Hugo Motta avalia repactuação do governo com Congresso após recentes demissões em cargos do Executivo, segundo declaração do presidente da Câmara dos Deputados. Em entrevista ao programa de Miriam Leitão, na “GloboNews”, o parlamentar expressou sua visão de que as exonerações de figuras indicadas por partidos da base aliada, que não têm acompanhado as votações governistas, configuram uma clara estratégia do governo para renegociar e fortalecer seus laços com as legendas no Legislativo.
Motta, representante do Republicanos/PB, enfatizou a importância de uma abordagem equilibrada por parte do Executivo neste processo de rearranjo. Ele alertou que “nem sempre gestos que representam ruptura ajudam, eles elevam a tensão”, sugerindo que a busca por uma nova composição deve focar em atrair parlamentares que estejam dispostos a contribuir efetivamente com a agenda governamental, evitando medidas que possam aprofundar o distanciamento político. A expectativa, portanto, é que o governo consiga acertar na “dose” ao buscar essa aproximação.
Hugo Motta avalia repactuação do governo com Congresso
A relação entre Executivo e Legislativo também tem sido impactada significativamente pela questão da execução orçamentária, conforme apontou o presidente da Câmara. Ele destacou que o atraso na aprovação do Orçamento no ano anterior, resultado de decisões do Supremo Tribunal Federal, gerou penalidades para diversos municípios brasileiros. Esse cenário complexo levou a uma morosidade na liberação das emendas parlamentares, essenciais para o desenvolvimento local, e tem sido alvo de intensa cobrança por parte dos prefeitos e gestores municipais.
O parlamentar frisou que a lentidão na execução dos recursos e o aumento da burocracia são fatores que têm dificultado a governabilidade do país. Para Motta, qualquer ajuste na relação entre os poderes não pode se restringir apenas à distribuição de cargos ou “espaços”, mas deve, obrigatoriamente, contemplar uma revisão e uma desburocratização da gestão das emendas parlamentares, que representam um pilar fundamental na interlocução do parlamentar com suas bases eleitorais e na viabilização de projetos de interesse público.
O Debate sobre Emendas Parlamentares e a MP 1.303
Referindo-se à declaração do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, sobre a necessidade de cortar R$ 7 bilhões em emendas parlamentares — uma medida ventilada em razão da não aprovação da Medida Provisória 1.303, que regulamenta a tributação de apostas esportivas e empresas de tecnologia financeira (bets e fintechs) —, Hugo Motta manifestou que o tema pode ser debatido de forma construtiva. Ele defende a importância dessas emendas para o trabalho legislativo e para a atenção às demandas da sociedade.
Motta expressou a intenção de alinhar essa pauta em futuras conversas com o presidente da República, buscando soluções que não comprometam a autonomia e a capacidade de atuação dos parlamentares. Para ele, é crucial encontrar um caminho que permita discutir os ajustes fiscais sem que isso resulte em prejuízos para os projetos e investimentos viabilizados pelas emendas.
Polarização Política e Reações em Eventos Públicos
Questionado sobre as vaias que recebeu durante um evento com professores no Rio de Janeiro, o presidente da Câmara atribuiu as manifestações à polarização política que caracteriza o país. Ele afirmou que, em sua posição de liderança no Legislativo, assume a responsabilidade de “enfrentar os temas que são necessários ao país”, mesmo em um ambiente de intensas divisões ideológicas.

Imagem: Wenderson Araújo via valor.globo.com
Motta minimizou a importância das manifestações, qualificando-as como obra de uma minoria e um fenômeno natural em um regime democrático. Apesar do clima de tensão, ele ressaltou que a Câmara dos Deputados tem conseguido aprovar pautas importantes, citando as votações relacionadas à Educação ocorridas no dia anterior à entrevista. O presidente justificou sua presença no evento com os professores no Rio, a convite do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, como um compromisso com a agenda educacional do país.
A Qualificação da Relação entre Executivo e Legislativo
Em resposta às críticas do presidente Lula, que em uma ocasião se referiu ao Congresso Nacional como de “baixo nível”, Motta contextualizou as declarações. Ele ponderou que, assim como o presidente criticou o Legislativo, diversos parlamentares também tecem críticas veementes ao governo, muitas vezes “saindo do tom” em episódios de embate. O presidente da Câmara reconheceu que o cenário político é marcado por essa dinâmica, com o governo de um partido de esquerda e uma Câmara com uma direita numerosa.
Contudo, Motta interpretou a crítica de Lula como direcionada mais especificamente à extrema direita no Congresso, e não de forma generalizada. Ele argumentou que o atual Congresso, apesar das tensões e divergências, aprovou praticamente todas as propostas enviadas pelo governo, o que contradiria uma avaliação de “baixo nível” em sua totalidade. Motta revelou que, durante a viagem de volta a Brasília, teve uma conversa com Lula sobre a necessidade premente de requalificar a relação entre os Poderes Executivo e Legislativo, um assunto que, segundo ele, será retomado em um encontro pessoal futuro. O objetivo, afirmou, é “equalizar essa relação e a blindar, para que seja uma relação que trate da governabilidade”, assegurando a estabilidade e a funcionalidade da gestão pública no Brasil, conforme aprofundado em debates sobre a dinâmica parlamentar brasileira.
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A análise de Hugo Motta sublinha a complexidade da interação entre o Executivo e o Legislativo, evidenciando que a governabilidade depende não apenas de alinhamentos políticos, mas também de uma eficiente execução orçamentária e da capacidade de diálogo. As tensões, embora inerentes ao ambiente democrático, exigem contínua busca por consensos e ajustes estratégicos. Para continuar acompanhando as nuances da política nacional e outras análises aprofundadas, navegue por nossa editoria de Política.