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Explosões de Power Banks no Japão Aumentam 161% em 4 Anos

Economia

O Japão tem enfrentado um alarmante aumento nos incidentes envolvendo **explosões de power banks**, ou baterias portáteis. Um exemplo recente ocorreu na madrugada de 25 de setembro, quando um incêndio em um apartamento em Tóquio resultou na hospitalização de seis pessoas por inalação de fumaça. A investigação inicial aponta que o foco do incêndio foi uma bateria portátil conectada a um smartphone, acendendo um alerta sobre a segurança desses dispositivos.

De acordo com dados fornecidos pelo Instituto Nacional de Tecnologia e Avaliação (Nite), o ano de 2024 já registrou 123 incidentes semelhantes. Este número representa um crescimento expressivo de 161% em comparação aos 47 casos computados em 2020. Uma parcela significativa desses eventos envolve baterias portáteis enquanto estão recarregando telefones celulares, indicando um ponto crítico de risco.

Explosões de Power Banks no Japão Aumentam 161% em 4 Anos

A natureza perigosa das baterias portáteis reside em sua composição interna. Elas contêm células de íons de lítio, que utilizam um solvente orgânico altamente inflamável como eletrólito. Em situações de curto-circuito, a bateria pode aquecer rapidamente, levando o solvente a inflamar-se e, consequentemente, causar incêndios ou explosões. Compreender este mecanismo é fundamental para a prevenção de novos acidentes.

Desde 2019, o governo japonês implementou uma medida para aumentar a segurança: todas as baterias portáteis comercializadas no país devem atender aos padrões nacionais de segurança de produtos, evidenciados pela “marca PSE”. Contudo, mesmo produtos que ostentam essa conformidade podem apresentar defeitos de fabricação que exigem campanhas de recall. A eficácia dessas campanhas, no entanto, é um desafio constante para as autoridades.

Um episódio notável que sublinha as falhas no sistema de recall aconteceu em julho deste ano, quando um incêndio em um trem na capital japonesa foi provocado por uma bateria portátil de fabricação chinesa. Curiosamente, este dispositivo havia sido objeto de um recall em junho de 2023. Apesar da legislação japonesa exigir que os fabricantes se esforcem para recolher produtos defeituosos, a taxa de recuperação para este item específico era de apenas 12% até 24 de julho, conforme informado pela Agência de Defesa do Consumidor. Isso demonstra a dificuldade em remover produtos perigosos de circulação.

Dados do Ministério da Economia, Comércio e Indústria revelam que, entre novembro de 2022 e setembro de 2025, os fabricantes organizaram recalls para pelo menos 590 mil baterias portáteis. Contudo, ao contrário de veículos, essas baterias não possuem um registro de proprietário, o que dificulta enormemente o rastreamento dos itens defeituosos. Outro complicador são os produtos vendidos diretamente a consumidores online por comerciantes estrangeiros, sem a intermediação de empresas nacionais. Historicamente, esses itens escapam das regulamentações de segurança do consumidor. Muitas baterias portáteis de baixo custo encontradas em plataformas de e-commerce são produzidas na China e não possuem a “marca PSE”, evitando, em muitos casos, a instauração de um recall. Uma fonte do Nite expressou preocupação, afirmando que “produtos que representam risco de incêndio estão escapando da rede de segurança”. O conhecimento sobre a segurança de produtos eletrônicos e seus componentes é vital para a proteção do consumidor. Para saber mais sobre a importância da conformidade e segurança, consulte artigos sobre riscos em eletrônicos.

Além dos desafios com a segurança de produtos novos, a gestão de baterias de íons de lítio descartadas também tem sido uma questão problemática. No ano fiscal de 2023, aproximadamente 21 mil incidentes de fumaça ou fogo foram registrados, causados por baterias de íons de lítio que acabaram em veículos de coleta de lixo e incineradores. Um incêndio de grandes proporções em uma unidade de processamento de resíduos na província de Ibaraki, em dezembro passado, exemplifica a gravidade da situação, com os reparos estimados em dois anos.

Uma lei em vigor desde 2001 estabelece que fabricantes, importadores e vendedores de baterias de íons de lítio devem recuperá-las para reciclagem. No entanto, essa legislação não abrange especificamente baterias portáteis e outros produtos que as contenham, o que permite que sejam indevidamente misturadas ao lixo comum. O Ministério de Assuntos Internos e Comunicações estima que mais de 500 toneladas de baterias de íons de lítio anualmente são descartadas incorretamente com o lixo doméstico. O Ministério do Comércio reconhece que as categorias previstas na lei estão defasadas em relação à realidade tecnológica atual, onde muitas baterias não são mais removíveis dos dispositivos eletrônicos.

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Imagem: Reprodução via valor.globo.com

Em resposta a esses desafios, o governo japonês está trabalhando para fortalecer a rede de segurança. Uma legislação de segurança de produtos de consumo, revisada em junho de 2024, exigirá que empresas estrangeiras que vendem diretamente aos consumidores cumpram as normas técnicas japonesas. Esta nova lei, que entrará em vigor em dezembro, também impõe que essas empresas nomeiem representantes no Japão para auxiliar na prevenção de acidentes no país.

Para evitar que as baterias de íons de lítio sejam misturadas ao lixo convencional, o governo revisará as regulamentações para incluir baterias de celular, smartphones e produtos de tabaco aquecido em uma lista de itens com descarte restrito. A partir de abril de 2026, fabricantes, importadores e varejistas terão a obrigação de coletá-los e reciclá-los adequadamente. Embora parte da legislação revisada preveja penalidades, a aplicação dessas sanções a empresas estrangeiras apresenta desafios consideráveis, gerando incertezas sobre a aderência generalizada às novas medidas.

Chiharu Tokoro, professor da Faculdade de Ciências e Engenharia da Universidade Waseda, ressalta que “embora muitas baterias de celular sejam equipadas com medidas de segurança de alto nível, isso depende do fabricante”. Ele enfatiza que “a chave é informar constantemente os consumidores sobre os riscos”, destacando a importância da educação e da conscientização pública na prevenção de acidentes com baterias portáteis.

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O aumento das explosões de power banks no Japão evidencia a necessidade de aprimoramento contínuo na segurança de produtos e na gestão de resíduos eletrônicos. As medidas governamentais e a conscientização dos consumidores serão cruciais para mitigar os riscos associados a esses dispositivos. Para aprofundar-se em questões de segurança tecnológica e análises de mercado, continue acompanhando nossa editoria de Análises.

Crédito da imagem: Valor One

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