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Montadoras dos EUA Mantêm Foco no Futuro dos Elétricos

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O futuro dos veículos elétricos nos EUA, outrora vislumbrado como totalmente eletrificado, apresenta um cenário de incertezas, mas as montadoras da América do Norte persistem em seus investimentos. Após o governo anterior de Donald Trump remover incentivos federais para a tecnologia, o entusiasmo inicial arrefeceu. A expiração de um crédito tributário federal de US$ 7.500 para veículos elétricos projeta uma queda nas vendas nos próximos trimestres e anos, pintando um panorama desafiador para o segmento.

Contrariando as expectativas de um recuo completo, a indústria automobilística global, e especificamente a norte-americana, não abandonou por completo a eletrificação. Gigantes do setor continuam a canalizar recursos para o desenvolvimento e a produção de veículos elétricos, mesmo que a meta inicial de uma frota totalmente eletrificada tenha sido ajustada para uma abordagem mais híbrida. Essa postura reflete não apenas uma adaptação às condições de mercado e regulatórias, mas também uma estratégia para não ficar para trás diante do avanço significativo dos veículos elétricos na China, um dos maiores mercados automotivos do mundo.

Montadoras dos EUA Mantêm Foco no Futuro dos Elétricos

A incerteza regulatória em relação aos carros movidos a gasolina em diversas regiões dos Estados Unidos e em mercados internacionais também impulsiona essa cautela calculada. Daniel Ives, analista de tecnologia da Wedbush Securities, observa uma flexibilização na postura das empresas. Segundo ele, montadoras como Ford, General Motors e Stellantis devem seguir “agressivamente” no caminho dos elétricos, mas com uma prudência maior do que a demonstrada há poucos anos, indicando uma fase de reavaliação estratégica para a transição energética da frota automotiva.

Recentemente, o setor testemunhou um movimento atípico nas vendas de veículos elétricos. O fim iminente do crédito tributário federal de US$ 7.500 provocou um pico de compras durante o terceiro trimestre, com consumidores apressando-se para garantir o benefício antes de sua expiração. Montadoras como Tesla, Ford e General Motors registraram volumes de vendas recordes para elétricos nesse período. A GM, em particular, mais que dobrou suas vendas de veículos elétricos nos EUA em comparação com o ano anterior, enquanto a Tesla reverteu meses de números em declínio. No entanto, especialistas preveem que, após esse impulso, as vendas retornarão a um ritmo mais lento e o crescimento sustentado pode levar um tempo considerável para se restabelecer.

Embora 10% de todos os carros vendidos nos EUA no último trimestre tenham sido elétricos, a projeção futura é menos otimista. Jim Farley, CEO da Ford, expressou no mês passado a expectativa de que as vendas de veículos elétricos caiam para 5% do mercado norte-americano, representando uma redução em relação aos aproximadamente 7% do ano anterior. Paul Jacobson, CFO da General Motors, corroborou essa visão, afirmando que sua empresa também antecipa uma “queda considerável na demanda por veículos elétricos”, sinalizando um período de ajuste para a indústria.

Grandes Investimentos Persistem, Apesar do Cenário Desafiador

Mesmo diante de um panorama que parece menos favorável, as grandes apostas no setor não cessam. Em agosto, a Ford anunciou um investimento robusto de US$ 5 bilhões na produção de veículos elétricos, uma iniciativa que a empresa batizou de “próximo momento Modelo T”. Essa designação faz uma referência direta ao icônico carro da Ford que, há mais de um século, popularizou os veículos de combustão interna, sugerindo uma ambição de revolucionar novamente o mercado. Jim Farley, embora reconheça que a indústria será “menor, muito menor do que pensávamos”, especialmente com as mudanças políticas, mantém a crença em sua vitalidade.

A Hyundai também reiterou seu compromisso com os planos de investimento em veículos elétricos no mercado dos EUA. Isso ocorreu mesmo após um incidente onde 475 trabalhadores foram detidos em uma de suas novas fábricas de veículos elétricos e baterias em construção na Geórgia. José Muñoz, CEO da Hyundai, destacou em um evento recente para investidores que a nova fábrica será projetada com flexibilidade, permitindo a alternância entre a produção de veículos elétricos e carros tradicionais a gasolina. Essa adaptabilidade, conforme a demanda do mercado, é uma parte central da estratégia da empresa para mitigar riscos.

Mudanças no Cenário Regulatório e seus Efeitos

Uma das principais forças motrizes por trás da migração das montadoras para veículos elétricos foram as regulamentações federais estabelecidas durante o governo Biden. Essas regras estipulavam que os veículos elétricos deveriam compor 50% dos carros novos até 2030 e previam penalidades severas para as montadoras que não atingissem essa meta. No entanto, essas regulamentações foram amplamente revogadas na administração Trump, e as sanções financeiras por violação dos limites de emissão também foram eliminadas em um projeto de lei de impostos e gastos aprovado por republicanos em julho.

Em âmbito estadual, a Califórnia e outros oito estados — Massachusetts, Nova Jersey, Novo México, Nova York, Oregon, Rhode Island, Vermont e Washington — impuseram decretos que efetivamente baniriam a venda de veículos movidos a gasolina até 2035. Juntos, esses estados representam cerca de um quarto das vendas de automóveis nos EUA. Contudo, o Congresso recentemente tomou a decisão de restringir a capacidade da Califórnia e desses estados de implementar suas próprias regras de emissões, que são mais rigorosas. Essa disputa legal foi levada a um tribunal federal, e o processo pode se estender por um período considerável, com a possibilidade de futuras mudanças governamentais trazerem essas proibições de volta à tona já em 2035. Além disso, Europa e China também avançam com regulamentações de emissões mais rigorosas, que podem impulsionar a aquisição de veículos elétricos globalmente. Mais informações sobre as regulamentações de emissões veiculares podem ser encontradas em fontes como a Agência de Proteção Ambiental dos EUA (EPA).

Atração dos Veículos Elétricos e a Dinâmica do Mercado

A atratividade dos veículos elétricos para as montadoras também reside em aspectos competitivos. A produção de um veículo elétrico demanda menos horas de trabalho em comparação com um carro a gasolina, que possui motor e transmissão complexos. Essa eficiência produtiva sugere um potencial de maior lucratividade para as montadoras. Adicionalmente, a demanda por veículos elétricos pode ser revitalizada caso o custo de produção, especialmente das baterias – que representam uma parcela significativa do valor total – continue a diminuir. Praticamente todas as montadoras estão anunciando planos para desenvolver tecnologias de baterias mais acessíveis.

Como parte de seu plano de investimento de US$ 5 bilhões, a Ford anunciou no mês passado que planeja comercializar uma picape elétrica por US$ 30.000, tornando-a uma das opções mais acessíveis no mercado. Em contraste, a picape Ford F-150 Lightning tem um preço inicial de aproximadamente US$ 55.000. A nova linha de produção para esta picape elétrica mais econômica está prevista para operar até 2027. Doug Field, diretor de design e digital de veículos elétricos da Ford, afirmou que a empresa se inspira no Modelo T – o “carro universal que mudou o mundo” – e acredita que o momento atual representa um “ponto de virada” para a Ford Motor Company e para toda a indústria automobilística. Essa visão reflete a percepção de que, apesar da desaceleração em relação às projeções iniciais, a transição para a eletrificação é um movimento global e inevitável.

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Em suma, apesar dos desafios regulatórios, fiscais e das flutuações na demanda, as montadoras nos EUA demonstram um comprometimento contínuo com o futuro dos veículos elétricos. Seus vultosos investimentos em novas tecnologias e linhas de produção flexíveis evidenciam uma estratégia de longo prazo, buscando adaptar-se a um mercado em constante evolução e que, gradualmente, se encaminha para a eletrificação. Para mais notícias e análises sobre o setor automotivo e o cenário econômico global, continue acompanhando a editoria de Economia.

Crédito da imagem: CNN Brasil

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