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Ibovespa: Mercado reage a balanços e tensões globais

Economia

O Ibovespa opera sob a influência de um complexo panorama global e nacional nesta quinta-feira, 16 de outubro. Enquanto balanços corporativos positivos no exterior impulsionam os mercados, as crescentes tensões comerciais entre Estados Unidos e China e as expectativas em torno das políticas monetárias de bancos centrais como o Europeu (BCE) e o Federal Reserve (Fed) dominam o cenário internacional. No Brasil, o foco se volta para a divulgação de dados de atividade econômica, como o Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br), e declarações de autoridades econômicas.

A jornada financeira global demonstra uma bifurcação entre otimismo e cautela. A euforia gerada por resultados empresariais robustos, especialmente no setor de tecnologia, contrasta com a preocupação constante com as disputas comerciais entre as duas maiores economias do mundo. Essa dinâmica tem o potencial de ancorar ou desestabilizar a confiança dos investidores, impactando desde as grandes bolsas de valores até as cotações de commodities essenciais.

Ibovespa: Mercado reage a balanços e tensões globais

O ambiente econômico internacional foi notadamente impulsionado por uma série de balanços corporativos positivos. Um dos destaques é o lucro recorde da TSMC (Taiwan Semiconductor Manufacturing Company) no terceiro trimestre. A gigante taiwanesa de chips superou as estimativas de mercado, registrando 410,58 bilhões de novos dólares taiwaneses, um valor que excede seu próprio recorde anterior, de 398,27 bilhões. Esse resultado é atribuído principalmente à forte demanda por chips utilizados em tecnologias de inteligência artificial, sinalizando um setor aquecido e com perspectivas de crescimento.

Na Europa, a Nestlé, uma das maiores empresas de alimentos do mundo, viu suas ações saltarem mais de 8% após reportar uma recuperação robusta nas vendas. Além disso, a empresa anunciou planos de demitir 16.000 funcionários, o que, embora impactante socialmente, é visto pelo mercado como uma medida de reestruturação para otimização de custos e melhora da eficiência. A expectativa se mantém para outros resultados importantes de empresas como Nordea Bank, EQT e ABB, além da divulgação dos dados mensais do PIB do Reino Unido, que oferecerão mais sinais sobre a saúde da economia britânica.

Tensões Geopolíticas e seus Efeitos Globais

Paralelamente aos balanços, as tensões geopolíticas continuam a ser um fator de peso. A disputa comercial entre Estados Unidos e China, especialmente em relação ao controle de terras raras, gerou um novo capítulo de acusações. A China culpou os EUA por alimentar o pânico global sobre seus controles de terras raras e refutou as declarações do secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, que teriam distorcido comentários de um negociador chinês. Pequim rejeitou um apelo da Casa Branca para reverter as restrições, intensificando a retórica entre as duas nações.

O jornal oficial do Partido Comunista chinês publicou uma refutação detalhada de sete pontos, após negociadores dos EUA sugerirem que a China poderia evitar as tarifas de 100% ameaçadas pelo presidente Donald Trump, descartando as medidas que entrarão em vigor em 8 de novembro. Embora os investidores tenham demonstrado alívio pela evitação de aumentos tarifários retaliatórios em março e abril, cada troca de farpas eleva o risco de inviabilizar um encontro entre Trump e o presidente chinês Xi Jinping na Coreia do Sul no final deste mês, um evento que até agora tem sido um ponto de estabilidade para os mercados globais.

A diplomacia brasileira também esteve em pauta. O chanceler Mauro Vieira viajou a Washington levando a cobrança pelo fim de sanções e tarifas contra o Brasil. A reunião com o senador Marco Rubio é vista como um preparativo para um possível encontro entre os presidentes Lula e Trump, marcando uma tentativa de reaproximação após um período de crise diplomática.

Ainda no cenário político internacional, a Venezuela expressou forte rejeição às declarações de Donald Trump, nas quais ele admitiu publicamente ter autorizado a CIA a realizar operações secretas no país sul-americano. O governo venezuelano classificou a declaração como uma violação do direito internacional e da carta das Nações Unidas, argumentando que as ações dos EUA visam legitimar uma operação de mudança de regime para se apoderar dos recursos petrolíferos do país.

Perspectivas da Política Monetária e Atividade Econômica

As decisões dos bancos centrais continuam a moldar as expectativas dos investidores. O novo presidente do banco central da Áustria e membro do Conselho do BCE, Martin Kocher, expressou, em entrevista à revista alemã WirtschaftsWoche, ver pouco espaço para novos cortes nas taxas de juros por parte do Banco Central Europeu. Segundo Kocher, a instituição estaria “muito próxima” ou já no “fim do ciclo de redução das taxas de juros”.

Essa visão é corroborada pelo chefe interino do banco central da Eslovênia, Primoz Dolenc, que afirmou que o BCE deve manter as taxas de juros estáveis, a menos que ocorram novos choques econômicos significativos. Dolenc rechaça argumentos de que a inflação pode cair excessivamente sem mais flexibilização monetária, destacando que os riscos de inflação estão equilibrados em torno do cenário base, e que a postura atual da política monetária “não alimenta as pressões inflacionárias nem restringe o crescimento econômico”. O BCE já havia cortado as taxas em 2 pontos percentuais até junho, mantendo-as estáveis desde então em meio a debates sobre tarifas, o aumento fiscal da Alemanha ou um euro forte poderem afastar a alta dos preços de sua meta de 2%. Para mais informações sobre a política monetária do Banco Central Europeu, você pode consultar o site oficial do BCE.

No Brasil, a atenção se volta para o Banco Central, que divulgou às 9h o resultado de agosto do Índice de Atividade Econômica (IBC-Br). A expectativa em pesquisa da Reuters era de alta de 0,60%. Além disso, o diretor de Política Monetária do BC, Nilton David, palestrou pela manhã em evento organizado pela UBS BB em Washington, adicionando mais um ponto de análise para o mercado local.

O ministro da Fazenda, Durigan, negou veementemente as especulações sobre alternativas à Medida Provisória (MP) derrubada, afirmando que tudo que tem saído sobre o assunto é pura especulação. Ele categoricamente refutou a discussão de um possível aumento do imposto de importação ou de exportação, buscando acalmar o mercado em relação a potenciais mudanças na política fiscal.

Destaques Corporativos e Mercado de Commodities

No âmbito corporativo nacional, a WEG (WEGE3) anunciou a aquisição de aproximadamente 54% do capital social da Tupinambá Energia, conhecida como Tupi Mob, por R$38 milhões. O negócio, focado em soluções para redes de recarga de veículos elétricos, está sujeito a aprovações regulatórias. A aquisição representa um passo importante para a WEG, abrindo caminho para a expansão gradual do modelo em mercados internacionais e consolidando um ecossistema inovador e eficiente para recarga de veículos elétricos, conforme comunicado ao mercado.

O mercado de commodities apresentou movimentos distintos. Os preços do petróleo subiram após o presidente Donald Trump declarar que o primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, prometeu que seu país deixaria de comprar petróleo da Rússia, que atualmente fornece cerca de um terço das importações indianas. Essa declaração impulsionou as cotações, com o Petróleo WTI registrando alta de 0,63% (US$ 58,64 o barril) e o Petróleo Brent com elevação de 0,58% (US$ 62,27 o barril).

Em contraste, as cotações do minério de ferro na China fecharam em baixa, atingindo uma mínima de mais de seis semanas. O acúmulo de estoques de aço na China gerou dúvidas sobre as perspectivas de demanda da commodity, pressionando os preços. O minério de ferro negociado na bolsa de Dalian recuou 0,90%, fechando a 773,50 iuanes (equivalente a US$ 108,54).

Desempenho dos Mercados Globais

As bolsas europeias operaram de forma mista, aguardando o voto de confiança no premiê da França, Sébastien Lecornu, que sobreviveu a uma segunda votação na Assembleia Nacional, apresentada pelo Reunião Nacional, de extrema-direita, que recebeu 144 votos, abaixo dos 289 necessários para aprovação. O STOXX 600 avançou 0,36%, o DAX (Alemanha) +0,11%, o CAC 40 (França) +0,65% e o FTSE MIB (Itália) +0,31%. O FTSE 100 (Reino Unido), contudo, registrou queda de 0,15%.

Os mercados da Ásia-Pacífico, por sua vez, fecharam majoritariamente em alta. O índice Kospi, da Coreia do Sul, alcançou um recorde após o Fundo Monetário Internacional (FMI) aumentar a previsão de crescimento do país para 2025 de 0,8% para 0,9% em seu relatório de perspectivas de outubro. As ações sul-coreanas também foram impulsionadas pela declaração de Scott Bessent, secretário do Tesouro dos EUA, de que Washington estava prestes a finalizar negociações comerciais com o país asiático. O Shanghai SE (China) subiu 0,10%, o Nikkei (Japão) +1,27%, o Nifty 50 (Índia) +0,90% e o ASX 200 (Austrália) +0,86%. O Hang Seng Index (Hong Kong) foi uma exceção, com queda de 0,09%.

Nos Estados Unidos, os índices futuros operavam em alta nesta quinta-feira, impulsionados pelos fortes lucros em Wall Street, o que permitiu aos investidores ignorar, em parte, as crescentes tensões comerciais. Os rendimentos dos títulos do Tesouro americano recuaram após o Livro Bege do Federal Reserve (Fed) confirmar as expectativas de novos cortes nas taxas de juros. O Dow Jones Futuro subia 0,36%, o S&P 500 Futuro +0,36% e o Nasdaq Futuro +0,51%.

Panorama do Dia Anterior no Mercado Nacional

A quarta-feira, 15 de outubro, encerrou com o Ibovespa em alta de 0,65%, atingindo 142.603,66 pontos, com máxima de 142.905,10 e mínima de 141.153,91 pontos, e um volume negociado de R$ 26,60 bilhões. No acumulado da semana, o índice registrou um ganho de 1,37%, embora ainda apresentasse quedas de 2,48% em outubro e no quarto trimestre de 2025, com um crescimento acumulado de 18,56% no ano de 2025.

Os juros futuros (DIs) apresentaram um fechamento misto. As taxas para DI1F26 e DI1F27 registraram pequenas altas de 0,003 e 0,040 ponto percentual, respectivamente, fechando em 14,895% e 14,035%. Já as taxas para DI1F28, DI1F29, DI1F31, DI1F32, DI1F33 e DI1F35 tiveram quedas entre 0,010 e 0,135 ponto percentual, refletindo uma leve descompressão nas pontas mais longas da curva.

O dólar comercial encerrou a sessão de ontem com uma queda de 0,13%, negociado a R$ 5,462 na venda e R$ 5,462 na compra. O movimento acompanhou a desvalorização da divisa norte-americana em relação às principais moedas globais, com o índice DXY caindo 0,29%, para 98,76 pontos. A mínima do dólar no dia foi de R$ 5,433 e a máxima de R$ 5,471.

Entre as ações, as maiores baixas de ontem foram EMBR3 (-2,44% a R$ 80,63), BRAV3 (-2,24% a R$ 15,29) e PRIO3 (-2,04% a R$ 34,60). No lado positivo, destacaram-se ASAI3 (+5,98% a R$ 8,68), MRVE3 (+4,81% a R$ 6,54) e RADL3 (+4,54% a R$ 19,59). As ações mais negociadas foram BBAS3, ELET3 e VALE3.

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Em suma, o mercado financeiro desta quinta-feira é um reflexo da interconexão entre balanços robustos de empresas globais, a persistente tensão comercial entre grandes potências e as cautelosas, mas atentas, declarações de autoridades monetárias. Fatores nacionais, como dados de atividade econômica e movimentações políticas, também contribuem para o cenário de incertezas e oportunidades. Para se manter atualizado sobre o universo da economia e dos investimentos, explore mais artigos em nossa editoria de Economia.

Crédito da imagem: InfoMoney

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