Militares EUA Ampliam Operações Antidrogas na América Latina com a criação de uma nova força-tarefa, anunciada pelo Pentágono nesta sexta-feira (10). A medida visa intensificar as operações militares já em curso, focadas no combate ao tráfico de narcóticos na região. Essa iniciativa, contudo, já levanta questionamentos entre especialistas jurídicos e parlamentares, que apontam para possíveis desafios legais e éticos nos métodos empregados.
O secretário de Defesa, Pete Hegseth, declarou que o principal objetivo da força-tarefa é “esmagar os cartéis, acabar com o veneno e manter os Estados Unidos seguros”. Em uma publicação na plataforma X, Hegseth reforçou a postura assertiva do governo, afirmando: “A mensagem é clara: se vocês traficarem drogas para nossas costas, nós os deteremos friamente”. Esta escalada nas ações sublinha a crescente preocupação de Washington com a segurança regional e o fluxo de entorpecentes.
Militares EUA Ampliam Operações Antidrogas na América Latina
Até o momento, as missões preexistentes têm se concentrado predominantemente em interceptar e atacar embarcações suspeitas de envolvimento com o tráfico de drogas nas águas do Caribe. Os registros indicam que militares americanos já causaram a explosão de pelo menos quatro dessas embarcações, resultando na morte de 21 pessoas em decorrência direta das operações. A nova força-tarefa será supervisionada pelo Comando Sul das Forças Armadas dos EUA, a unidade responsável por coordenar todas as operações americanas na América Latina.
A liderança da recém-formada força-tarefa será assumida pela 2ª Força Expedicionária de Fuzileiros Navais (MEF), uma divisão militar conhecida por sua capacidade de conduzir operações rápidas e eficientes em cenários internacionais. A 2ª MEF está sediada em Camp Lejeune, Carolina do Norte, e sua designação para esta missão reflete a prioridade dada à agilidade e precisão. O Almirante Alvin Holsey, que comanda o Comando Sul, enfatizou que a 2ª MEF, em sua sigla militar, “sincronizaria e aumentaria os esforços antidrogas em todo o Hemisfério Ocidental”. Holsey detalhou ainda que a constituição de uma força-tarefa em torno do quartel-general da 2ª MEF “aumenta nossa capacidade de detectar, interromper e desmantelar redes de tráfico ilícito mais rapidamente e com maior profundidade, juntamente com nossos homólogos dos EUA e das nações parceiras”.
Embora a criação da força-tarefa sinalize uma intensificação, não ficou imediatamente claro se a nova estrutura confere às tropas americanas na América Latina quaisquer autoridades adicionais ou expande seu escopo de ação. Esse ponto se torna particularmente relevante em um momento em que o então presidente Donald Trump ponderava a possibilidade de atacar potenciais locais de tráfico de drogas na Venezuela. O tenente-general dos Fuzileiros Navais Calvert Worth, líder da 2ª MEF e chefe da nova força-tarefa, sugeriu que o enfoque principal das operações permanece no ambiente marítimo. “Esse é um esforço principalmente marítimo, e nossa equipe aproveitará as patrulhas marítimas, a vigilância aérea, as interdições de precisão e o compartilhamento de inteligência para combater o tráfico ilícito, defender o estado de direito e, em última análise, proteger melhor as comunidades vulneráveis aqui em casa”, declarou Worth, delineando a estratégia da unidade.
As ações dos militares dos EUA na região têm gerado um crescente alarme entre parlamentares democratas e levantado sérias questões por parte de especialistas jurídicos. Esses críticos observam que o presidente Trump parecia testar os limites da lei ao expandir a abrangência do poder presidencial. Uma das principais preocupações reside na falta de transparência do governo: não foram detalhadas as provas que justificam as ações contra as embarcações ou indivíduos, tampouco foram divulgados os tipos de munição ou plataformas utilizadas nos ataques, ou a quantidade de drogas que supostamente estavam sendo transportadas.

Imagem: valor.globo.com
Ex-advogados militares têm sido vocais em suas críticas, argumentando que as justificativas legais apresentadas pelo governo Trump para o uso de força letal contra supostos traficantes de drogas no mar, em vez de sua prisão, não atendem aos critérios da lei de guerra. A lei de guerra exige o cumprimento de diversas condições antes de uma ação letal ser considerada legítima, incluindo o uso prévio de meios não letais, como disparos de advertência. A complexidade dessas operações e a forma como são conduzidas têm sido um ponto central de debate sobre a conformidade com as normas internacionais. Para aprofundar a compreensão sobre os desafios enfrentados pelas forças de defesa em cenários globais, leia mais sobre as operações militares dos EUA na América Latina.
Em um desenvolvimento significativo, o Pentágono informou ao Congresso, em uma notificação consultada pela agência Reuters na semana anterior, que o presidente Trump havia determinado que os Estados Unidos estão engajados em um “conflito armado não internacional”. Esta declaração representa um novo capítulo no confronto com os cartéis de drogas e visa fundamentar a justificativa legal do governo Trump para o emprego da força militar dos EUA na região do Caribe. Tal definição pode ter implicações profundas sobre as regras de engajamento e a condução futura dessas operações.
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Em suma, a ampliação das operações antidrogas dos militares dos EUA na América Latina, com a formação de uma nova força-tarefa, sinaliza um endurecimento na política de combate ao narcotráfico. No entanto, as estratégias empregadas e as justificativas legais continuam a ser objeto de intenso escrutínio. Para mais notícias e análises sobre política externa e segurança internacional, continue acompanhando a editoria de Política em nosso portal.
Crédito da imagem: Foto: Ching Oettel/US Army