistas políticos, em análises detalhadas, sublinham que a sucessão de Jair Bolsonaro no campo da direita e a potencial reeleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva na esquerda são eixos centrais. A introdução de tecnologias avançadas, como a IA e os ‘deep fakes’, adiciona uma camada de complexidade e exige atenção redobrada das autoridades eleitorais, especialmente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Eleições 2026: IA e “Canibalismo Político” Pautam Cenário
Um dos pontos de maior destaque, conforme observado por Yuri Sanches, que lidera a divisão de risco político da AtlasIntel, é a possibilidade de uma “canibalização de votos” no eleitorado de direita. Esse fenômeno pode ocorrer devido à proliferação de governadores da mesma ala política que manifestam a intenção de concorrer à Presidência. Entre os nomes que já se lançaram oficialmente como pré-candidatos, figuram Ronaldo Caiado (União), atual governador de Goiás, e Romeu Zema (Novo), governador de Minas Gerais. Outros governadores, como Tarcísio de Freitas (Republicanos), de São Paulo, e Ratinho Júnior (PSD), do Paraná, embora ainda não tenham formalizado suas candidaturas, são amplamente discutidos nos bastidores como potenciais concorrentes.
A “guerra civil” interna no movimento bolsonarista, agravada pela inelegibilidade de Jair Bolsonaro até 2030, intensifica a disputa por sua herança política e liderança. O ex-presidente foi declarado inelegível pelo TSE por abuso de poder político e uso indevido dos meios de comunicação. Ele tentou recorrer da decisão de 2023, mas sem sucesso até o momento. A ausência de Bolsonaro no pleito abre um vácuo de poder na direita, que se desarticula na busca por um nome que possa unificar o campo. A expectativa mais recente é que Tarcísio de Freitas opte pela reeleição em São Paulo, o que poderia, ainda assim, não resolver a fragmentação da direita. Graziella Testa, cientista política e professora da FGV em Brasília, enfatiza que a sucessão de Bolsonaro é o “primeiro peão que precisa se mover no tabuleiro para os demais se articularem”, descrevendo o panorama da direita como “nebuloso e de difícil leitura”, sem um oponente claro para uma possível reeleição de Lula.
Desafios do TSE e o Impacto da Inteligência Artificial
As Eleições 2026 devem representar um teste significativo para a capacidade de fiscalização do Tribunal Superior Eleitoral, conforme a avaliação do analista político Magno Karl, diretor-executivo da associação liberal Livres. Ele prevê que os recentes desenvolvimentos na guerra informacional e na desinformação, já observados em pleitos anteriores, serão intensificados. O desafio, agora, não se limita apenas a sites e redes sociais, mas se estende ao uso de tecnologias avançadas, como as IAs e os ‘deep fakes’, nas campanhas eleitorais. A preocupação com essa nova dimensão foi reconhecida pela ministra Cármen Lúcia, atual presidente do TSE, que expressou temor ante a possibilidade de um “coronelismo digital”.
Magno Karl também projeta que a ausência de Jair Bolsonaro da corrida presidencial e a possível última participação de Luiz Inácio Lula da Silva podem redefinir os eixos políticos eleitorais do país. A dinâmica dessas Eleições 2026 poderá forçar uma reestruturação nas estratégias partidárias e na identificação de novas lideranças, alterando a configuração política nacional em um cenário pós-Bolsonaro e, potencialmente, pós-Lula.
Cenário Político sem Bolsonaro e a Incerteza de Lula
O bolsonarismo, embora central, não é o único fator a moldar as Eleições 2026. Graziella Testa, da FGV, reitera que a questão da sucessão de Bolsonaro é crucial para o tabuleiro político-eleitoral brasileiro, mas a incerteza quanto ao futuro da esquerda sem Lula também é notável. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, atualmente com 79 anos e que completará 80 em 27 de outubro, já indicou que uma possível candidatura para um quarto mandato dependerá de sua saúde e idade. Ele é o chefe do Executivo federal mais velho a ocupar o cargo no Brasil, superando Michel Temer, que deixou a presidência aos 78 anos e três meses.
Apesar de não haver confirmação oficial, Rafael Cortez, cientista político e professor do IDP, considera provável que o petista concorra à reeleição. Ele justifica essa probabilidade pelo elevado capital político de Lula e pela ausência de uma alternativa na esquerda com a mesma capacidade de mobilização. No entanto, Yuri Sanches, da AtlasIntel, aponta que a idade de Lula será um alvo inevitável da oposição, e a falta de um substituto com igual força representa um risco significativo para o campo governista caso o presidente não esteja apto ou decida não concorrer. O debate sobre a longevidade e a sucessão presidencial está intrinsecamente ligado ao futuro da política brasileira, e as decisões de Lula e da esquerda terão grande peso nas Eleições 2026. Para aprofundar a compreensão sobre o papel do judiciário em eleições, consultar o site do Tribunal Superior Eleitoral é fundamental.
Segurança Pública: Pauta Emergente para 2026
Se Luiz Inácio Lula da Silva optar pela reeleição, a segurança pública é um tema que pode ganhar destaque renovado nas Eleições 2026. Alexandre Rocha, professor do Instituto de Ciência Política da UnB, observa que o governo Lula historicamente tem enfrentado dificuldades em abordar essa questão de forma contundente. Rocha argumenta que o Brasil tem assistido a um avanço do crime organizado, cada vez mais estruturado e com um poder econômico significativo. A falta de uma resposta eficaz a esse cenário pode ser explorada intensamente pelos candidatos de oposição, especialmente em campanhas que buscam contrapor a atual gestão. Diferente de pautas como justiça social, combate às desigualdades e aumento real da renda, que marcaram os primeiros mandatos de Lula, a segurança pública emerge como um calcanhar de Aquiles para a atual administração.
A Relevância Crescente do Senado e o STF
Além da disputa pela Presidência, que naturalmente monopoliza a atenção em sistemas presidencialistas, o Senado Federal deve ser um dos principais focos das Eleições 2026. A Casa Legislativa passará por uma renovação de 2/3 de suas cadeiras, o que significa a eleição de dois senadores em cada estado, totalizando 54 novos membros. Atualmente, o Senado, assim como a Câmara dos Deputados, é dominado por forças de centro e direita. Rafael Cortez observa que as eleições para o Congresso Nacional são frequentemente subestimadas, mas em 2026, a composição do Senado terá implicações profundas.
A preocupação com o Senado não se restringe apenas à sua representatividade dos estados, mas também se relaciona com o acirramento das tensões entre o Poder Legislativo e o Poder Judiciário. O Senado possui a prerrogativa constitucional de julgar processos de impeachment de ministros do Supremo Tribunal Federal (STF). Marco Teixeira, professor e pesquisador da FGV em São Paulo, ressalta que tanto o bolsonarismo quanto o petismo têm investido pesadamente na tentativa de obter maior influência no Senado. O objetivo seria a possibilidade de “abrir impeachment do Supremo, reorganizar o Supremo Tribunal Federal, mudar a estrutura do Supremo, mudar a estrutura do Estado”, como explica Teixeira. Nos últimos meses, parlamentares de oposição têm se movimentado em redes sociais e através de requerimentos no Senado, pleiteando o impeachment do ministro Alexandre de Moraes, relator de casos sensíveis, como o processo que resultou na condenação de Jair Bolsonaro por tentativa de golpe de Estado.
Implicações para o Supremo Tribunal Federal
A composição futura do STF também é um ponto crítico nas Eleições 2026. O próximo presidente do Brasil terá a prerrogativa de indicar ao menos três novos ministros para a Suprema Corte. Além disso, existe a possibilidade de o ministro Luís Roberto Barroso se aposentar antecipadamente, o que abriria uma vaga adicional. Jair Bolsonaro já manifestou publicamente seu desejo de ver membros de sua família ingressarem no Senado, como a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro, presidente do PL Mulher, e seus filhos Eduardo, Flávio (já senador pelo Rio de Janeiro) e Carlos (que disputaria por Santa Catarina). Essa movimentação estratégica visa construir uma bancada sólida no Senado que, dependendo do resultado das eleições presidenciais, poderia inclinar a Suprema Corte para uma linha mais conservadora, conforme a análise de Yuri Sanches, diretor de risco político da AtlasIntel.
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Em suma, as Eleições 2026 se configuram como um marco na política brasileira, com a Inteligência Artificial e a peculiar dinâmica de “canibalização política” atuando como forças transformadoras. Os eleitores enfrentarão escolhas complexas que definirão não apenas o futuro da Presidência, mas também a composição do Congresso e a orientação do Supremo Tribunal Federal. Para mais análises aprofundadas sobre o cenário político atual, explore nossa seção de Política. Continue acompanhando nossa editoria para se manter informado sobre todos os desdobramentos e análises deste cenário em constante evolução.
Crédito da imagem: Ale Mendonça