A Festa da Padroeira em Aparecida, tradicional celebração católica que anualmente movimenta milhões de fiéis, concluiu sua edição deste ano com números expressivos no Santuário Nacional. Mais de 494 mil devotos foram registrados na cidade de Aparecida, localizada no interior de São Paulo, durante o período festivo que se estendeu de 3 a 12 de outubro. A grandiosidade do evento reafirma a profunda devoção a Nossa Senhora Aparecida, padroeira do Brasil, e a capacidade de atração do maior centro de peregrinação mariana do país.
O balanço oficial, divulgado nesta segunda-feira (13) pelo Santuário Nacional, detalhou a intensa movimentação de pessoas. O dia de maior concentração de fiéis foi a própria data magna, 12 de outubro, quando mais de 152 mil pessoas se deslocaram até o santuário para participar das missas, procissões e demais atos de fé. A afluência massiva demonstra a relevância cultural e espiritual que a festividade possui para a comunidade católica brasileira.
Festa da Padroeira em Aparecida Atrai Quase Meio Milhão de Fiéis
Entre os centenas de milhares de visitantes que honraram a Festa da Padroeira em Aparecida, aproximadamente 40 mil eram romeiros, conforme observado pelo arcebispo de Aparecida, Dom Orlando Brandes. Estes peregrinos, em muitos casos, empreendem jornadas desafiadoras, frequentemente a pé, para cumprir promessas, expressar gratidão por bênçãos recebidas ou interceder por novas graças. A jornada dos romeiros é um dos pilares da manifestação de fé, simbolizando sacrifício e profunda devoção.
O Apelo Social da Igreja na Festa da Padroeira
Durante a solene homilia da missa das 8h do dia 12 de outubro, Dom Orlando Brandes proferiu um discurso que transcendeu as questões estritamente religiosas, dirigindo-se diretamente aos representantes políticos do Brasil. O arcebispo fez um veemente apelo para que os eleitos pelo povo legislem em prol dos segmentos mais vulneráveis da sociedade, defendendo a promulgação de leis que favoreçam os pobres. A cerimônia contou com a notável presença do presidente da República em exercício, Geraldo Alckmin, o que conferiu peso adicional às palavras do líder religioso.
A retórica do arcebispo destacou a invisibilidade social e a marginalização que frequentemente afetam os mais necessitados. “Para muitos os pobres são invisíveis, não se vê, não se tem sensibilidade. Para outros são criticados, chamados de vagabundos. Outros não se importam com os pobres”, afirmou Dom Orlando Brandes, em um trecho que ressoou fortemente entre os fiéis. Ele suplicou à Mãe Aparecida que interceda, clamando para que “os que foram eleitos pelo povo votem em leis favoráveis ao povo de Deus, favoráveis aos pobres”. A fala, carregada de emoção e de um profundo senso de justiça social, foi entusiasticamente aplaudida pela multidão, evidenciando o anseio por um compromisso político mais efetivo com as camadas menos assistidas.
Expandindo sua mensagem, o líder religioso também dirigiu um pedido fervoroso para que a intercessão de Nossa Senhora Aparecida contribua para a redução das disparidades sociais no país. “Vamos pedir duas esperanças para o povo brasileiro. Primeiro, a diminuição da pobreza. Quando diminui a pobreza, nós vamos experimentando o que é a paz, o que é a convivência e o que é vida”, articulou Brandes, conectando a redução da miséria à promoção da paz social e da qualidade de vida. Adicionalmente, ele salientou que a “segunda esperança é que diminuam as desigualdades sociais, que são muitas, mas é possível diminuí-las”, reforçando a ideia de que, embora complexo, o problema da desigualdade é passível de solução através da vontade política e social.
Imagem: agenciabrasil.ebc.com.br
Diálogo Político e Religioso sobre Desigualdade
Em um contexto internacional que espelha as discussões sobre pobreza e desigualdade, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva se encontrou com o Papa Leão XIV no Vaticano, na manhã do dia 13 de outubro. O diálogo entre os dois líderes abordou uma gama de temas que incluíram religião, fé, a conjuntura do Brasil e os imensos desafios que o cenário mundial apresenta. A reunião reforçou a importância do diálogo entre esferas políticas e religiosas para o enfrentamento de questões globais cruciais.
Após o encontro, o presidente Lula recorreu às suas plataformas de mídias sociais para detalhar os pontos abordados. Em sua postagem, Lula parabenizou o Santo Padre pela Exortação Apostólica Dilexi Te, enfatizando a relevância da mensagem papal que advoga pela inseparabilidade entre a fé e o amor incondicional pelos mais pobres. O presidente declarou a necessidade urgente de se articular “um amplo movimento de indignação contra a desigualdade”, classificando o documento como uma referência fundamental que “precisa ser lida e praticada por todos”. As reflexões do pontífice, que frequentemente destacam a justiça social e a solidariedade, são amplamente divulgadas por canais oficiais, como o Vatican News, servindo como guia para discussões sobre ética e governança no cenário contemporâneo.
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A edição da Festa da Padroeira em Aparecida deste ano não apenas demonstrou a força da fé e da tradição, com a presença maciça de quase meio milhão de devotos, mas também serviu como palco para importantes debates sociais e políticos, com os apelos de Dom Orlando Brandes e a subsequente reunião de Lula no Vaticano. Este evento anual transcende o aspecto religioso, tornando-se um termômetro das preocupações e esperanças nacionais. Para acompanhar mais notícias e análises sobre política, sociedade e eventos de grande impacto, continue navegando em nossa editoria de Política.
Crédito da imagem: Valter Campanato/Agência Brasil
