O Mercado de Fibra Óptica no Brasil, após um período de intensa expansão impulsionada pela pandemia de COVID-19, entra agora em uma fase de crescimento moderado. A necessidade premente de conectividade robusta e de alta velocidade para o trabalho remoto e o entretenimento digital levou a uma demanda antecipada, culminando em um amadurecimento significativo do setor. Atualmente, a fibra óptica consolidou sua posição como espinha dorsal da banda larga nacional, respondendo por impressionantes 74% de todas as conexões no país. Dados recentes da consultoria Omdia revelam que o setor registrou um incremento de 10% no segundo trimestre de 2025, em comparação com o mesmo período do ano anterior, sinalizando uma estabilização após a euforia inicial.
João Moura, especialista da consultoria Valuetec, explica que essa moderação no crescimento do mercado de fibra óptica no segmento B2C (business to consumer) é um reflexo do fato de que grande parte da população com interesse e capacidade de adquirir serviços de banda larga fixa já o fez. O cenário atual exige das operadoras não apenas a manutenção de um ritmo constante de investimento em infraestrutura, mas também uma reavaliação estratégica para continuar a atrair e reter clientes em um ambiente cada vez mais competitivo.
Mercado de Fibra Óptica no Brasil: Crescimento Moderado
Conforme dados fornecidos pela Anatel, o mercado de fibra óptica brasileiro totaliza aproximadamente 53 milhões de conexões. Desse volume expressivo, 23 milhões de acessos são gerenciados pelas grandes operadoras – Vivo, Oi e Claro –, as quais detêm uma fatia de 45% do mercado, conforme assinala Ari Lopes, gerente-sênior de Service Providers Americas da Omdia. Por outro lado, as operadoras competitivas e os provedores de serviços de internet (ISPs) respondem juntos por 30 milhões de acessos, o que representa uma participação majoritária de 57% do total de conexões de fibra óptica no território nacional. Este panorama ressalta a importância crescente dos players menores e regionais no cenário da conectividade.
Diante deste cenário de maturação, as empresas de telecomunicações enfrentam desafios consideráveis. Mesmo com taxas de crescimento mais contidas e limitações na geração de novas receitas significativas, a necessidade de investimentos contínuos na atualização e expansão das redes de fibra óptica é imperativa. A demanda dos consumidores por conexões cada vez mais estáveis, rápidas e serviços de alta qualidade não cede, o que pressiona as operadoras a manterem um elevado padrão de infraestrutura. Contudo, esse dispêndio para garantir a performance da rede nem sempre se traduz em um crescimento correspondente no número de novos clientes ou em incrementos substanciais de receita.
Para superar esse impasse, a busca por eficiência operacional torna-se crucial. As operadoras precisam otimizar suas operações para sustentar o ritmo de investimentos em modernização de suas infraestruturas de fibra sem depender exclusivamente de um aumento massivo de novos usuários ou de novas fontes de renda. Paralelamente, o setor exige uma consolidação constante, dada a intensa concorrência. José Carlos Rocha, diretor-executivo de marketing e vendas da Vero, pontua que o Brasil possui um número expressivo de provedores de fibra óptica, superando, inclusive, a quantidade de cidades. Ele destaca que o alto custo de capital atual impõe uma gestão ainda mais rigorosa nos processos de consolidação, um movimento natural do setor. Rocha também enfatiza a inovação como um diferencial vital, visto que a fibra tem se tornado uma commodity, exigindo das empresas a busca por qualidade e novidade nos serviços oferecidos.
Grandes players como a Vivo continuam a apostar fortemente na expansão da fibra óptica no mercado brasileiro, considerando-a um pilar central de sua estratégia de crescimento. A empresa planeja investir anualmente R$ 9 bilhões para ampliar sua cobertura e manter sua infraestrutura de rede atualizada. Recentemente, a Vivo também destinou R$ 850 milhões para aumentar sua participação na FIBrasil, uma empresa de rede de fibra neutra, atingindo 75,01% de controle, enquanto os 24,99% restantes permanecem com a Telefônica Infra. Com uma cobertura que já alcança 30 milhões de domicílios em 447 cidades, a Vivo demonstra seu compromisso em fortalecer sua presença neste setor estratégico.
A Claro, por sua vez, também mantém um plano robusto de investimentos em infraestrutura e tecnologia de ponta para o mercado de fibra óptica. A operadora tem sido consistentemente reconhecida pela Anatel como líder em internet fixa de ultravelocidade e, segundo o Ookla Speedtest, possui o Wi-Fi mais rápido e a rede fixa melhor avaliada no Brasil. Tais reconhecimentos reforçam a qualidade dos seus serviços enquanto a empresa prossegue com a expansão de sua rede de fibra óptica, consolidando sua posição no cenário nacional.
O conceito de redes neutras ganha destaque neste cenário de otimização de custos e concorrência acirrada. A V.tal, empresa especializada em soluções de infraestrutura digital neutra, está ativamente investindo na modernização de sua infraestrutura de redes neutras, projetadas para atender simultaneamente a diversas operadoras. Lucas Aliberti, CCO da V.tal, observa que este é um momento oportuno para o modelo de rede neutra, pois permite às operadoras de telecom racionalizar despesas. Ele argumenta que para essas empresas, obter retorno sobre as iniciativas de expansão é mais viável utilizando infraestruturas compartilhadas, em vez de arcar com os custos e complexidade da montagem de suas próprias redes.
Recentemente, a V.tal formalizou uma parceria estratégica com a Algar, empresa do Grupo Algar focada em TI e telecomunicações. Através deste acordo, a Algar passará a utilizar a solução de rede neutra compartilhada FTTH (fiber to the home) da V.tal, que já possui um alcance impressionante de mais de 22 milhões de lares em todos os estados brasileiros. Esta colaboração permitirá à Algar expandir significativamente sua atuação para novas cidades, oferecendo aos seus clientes planos de internet com velocidades que podem chegar a 2 Gbps, exemplificando a eficiência e o potencial de crescimento que as redes neutras proporcionam no mercado de fibra óptica.
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O cenário atual do mercado de fibra óptica no Brasil, caracterizado por um crescimento moderado e uma acirrada concorrência, exige das operadoras um foco redobrado em eficiência e inovação. A busca por diferenciação e a adoção de modelos como as redes neutras são cruciais para a sustentabilidade e a expansão do setor. Para aprofundar-se nas tendências econômicas e nos desafios que moldam os diversos setores do país, explore nossa editoria de Economia e mantenha-se informado sobre os principais acontecimentos.
Crédito da imagem: Valor Econômico