A análise do ódio e misoginia online contra Greta Thunberg revela um padrão alarmante de ataques direcionados à ativista ambiental sueca. A escritora e roteirista Giovana Madalosso, uma das idealizadoras do movimento “Um Grande Dia para as Escritoras”, aborda em sua coluna a persistência de comentários de ódio sempre que o nome da jovem ativista é mencionado, tanto em postagens de veículos de comunicação quanto em redes sociais, expondo uma faceta preocupante da interação digital.
Madalosso ressalta que, embora criticar figuras públicas seja uma prática comum — e até mesmo figuras históricas não estariam imunes ao “cancelamento” nos dias atuais —, o teor das mensagens dirigidas a Greta Thunberg difere significativamente. A questão se agravou, em particular, após a libertação da ativista de uma prisão em Israel, evento ocorrido em 7 de outubro de 2025, conforme reportado pela Reuters, que pareceu intensificar as manifestações de ódio.
Em um cenário que se repete a cada nova menção à sua atuação, a coluna de Giovana Madalosso busca entender o fenômeno. É inegável que a ativista provoca reações extremas, e a discussão em torno da figura pública da jovem transcende a crítica construtiva para adentrar um terreno de agressão pessoal e depreciativa.
Greta Thunberg: A Análise do Ódio e Misoginia Online
A análise de um único post em uma página de um grande veículo, conforme observado pela colunista, exemplifica a natureza brutal desses ataques, que não se restringem a um perfil específico, mas representam um padrão coletivo verificável em diversas plataformas digitais.
Entre os comentários destacados pela autora, encontram-se frases como: “Se sofreu tanto, por que está tão roliça?”, “Fizeram ela tomar banho e pentear os cabelos”, “Pena que não foi jogada em Megido numa cela com 500 pra ser currada”, “Se ela fosse cuidar de casa teria mais prestígio”, “Vadia”, “Vagabunda”, “Isso é falta de lavar uma louça”, “Pau na greta da Greta”, “Vaca” e “Não tem roupa para lavar?”. Outro comentário perturbador citado foi “Sem óbito, sem like”, evidenciando um desejo de violência extrema e desumanização.
Madalosso enfatiza que o ponto comum desses comentários, além da superficialidade e da ausência de argumentação, é o profundo teor misógino. A retórica se apoia em críticas à aparência física, com traços de gordofobia, sugestões de retorno a papéis domésticos tradicionais, ameaças explícitas de estupro e até mesmo de feminicídio. A autora questiona a impunidade e a falta de constrangimento com que tais mensagens são publicadas, levantando a indagação fundamental: se Greta fosse um homem, as reações e o tipo de ataque seriam os mesmos?
A escalada do discurso de ódio contra Greta Thunberg não se limita a comentários anônimos. No dia de sua libertação da prisão, o ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, referiu-se à ativista como “louca”. Giovana Madalosso desafia essa afirmação, questionando a lógica por trás de tal rótulo. A colunista indaga o que haveria de irracional em integrar uma missão humanitária dedicada a fornecer alimentos e medicamentos a uma população sob bloqueio, fome e genocídio. Igualmente, ela pergunta qual seria a loucura em se manifestar pacificamente contra uma crise climática global que ameaça todas as formas de vida na Terra. Madalosso ainda destaca a lucidez da ativista ao conectar a crise climática a questões de colonialismo e conclui que a verdadeira loucura seria ignorar o aquecimento global, algo que frequentemente fazem aqueles que a criticam.
Para Madalosso, a tática de Trump, de rotular uma mulher como “louca”, é um expediente comum utilizado quando não há argumentos consistentes ou relevantes para se opor a ela. Essa mesma ausência de embasamento é observada nos comentários ofensivos que inundam as redes sociais e os portais de notícias, reforçando um padrão de desqualificação baseado em preconceitos e não em fatos. A relevância do ativismo juvenil na pauta climática é endossada por organizações internacionais, como a ONU, que constantemente emite alertas e relatórios sobre a urgência da crise ambiental global.

Imagem: www1.folha.uol.com.br
Independentemente de qualquer preferência pessoal pela figura pública de Greta, Giovana Madalosso argumenta que sua retidão é inegável. A persistência e intensidade do ódio direcionado à ativista levantam a questão central: por que tanta raiva? Madalosso propõe que Greta Thunberg, assim como inúmeras mulheres historicamente perseguidas e atualmente linchadas nas “praças públicas” digitais, fascina e assombra simultaneamente.
Ela fascina por sua notável força e disposição, qualidades que, segundo a autora, superam as de muitos de seus detratores, que se limitam a proferir ódio de seus “sofás”, sem efetivamente buscar mudanças. Por outro lado, a ativista assombra por sua inabalável resiliência. Greta não se acua, não se deixa inibir pela violência patriarcal e, mesmo diante de humilhações, como as experimentadas durante sua prisão, não busca direcionar o holofote para si própria ou assumir uma postura de vítima.
A integridade de Greta Thunberg se manifesta também em sua fidelidade às próprias convicções. Mesmo que essa postura lhe custe um certo ostracismo midiático, a ativista permanece firme, contrastando com a busca desesperada por sucesso, fama, aceitação ou meros likes que move grande parte das pessoas, incluindo aqueles que proferem comentários vazios e repletos de ódio.
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A coluna de Giovana Madalosso oferece uma perspectiva profunda sobre o fenômeno do ódio online, especificamente focado na **misoginia contra Greta Thunberg**. A análise dos ataques não apenas revela o lado sombrio da interação digital, mas também sublinha a importância da retidão e da persistência em face da adversidade. Para continuar acompanhando análises sobre figuras públicas e questões sociais, explore nossa editoria de Análises.
Crédito da imagem: Tom Little – 7.out.25/Reuters