O tema do Extrativismo Sustentável na Amazônia ganha destaque em um novo episódio do programa Caminhos da Reportagem, da TV Brasil. Com a exibição agendada para esta segunda-feira, 13 de outubro, às 23h, a emissora levará ao público a Expedição Ituxi: a Amazônia que Sobrevive, um mergulho profundo na realidade de uma reserva extrativista que concilia a subsistência de comunidades tradicionais com a preservação ambiental de uma das maiores florestas tropicais do mundo.
A reportagem especial da TV Brasil documenta a rotina e os desafios da Reserva Extrativista (Resex) Ituxi, uma área de conservação fundamental localizada no coração da floresta amazônica. A equipe do programa viajou até essa remota região para ilustrar como os recursos naturais são gerenciados de forma econômica e, ao mesmo tempo, ecologicamente responsável, evidenciando um modelo de coexistência entre ser humano e natureza que se mostra cada vez mais crucial para o futuro do bioma.
Extrativismo Sustentável na Amazônia é Foco de Reportagem
Instituída em 2008 pelo governo federal, a Resex Ituxi foi criada em resposta a uma urgência manifestada pelas comunidades tradicionais que habitam a região há gerações. Com uma extensão territorial impressionante de 7,7 mil quilômetros quadrados, equivalente a seis vezes a área do município do Rio de Janeiro, a reserva tem como objetivo principal garantir que a população local possa extrair seu sustento da floresta sem comprometer sua integridade ecológica a longo prazo. Essa iniciativa nasceu de uma necessidade premente de proteger o território e seus habitantes, conforme explicou Vanderleide Souza, integrante do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio). “A Reserva Ituxi estava sendo atacada pelo Sul, por grilagem de terras. E, com isso, estávamos perdendo nossa terra”, relatou Souza, enfatizando a ameaça de invasões e apropriação ilegal de terras que motivou a criação da unidade de conservação.
Dentro dos limites da Reserva Extrativista Ituxi, uma gama específica de atividades econômicas é permitida, sempre sob rigoroso controle para assegurar a sustentabilidade dos recursos. Essas práticas incluem a pesca artesanal, a coleta de frutos e sementes nativas e até mesmo a extração seletiva de madeira. O cerne da regulamentação é prevenir o esgotamento dos recursos e permitir que o ecossistema tenha tempo adequado para se regenerar, evitando impactos negativos duradouros na natureza. Segundo Samuel Nienow, também do ICMBio, toda e qualquer atividade realizada na reserva deve estar estritamente alinhada com o plano de utilização ou o plano de manejo da unidade. Nienow ressaltou ainda que algumas atividades são expressamente proibidas, como garimpo, a criação de gado em larga escala e o desmatamento de grandes porções da floresta, que são práticas altamente destrutivas e incompatíveis com os objetivos de uma reserva extrativista.
A Castanha-do-Brasil: Pilar da Economia Local
Entre as diversas atividades sustentáveis praticadas na Resex Ituxi, a coleta da castanha-do-Brasil (ou castanha-do-pará) se destaca como a principal fonte de renda e sustento para as famílias locais. Essa prática, transmitida de geração em geração, é um pilar cultural e econômico para a comunidade. Manoel Freitas, um castanheiro experiente com quase quatro décadas de dedicação a essa atividade, expressou a profunda conexão com essa tradição ancestral. “Estou acostumado a colher castanha há quase 40 anos. Isso faz parte da nossa tradição”, afirmou Freitas, cujo conhecimento sobre a floresta e seus ciclos foi herdado de seus pais e avós, demonstrando a importância do saber tradicional na gestão da reserva.
O Caminhos da Reportagem também investiga a extração de madeira na Resex Ituxi, uma atividade que, embora existente, é submetida a uma regulamentação extremamente rígida. Diferente da exploração ilegal, qualquer derrubada de árvore requer um licenciamento ambiental detalhado e o cumprimento de protocolos que visam a proteção da floresta. Marcus Biazatti, representante do Idesam (Instituto de Conservação e Desenvolvimento Sustentável da Amazônia), que colabora com comunidades tradicionais na promoção de bioeconomia e práticas sustentáveis na Amazônia, explicou um dos pilares dessa gestão: o ciclo de recuperação. “Ao derrubar uma árvore, só se pode voltar àquela região após 10 anos. É preciso respeitar o ciclo da floresta, para que ela se renove, se regenere e só então se retome a exploração naquela área”, detalhou Biazatti, sublinhando a importância da paciência e do respeito aos processos naturais para a manutenção do ecossistema.

Imagem: agenciabrasil.ebc.com.br
Desafios e Ameaças na Fronteira do Desmatamento
A localização estratégica da Reserva Extrativista Ituxi a insere em um contexto de grande importância para a conservação da Amazônia. Ela faz parte de um conjunto mais amplo de áreas protegidas, que inclui terras indígenas, um parque nacional e uma floresta nacional, formando um mosaico de proteção ambiental. Contudo, essa região também se encontra nas margens do denominado “Arco do Desmatamento”, uma vasta faixa de aproximadamente 500 mil quilômetros quadrados onde a fronteira agrícola e pecuária avança de forma implacável sobre a floresta. Essa proximidade com áreas de intenso desmatamento representa uma ameaça constante e significativa para a integridade da Resex Ituxi. Para saber mais sobre o trabalho do ICMBio e suas iniciativas em outras áreas protegidas do Brasil, visite o site oficial.
O principal desafio enfrentado pelos gestores da Reserva Extrativista Ituxi não reside nas atividades extrativistas realizadas de forma controlada pelas comunidades que vivem ali, mas sim nas pressões externas. Samuel Nienow, do ICMBio, reiterou essa preocupação: “Nosso maior desafio é manter a qualidade ambiental da unidade, não por causa do uso dos extrativistas que vivem dentro dela, mas porque pessoas de fora estão chegando às bordas e desmatando o entorno da reserva”. Essa declaração sublinha a complexidade da gestão ambiental na Amazônia, onde a proteção de áreas verdes depende não apenas da regulamentação interna, mas também do combate eficaz ao desmatamento e à grilagem nas áreas adjacentes, que ameaçam minar os esforços de conservação.
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A reportagem do Caminhos da Reportagem sobre a Expedição Ituxi oferece uma visão aprofundada e essencial sobre como o extrativismo sustentável pode ser uma ferramenta vital para a preservação da Amazônia, ao mesmo tempo em que garante o sustento e a cultura das comunidades tradicionais. A história da Resex Ituxi é um testemunho da resiliência e da importância de modelos de desenvolvimento que respeitam os ciclos naturais e a sabedoria ancestral. Para aprofundar-se em outros temas cruciais que impactam a biodiversidade e o desenvolvimento do país, explorando como diferentes esferas da sociedade se articulam em prol de um futuro mais verde, continue acompanhando as notícias em nossa editoria de Meio Ambiente.
Crédito da imagem: Frame TV Brasil