O esporte corporativo vem consolidando sua posição como um pilar fundamental nas estratégias de gestão de pessoas. Longe de ser apenas um incentivo à qualidade de vida, esta prática evoluiu para se tornar um poderoso símbolo de pertencimento, engajamento e fortalecimento da cultura organizacional. Organizações de grande porte, como a Itaipu Binacional, destacam-se como exemplos claros dessa transformação e dos impactos positivos que ela gera no ambiente de trabalho.
A experiência da Itaipu Binacional com programas de bem-estar demonstra a eficácia de uma abordagem contínua e integrada. Criado há mais de três décadas, o programa Reviver teve seu início focado na prevenção da dependência química, mas expandiu-se significativamente para abranger um ecossistema abrangente de promoção à saúde e bem-estar. Essa evolução resultou em uma cultura empresarial onde o estímulo às atividades físicas é um elemento intrínseco, não um evento isolado.
Esporte corporativo impulsiona engajamento e bem-estar
Conforme relata Elton Valentini, gerente da Divisão de Medicina do Trabalho da Itaipu, a empresa hoje dispõe de duas academias corporativas, além de oferecer aulas de pilates, dança, treino funcional e organizar três corridas internas anuais. Valentini enfatiza que a atividade física é tratada como parte de um sistema ininterrupto de cuidado com os colaboradores. Enquanto o Brasil ainda enfrenta um cenário com cerca de 47% da população fisicamente inativa, de acordo com dados da OCDE, a Itaipu ostenta um dos menores índices de sedentarismo em seu quadro de funcionários, um feito atribuído aos anos de incentivo e à genuína valorização do bem-estar.
O impacto positivo dessa abordagem vai além da redução do sedentarismo. Valentini explica que os resultados se manifestam diretamente na produtividade, na satisfação dos empregados e na diminuição dos afastamentos por motivos de saúde. A longevidade do programa Reviver na Itaipu é um de seus grandes diferenciais, pois solidificou a atividade física como um componente permanente da cultura da empresa, conectando saúde, segurança e engajamento. Ao fomentar o exercício, a Itaipu percebe melhorias em outros pilares do bem-estar, como alimentação saudável e saúde mental, evidenciando uma interconexão entre esses aspectos.
A perspectiva sistêmica adotada pela Itaipu alinha as ações de bem-estar com metas de ESG (Environmental, Social, and Governance) e com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS). Isso sublinha que a saúde dos colaboradores é parte integrante de uma agenda corporativa mais ampla. Investir no esporte é, para a empresa, um investimento na sustentabilidade humana da organização. Quando o trabalhador se sente valorizado, ele responde com maior engajamento, comprometimento e comportamento preventivo, o que, por sua vez, contribui para a melhoria dos índices de segurança no trabalho e a redução de ausências por doença.
Além dos benefícios diretos à saúde e produtividade, o esporte na Itaipu desempenha um papel social e simbólico crucial. Os jogos internos, implementados desde 2024, são comparáveis a uma olimpíada interna, integrando colaboradores brasileiros e paraguaios, homens e mulheres, de diversas áreas. Os times são formados por sorteio, uma estratégia deliberada para superar barreiras hierárquicas e funcionais. Valentini destaca que muitos colegas que nunca haviam interagido acabam se conhecendo nas competições, criando laços, estimulando a empatia e fortalecendo os vínculos entre equipes e lideranças.
Este modelo não apenas amplifica o senso de pertencimento, mas também reforça o propósito binacional da Itaipu. A empresa conseguiu transformar o esporte em uma linguagem universal de integração, com efeitos diretos no clima organizacional. Pesquisas internas de clima frequentemente apontam as ações do Reviver como as mais citadas quando questionados sobre a valorização do trabalhador, consolidando a percepção de que o colaborador se sente parte essencial da organização, o que é fundamental para uma cultura robusta.
Outros exemplos de Sucesso e a Visão de Especialistas
Fora da Itaipu, outras organizações também reconhecem o potencial do esporte para unir pessoas e fortalecer o propósito corporativo. O Grupo Engenho, uma consultoria da Região Metropolitana de Campinas, é outro exemplo notável. A Copa Engenho, um torneio interno que reúne equipes de diferentes unidades, já está em sua quinta edição para futebol society e terceira para vôlei de praia. As competições ocorrem em três domingos consecutivos de outubro, no Clube Estrela do Norte, e representam um movimento maior para integrar o esporte à cultura corporativa.
Rogério Perdiz, sócio-diretor do Grupo Engenho, explica que a Copa é um projeto concebido para os colaboradores, incentivando o esporte e a convivência. As equipes treinam em conjunto, organizam-se e compartilham momentos que solidificam laços e se refletem em maior produtividade. Sidnei Dutra, também sócio-diretor e responsável comercial e de marketing, reforça que o esporte transcendou o gesto social para se tornar uma decisão estratégica de negócios. O êxito da Copa demonstra como o esporte pode ser uma ferramenta eficaz para engajamento e fortalecimento de equipes, ao mesmo tempo em que promove a saúde e reduz custos com planos médicos, impactando diretamente a satisfação no trabalho e os resultados da empresa.

Imagem: melhorrh.com.br
Marcio Marega, educador físico e especialista em bem-estar corporativo, corrobora essas experiências. Ele destaca que, embora os resultados da Itaipu e do Grupo Engenho sejam eloquentes, a transformação do esporte em estratégia corporativa tem fundamentos em evidências sólidas. Programas de atividade física no ambiente de trabalho geram resultados mensuráveis na redução do absenteísmo, no aumento do engajamento e na melhoria da produtividade, resultando em um retorno financeiro palpável para as organizações.
Estudos indicam que cada dólar investido na prevenção do sedentarismo pode render até quatro dólares em retorno. Adicionalmente, colaboradores fisicamente ativos demonstram até 40% mais foco e 25% mais rapidez na execução de tarefas. Marega sublinha que a consistência dos programas é o fator-chave. Não se trata de uma corrida esporádica, mas sim de criar uma política contínua de incentivo ao movimento. O Retorno sobre o Investimento (ROI) se manifesta quando a prática esportiva se incorpora ao cotidiano da empresa, como exemplificado pela Itaipu.
A tendência global, segundo Marega, aponta para um esporte corporativo cada vez mais inclusivo e personalizado. Empresas mais avançadas estão integrando modalidades presenciais e digitais, utilizando tecnologias, aplicativos e wearables para monitorar resultados. Programas híbridos, flexíveis e conectados aos indicadores de RH estão redefinindo o papel do bem-estar nas organizações. Tanto na Itaipu quanto no Grupo Engenho, essa evolução já é uma realidade: o esporte deixou de ser um evento isolado e se tornou um componente integral da cultura empresarial. Em ambos os casos, a premissa é clara: cuidar das pessoas é a forma mais eficiente de assegurar performance, produtividade e propósito.
Os Números do Bem-Estar nas Empresas
O crescente interesse no bem-estar corporativo é corroborado por dados impressionantes. Uma pesquisa recente da Wellhub revela que 77,2% dos colaboradores de empresas que possuem parcerias com academias praticam exercícios físicos regularmente. Apesar disso, barreiras como tarefas domésticas (61,5%), falta de energia (59,2%) e jornadas de trabalho extensas (53,8%) ainda são citadas como os principais obstáculos à prática de atividades físicas.
Os benefícios de investir em programas de bem-estar são claros: 89% das empresas que os implementam reportam maior retenção de talentos e uma redução no absenteísmo. O setor de eventos esportivos corporativos também está em ascensão. A Corporate Run 2024, em São Paulo, registrou um aumento superior a 40% nas inscrições corporativas. A plataforma Ticket Sports, por sua vez, contabilizou 1,3 milhão de participações em eventos esportivos em 2024. As projeções indicam um crescimento de mais de 25% nos investimentos empresariais em corridas e desafios corporativos até 2025, evidenciando que o esporte corporativo não é apenas uma tendência, mas uma estratégia consolidada e em expansão.
Confira também: Investir em Imóveis na Região dos Lagos
Em suma, o esporte corporativo emergiu como um instrumento estratégico vital para empresas que buscam não apenas melhorar a saúde de seus colaboradores, mas também fomentar o engajamento, fortalecer a cultura organizacional e impulsionar resultados. A continuidade e a integração dessas iniciativas mostram-se cruciais para colher os benefícios a longo prazo, transformando a prática de atividades físicas em um componente indispensável da vida empresarial. Para mais análises e notícias sobre tendências no mundo corporativo e além, continue acompanhando nossa editoria de Economia.
Crédito: Divulgação