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Haddad cobra acordo sobre MP do IOF no Congresso

Política

Nesta quarta-feira, 8 de outubro de 2025, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, fez uma cobrança incisiva ao Congresso Nacional para que seja cumprido o acordo previamente estabelecido com o governo federal. A demanda central gira em torno da Medida Provisória (MP) 1.303/2025, um instrumento legislativo crucial que propõe uma alternativa à elevação do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF). A validade desta MP se encerra na noite do mesmo dia, e sua aprovação é vista como fundamental para assegurar o equilíbrio das contas públicas no próximo ano, 2026.

A MP em questão não apenas visa evitar o aumento do IOF, mas também introduz novas fontes de arrecadação para o Estado, incluindo a tributação sobre investimentos. O ministro, em declaração feita na sede do Ministério da Fazenda, em Brasília, ressaltou que o texto da medida é resultado de um longo processo de negociação, com concessões de ambas as partes. Ele classificou o documento como “sóbrio”, capaz de guiar o país para um fechamento de ciclo pautado na sustentabilidade tanto social quanto econômica.

Haddad cobra acordo sobre MP do IOF no Congresso

Haddad reiterou que a expectativa do governo é simplesmente o cumprimento do que foi pactuado. Durante todo o processo de elaboração e negociação da MP 1.303/2025, o titular da pasta econômica salientou que o Executivo manteve um diálogo constante com os parlamentares, incorporando diversas sugestões e atendendo a múltiplos pedidos vindos do Legislativo. Esse engajamento mútuo foi essencial para moldar o formato final da proposta, buscando um consenso que garantisse a viabilidade e a eficácia das medidas fiscais.

Concessões Governamentais e o Impacto Fiscal

Entre as importantes concessões realizadas pelo governo durante as negociações da MP, destacam-se a manutenção da isenção do Imposto de Renda para títulos do agronegócio e do setor imobiliário, notadamente as Letras de Crédito Imobiliário (LCIs) e Letras de Crédito do Agronegócio (LCAs). Outra alteração significativa foi a uniformização da alíquota de 18% para aplicações financeiras e Juros sobre Capital Próprio (JCP). Na prática, essa medida representa um pequeno aumento na taxação de aplicações financeiras, que passa de 17,5% para 18%, e uma redução na alíquota do JCP, de 20% para 18%. Essas mudanças visam simplificar o sistema e buscar uma maior equidade tributária.

Inicialmente, a expectativa de arrecadação com a MP girava em torno de R$ 20 bilhões. Contudo, devido às negociações e concessões, essa projeção foi ajustada para R$ 17 bilhões. Mesmo com a redução, o governo mantém a convicção de que o texto final da medida assegura recursos suficientes para evitar cortes em programas sociais vitais. Fernando Haddad enfatizou que a MP representa um “chamamento à responsabilidade do 1% mais rico”, sem impor ônus adicionais sobre o trabalhador brasileiro, sublinhando o caráter progressivo e social da proposta.

A Resistência Política no Congresso

Apesar do esforço para o consenso, a votação da MP 1.303/2025 no Congresso Nacional tem enfrentado considerável resistência, especialmente por parte de partidos que compõem o centrão. Esses grupos se mobilizam ativamente contra a aprovação do texto. Fernando Haddad atribui essa oposição a motivações de cunho político. O ministro traçou um paralelo com o cenário de desorganização fiscal que, segundo sua análise, marcou as eleições presidenciais de 2022. Naquela ocasião, desonerações e adiamentos de precatórios teriam sido promovidos com fins eleitorais.

Haddad argumentou que os mesmos atores políticos que contribuíram para a desorganização do país em 2022, utilizando medidas com propósitos eleitorais, agora estariam buscando uma inversão de sinal. O objetivo seria restringir o orçamento para prejudicar a atual gestão. O ministro alertou que essa estratégia, ao invés de atingir apenas o governo, acabaria por causar danos significativos ao Brasil como um todo. Contudo, ele fez questão de isentar o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), reconhecendo que as divergências atuais não são de mérito técnico, mas sim fruto de uma “disputa política”, já que todas as questões técnicas teriam sido previamente pactuadas.

Haddad cobra acordo sobre MP do IOF no Congresso - Imagem do artigo original

Imagem: agenciabrasil.ebc.com.br

Mais Concessões e a Corrida Contra o Tempo

Anteriormente, o relator da Medida Provisória, deputado Carlos Zarattini (PT-SP), já havia reconhecido o clima de disputa eleitoral que permeia a discussão. Para que o texto fosse aprovado na comissão mista – por uma margem apertada de apenas um voto –, o governo teve que ceder em múltiplos pontos. Além de recuar na tributação de apostas esportivas e ativos virtuais, o Planalto optou por manter as isenções para letras de crédito, poupança e títulos do agronegócio, conforme já mencionado.

Adicionalmente, o governo concordou em elevar a Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) de 9% para 15% para as fintechs. Foram também criados regimes de regularização para apostas e criptoativos que não foram devidamente declarados. Em relação às empresas de apostas (bets), a administração federal desistiu da ideia de aumentar o imposto, mas implementou uma medida compensatória: as companhias que operavam no país antes da regulamentação do setor deverão recolher 30% da receita obtida nesse período pré-regularização.

A urgência da situação é crítica: a MP expira ainda nesta quarta-feira, 8 de outubro de 2025. Para que não perca sua validade, ela precisa ser votada e aprovada nos plenários tanto da Câmara dos Deputados quanto do Senado Federal. Caso a medida provisória caduque, o governo será forçado a buscar novas e rápidas alternativas de arrecadação para compensar a redução do IOF e, simultaneamente, cumprir as metas fiscais estabelecidas para 2026. A meta prevê um superávit primário de 0,25% do Produto Interno Bruto (PIB), equivalente a R$ 34,3 bilhões para o próximo ano. Em sua conclusão, Haddad foi categórico: “Descumprir acordo e lutar contra o país para preservar privilégios não vai conduzir a um bom lugar.” É crucial que o Congresso aja rapidamente para evitar um descompasso nas finanças públicas. Acompanhe as últimas notícias do Congresso Nacional para mais informações sobre o andamento legislativo.

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A situação envolvendo a MP 1.303/2025 demonstra a complexidade da gestão fiscal e a interdependência entre os poderes Executivo e Legislativo. A expectativa é que o Congresso Nacional tome uma decisão antes que a medida perca sua validade, garantindo a estabilidade econômica e a continuidade dos programas sociais. Para mais análises sobre política econômica e os desdobramentos no cenário nacional, continue acompanhando nossa editoria de Política.

Crédito da imagem: Lula Marques/ Agência Brasil.

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