O Ministério da Saúde anunciou, nesta sexta-feira, 10 de novembro, o envio de uma nota técnica atualizada a todos os estados e municípios brasileiros. O documento contém diretrizes revisadas para o atendimento e a notificação de ocorrências de intoxicação por metanol, especialmente aquelas decorrentes do consumo de bebidas alcoólicas adulteradas. A medida visa aprimorar a resposta do sistema de saúde pública diante desses eventos, garantindo uma atuação mais eficaz e coordenada em todo o território nacional.
De acordo com a pasta, a atualização é abrangente e foca em diversos aspectos cruciais para a vigilância e o manejo de casos. Entre as inovações, destacam-se a revisão dos critérios para a confirmação de casos, a descrição detalhada do fluxo de análise laboratorial, os procedimentos para a solicitação de insumos essenciais e a exigência de notificação imediata ao Centro de Informações Estratégicas em Vigilância em Saúde (Cievs).
Metanol: Ministério da Saúde atualiza orientações para estados
A partir das novas diretrizes, a confirmação de casos que demandam tratamento é agora alicerçada em uma combinação de fatores: o histórico inequívoco de ingestão de bebida alcoólica suspeita, a manifestação de um quadro clínico compatível e a presença de achados laboratoriais que corroborem a suspeita de intoxicação por metanol. Para os casos considerados suspeitos, a persistência ou a piora dos sintomas no período de seis a 72 horas após a ingestão de álcool adulterado passa a ser um indicador crítico.
O documento técnico também estabelece definições claras para casos confirmados, descartados e em investigação, padronizando a abordagem em nível nacional. Adicionalmente, reitera a necessidade de notificação imediata aos Cievs estaduais, que, por sua vez, devem comunicar o Cievs nacional utilizando o Disque-Notifica (0800-644-6645) e o sistema e-Notifica. Apesar da urgência da notificação imediata, o registro formal no Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan) permanece sendo uma etapa obrigatória, conforme reforçado pelo Ministério da Saúde em seu comunicado oficial.
Fluxo Laboratorial para Análise de Metanol
A definição do laboratório responsável pelas análises de amostras, segundo a pasta, é uma prerrogativa de cada estado, com prioridade para as unidades que integram a rede do Centro de Informações Toxicológicas (CIATox) ou os laboratórios da Polícia Científica. Essa descentralização busca agilizar o processo e otimizar a resposta local.
Nos cenários em que um estado não possuir a capacidade técnica para realizar as análises necessárias, as amostras coletadas devem ser encaminhadas ao Laboratório Central de Saúde Pública (Lacen) da respectiva federação. Posteriormente, o Lacen tem a responsabilidade de direcionar o material para o CIATox-Campinas, centro de referência com expertise em toxicologia, garantindo que todas as amostras sejam devidamente processadas e avaliadas.
Até o presente momento, o Ministério da Saúde informou que 21 estados já estabeleceram e definiram seus próprios fluxos para o encaminhamento e a análise eficaz das amostras suspeitas de contaminação por metanol. O Brasil dispõe de um total de 32 CIATox, que são reconhecidos como centros de excelência em toxicologia, oferecendo orientação, diagnóstico e manejo de intoxicações, além de um importante apoio à toxicovigilância e à gestão de riscos químicos. Para os estados que ainda não contam com um CIATox, a Anvisa disponibiliza gratuitamente o serviço Disque-Intoxicação, acessível pelo número 0800 722 6001, como um recurso vital para o enfrentamento dessas emergências de saúde.
Disponibilidade de Antídotos para Intoxicação por Metanol
Em um esforço contínuo para fortalecer a capacidade de resposta do Sistema Único de Saúde (SUS), o Brasil recebeu, na quinta-feira, 9 de novembro, um lote com 2,5 mil unidades do antídoto fomepizol. Este medicamento é crucial para o tratamento eficaz de intoxicações por metanol e reforça o estoque estratégico nacional para emergências de saúde pública.
A distribuição do antídoto já foi iniciada, com 1,5 mil unidades destinadas aos estados. São Paulo foi o primeiro a receber uma parcela significativa do medicamento, totalizando 288 unidades, devido ao alto número de casos registrados em seu território. A previsão é que outros estados com ocorrências suspeitas de intoxicação por metanol também recebam o fomepizol. Entre eles, destacam-se Pernambuco (68 unidades), Paraná (84), Rio de Janeiro (120), Rio Grande do Sul (80), Mato Grosso do Sul (20), Piauí (24), Espírito Santo (28), Goiás (52), Acre (16), Paraíba (28) e Rondônia (16).

Imagem: agenciabrasil.ebc.com.br
Após a etapa inicial, a distribuição será ampliada para abranger todo o país, garantindo o acesso ao antídoto onde for necessário. Além disso, mil ampolas do medicamento permanecerão no estoque estratégico do governo federal, assegurando uma reserva para futuras necessidades e emergências não previstas.
Etanol Farmacêutico como Recurso Terapêutico
Paralelamente à distribuição do fomepizol, mais de 1,4 mil unidades de etanol farmacêutico também foram enviadas a 11 estados. Este insumo é vital, pois é utilizado para mitigar a gravidade da intoxicação por metanol, funcionando como um tratamento adjuvante. Os estados contemplados nesta remessa foram Acre (30 unidades), Alagoas (60), Bahia (90), Ceará (120), Distrito Federal (90), Goiás (75), Mato Grosso do Sul (60), Paraná (360), Pernambuco (480), Rio Grande do Sul (60) e Rio de Janeiro (60).
Identificação de Sinais e Sintomas de Intoxicação por Metanol
O Ministério da Saúde reiterou a importância de estar atento aos sinais e sintomas da intoxicação por metanol, que podem manifestar-se com um atraso considerável, variando de seis a 72 horas após a ingestão de bebidas alcoólicas adulteradas. Essa latência dificulta o diagnóstico precoce e exige vigilância.
Os sintomas iniciais frequentemente mimetizam uma embriaguez prolongada que não cede, acompanhada de manifestações gastrointestinais como náuseas, vômitos e uma dor abdominal forte ou desconforto gástrico acentuado. Progressivamente, podem surgir sintomas neurológicos, incluindo dor de cabeça persistente, tontura e um estado de confusão mental. A pasta enfatizou que, ao apresentar qualquer um desses sintomas, especialmente alterações visuais, após consumir bebida alcoólica, é imprescindível buscar atendimento em um serviço de emergência mais próximo sem demora, pois a intervenção rápida é crucial para a recuperação e para evitar sequelas graves.
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As novas orientações emitidas pelo Ministério da Saúde reforçam o compromisso com a saúde pública, padronizando procedimentos e garantindo que estados e municípios estejam mais preparados para enfrentar os desafios impostos pela intoxicação por metanol. A agilidade no diagnóstico, a disponibilidade de antídotos e a comunicação efetiva são pilares para proteger a população. Para mais informações sobre políticas públicas e iniciativas governamentais na área da saúde, continue acompanhando nossa editoria de Política.
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