A 27ª edição do Festival do Rio, encerrada no domingo, 12 de outubro de 2025, no Cine Odeon, celebrou a vitalidade e a riqueza do cinema nacional, com um retorno triunfal dos prêmios de voto popular. Apresentado pelos talentosos atores Clayton Nascimento e Luisa Arraes, o evento consolidou-se como pilar do audiovisual latino-americano, atraindo vasta audiência e destacando a diversidade de produções.
Em dez dias de intensa programação, a maratona cinematográfica exibiu mais de 300 filmes, atraindo cerca de 140 mil pessoas. O recorde de público sublinhou a crescente relevância do festival, com salas lotadas e inúmeras produções no tapete vermelho. A celebração reuniu artistas, produtores e entusiastas, todos unidos pela paixão do cinema brasileiro.
Festival do Rio 2025: Cinema Nacional Brilha em Edição Marcante
A diretora do festival, Ilda Santiago, expressou seu otimismo em relação à edição deste ano, enfatizando a função primordial do Festival do Rio como um elo entre criadores e espectadores. Segundo Santiago, o evento “segue como um espaço essencial para o cinema brasileiro e para o encontro entre realizadores e plateia. É uma festa da diversidade de olhares e vozes do audiovisual”, afirmou, ressaltando a pluralidade de perspectivas presentes.
No ano em que o país ainda celebrava o Oscar de “Ainda Estou Aqui”, o cinema brasileiro foi o grande protagonista do Festival do Rio. Das obras exibidas, 120 eram nacionais, distribuídas entre mostras competitivas, estreias e retrospectivas. Tal predominância reforçou a capacidade inventiva e a riqueza temática do cinema feito no Brasil.
Na principal mostra competitiva do evento, o Troféu Redentor de Melhor Longa de Ficção foi para “Pequenas Criaturas”, da brasiliense Anne Pinheiro Guimarães. A diretora, emocionada após o anúncio, falou à Agência Brasil sobre o significado da conquista: “Foi muito emocionante. Eu ainda estou me acostumando com a ideia. Esse prêmio é da equipe toda.”
Anne Pinheiro Guimarães revelou que a concepção de “Pequenas Criaturas” remonta a mais de uma década, quando sua experiência com a maternidade a levou a revisitar memórias de sua própria infância e da relação com sua mãe. “É uma obra sobre maternidade, saudade e o tempo”, descreveu a diretora, encapsulando os temas centrais de seu trabalho. O longa, que teve sua estreia mundial no festival, tem lançamento previsto para o primeiro semestre de 2026, com distribuição a cargo da Filmes do Estação.
Adriana Rattes, da distribuidora Filmes do Estação, expressou grande satisfação com a calorosa acolhida do público ao filme. “A reação nas sessões foi um ótimo termômetro. Pequenas Criaturas chegou discretamente e conquistou o público. É uma honra distribuir um filme tão delicado e potente”, comemorou Rattes, evidenciando o impacto positivo da narrativa.
Outro grande destaque do Festival do Rio foi a premiação de Melhor Documentário para “Apolo”, que marcou a estreia de Tainá Müller na direção, ao lado de Ísis Broken. Müller, conhecida por seus papéis como atriz, celebrou o reconhecimento com imensa emoção. “É uma emoção imensa e uma validação muito importante”, afirmou, destacando a relevância da vitória em um projeto tão pessoal.
Segundo Tainá Müller, “Apolo” fala sobre diversidade e dar voz a quem é marginalizado, alinhando-se ao espírito inclusivo do Festival do Rio. A cineasta ressaltou o simbolismo especial de receber o prêmio no Dia das Crianças. A atriz e agora diretora enfatizou seu desejo de expandir a atuação no audiovisual, buscando voz autoral e reforçando que talentos podem ocupar múltiplos espaços na indústria.
A noite de premiações também reconheceu o longa “Ato Noturno”, de Marcio Reolon e Filipe Matzembacher, como um dos grandes triunfadores. A obra foi agraciada com o título de Melhor Filme Brasileiro no Prêmio Félix e também recebeu o prêmio de Melhor Roteiro na cobiçada Première Brasil.
Nas categorias de atuação, Klara Castanho foi homenageada como Melhor Atriz por sua performance em “#SalveRosa”, enquanto Gabriel Faryas levou o prêmio de Melhor Ator por seu trabalho em “Ato Noturno”, reforçando o talento dos artistas nacionais. Entre os documentários, “Cheiro de Diesel”, dirigido por Natasha Neri e Gizele Martins, foi duplamente reconhecido com o Prêmio Especial do Júri e o Voto Popular, demonstrando sua ressonância junto à crítica e ao público.

Imagem: agenciabrasil.ebc.com.br
Leandra Leal e Ângela Leal foram homenageadas com o Prêmio Especial do Júri por “Nada a Fazer”. Leandra, emocionada, descreveu o filme como “uma declaração de amor à minha mãe e à fé que tenho na arte como transformação”. A emoção marcou também o discurso de Ana Flavia Cavalcanti, vencedora de Melhor Atriz na mostra Novos Rumos por “Criadas”: “Minha mãe fez muita faxina para eu estar aqui. Este prêmio é dela também.”
A diversidade, um pilar central do Festival do Rio, foi amplamente celebrada e reconhecida. Diva Menner, que conquistou o prêmio de Melhor Atriz Coadjuvante por “Ruas da Glória”, dedicou sua vitória às suas ancestrais. “Sou uma travesti preta e dedico este prêmio às minhas ancestrais que não tiveram as mesmas oportunidades”, declarou, enaltecendo a representatividade e a quebra de barreiras no cinema.
A presença feminina foi marcante em quase todas as categorias. Diretoras como Anne Pinheiro Guimarães, Suzanna Lira (#SalveRosa), Mini Kerti (Dona Onete – Meu Coração Neste Pedacinho Aqui) e Cíntia Domit Bittar (Virtuosas) reafirmaram a potência das narrativas conduzidas por mulheres. Suzanna Lira, vencedora do Voto Popular de Melhor Longa de Ficção, relembrou sua trajetória de resistência: “Há 15 anos ganhei o voto popular com Positivas e isso mudou minha vida. Ver o público novamente abraçando o cinema brasileiro é uma felicidade imensa.”
Nos bastidores, o clima era de celebração. Anna Luiza Müller, assessora de imprensa que acompanha o cinema nacional desde sua retomada nos anos 1990, destacou o entusiasmo renovado: “A energia em torno dos filmes brasileiros tem sido impressionante. O desafio agora é garantir continuidade e ampliar o alcance do nosso cinema”. O ator Vinícius de Oliveira, revelado em “Central do Brasil”, voltou ao festival com o longa internacional “Quase Deserto”, rodado em Detroit: “É emocionante estar aqui tantos anos depois, com o mesmo amor pelo cinema brasileiro.”
Além da vasta e aclamada mostra nacional, o Festival do Rio ampliou suas fronteiras com a introdução de novas categorias de voto popular dedicadas a produções estrangeiras. O Prêmio Félix Internacional, uma das novidades, coroou “A Sapatona Galáctica” (Lesbian Space Princess), uma criação das australianas Leela Varghese e Emma Hough-Hobbs. Paralelamente, o talento brasileiro Allan Ribeiro foi reconhecido com o prêmio de Melhor Documentário pela obra “Copacabana, 4 de Maio”, mostrando a capacidade de artistas nacionais em narrativas internacionais.
Com sessões que frequentemente esgotavam ingressos, enriquecedores debates e encontros de mercado no RioMarket, o Festival do Rio reafirmou seu papel vital como um epicentro de resistência cultural e um ponto de convergência para diferentes gerações do audiovisual. Para Walkiria Barbosa, uma das diretoras do evento, o Festival transcende a função de uma simples vitrine; é “um espaço de resistência, de encontro e de celebração da arte”. Para mais informações sobre o cenário cultural e o apoio à produção audiovisual no Brasil, pode-se consultar fontes confiáveis como a Agência Brasil, que frequentemente cobre temas relevantes à cultura nacional.
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Entre o reconhecimento de veteranos e a ascensão de novos talentos, a 27ª edição do Festival do Rio não apenas coroou o cinema nacional com inúmeras premiações, mas também reafirmou sua inabalável vocação: celebrar a pluralidade, a criatividade e a força transformadora que o cinema brasileiro representa. Continue explorando as tendências e análises do cenário cultural brasileiro em nossa editoria de Cultura para se manter atualizado. Visite Cultura e mergulhe em mais conteúdos de qualidade.
Crédito da imagem: Anna Karina de Carvalho/Agência Brasil