Na região metropolitana de São Paulo, o Hospital de Clínicas Municipal de São Bernardo do Campo iniciou o protocolo de morte encefálica por metanol referente à paciente Bruna Araújo de Souza. A internação da jovem ocorreu devido a sintomas graves de intoxicação por metanol, uma substância altamente tóxica que tem gerado preocupação em diversas localidades do país. A administração municipal confirmou que a família da vítima já foi devidamente informada sobre os procedimentos protocolares que buscam confirmar o estado clínico da paciente.
De acordo com informações veiculadas pelo portal g1, Bruna Araújo de Souza está hospitalizada desde o dia 29 de setembro, após consumir uma mistura de vodca com suco de pêssego. A Secretaria de Saúde municipal reportou que o quadro da paciente sofreu um agravamento nesta sexta-feira, 3 de novembro, e seu estado de saúde atual é classificado como gravíssimo.
Morte Encefálica por Metanol: Protocolo Aberto em São Bernardo
O protocolo para a confirmação de morte encefálica é um processo rigoroso que envolve a aplicação de uma série de testes. Estes exames são projetados para analisar e avaliar a resposta do cérebro e de outras partes cruciais do organismo a variados estímulos. O procedimento não é realizado de forma única, mas sim em múltiplas etapas, exigindo a participação e a avaliação de mais de um profissional de saúde qualificado para garantir a precisão e a ética do diagnóstico.
Compreendendo a Morte Encefálica
A condição de morte encefálica é definida pela perda irreversível das funções tanto do córtex cerebral quanto do tronco cerebral. Este diagnóstico é considerado definitivo e atesta legalmente o óbito de um indivíduo. Mesmo que o coração ainda mantenha batimentos, a respiração espontânea não ocorre sem o auxílio de equipamentos de suporte vital, e o funcionamento cardíaco por si só não se sustenta por um período prolongado, geralmente não ultrapassando poucas horas. Desta forma, a constatação da morte encefálica é equivalente à certificação da morte do paciente.
Cenário de Intoxicações por Metanol no Brasil
São Bernardo do Campo tem enfrentado um alarmante aumento nos casos de intoxicação por metanol, registrando até o momento 30 ocorrências, das quais uma foi formalmente confirmada. Adicionalmente, até a última sexta-feira, a Secretaria de Saúde havia notificado quatro óbitos que estão sob investigação para determinar se a causa foi a contaminação pela substância.
Em escala nacional, o Brasil contabiliza 113 ocorrências de intoxicação por metanol, incluindo tanto casos já confirmados quanto aqueles que ainda estão em fase de apuração, distribuídos por seis estados. O estado de São Paulo concentra a maioria dessas notificações, com 102 registros. Desses, 11 foram confirmados, enquanto 91 pacientes permanecem em análise. O território paulista também registra oito mortes relacionadas, com um óbito já confirmado oficialmente.
As intoxicações têm sido associadas ao consumo de bebidas destiladas adulteradas, incluindo produtos como vodca, uísque e gim. A Polícia Civil de São Paulo está conduzindo investigações aprofundadas para apurar se a origem dessas contaminações está ligada ao uso indevido de metanol no processo de limpeza e higienização de garrafas que seriam utilizadas para envasar as bebidas adulteradas.
Ações de Fiscalização e Combate
Na cidade de São Bernardo, foram implementadas ações conjuntas de fiscalização entre a Vigilância Sanitária Municipal e técnicos da Vigilância Sanitária Estadual, resultando na interdição de quatro estabelecimentos comerciais e diversos lotes de bebidas. A Polícia Civil, por sua vez, realizou a apreensão de garrafas provenientes desses locais. A Delegacia de Investigação de Infrações e Crimes contra o Meio Ambiente (Dicma) assumiu a liderança da investigação criminal, conforme comunicado oficial da prefeitura.

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A administração municipal também informou que, ao longo do ano corrente, dez estabelecimentos foram interditados e trinta indivíduos foram detidos sob suspeita de envolvimento na adulteração de bebidas alcoólicas. A mais recente operação, realizada nesta semana, resultou na apreensão de um volume significativo de 4.500 garrafas de bebidas suspeitas.
Intervenções do Ministério Público e da Saúde
O Ministério Público Federal (MPF) também instaurou um procedimento investigatório para averiguar os múltiplos casos de possível adulteração de bebidas alcoólicas em todo o país. Além disso, abriu um procedimento administrativo com o objetivo de monitorar de perto todas as ocorrências de intoxicação por metanol que vêm sendo registradas nacionalmente.
Em resposta à crise, o Ministério da Saúde comunicou a aquisição de 4,3 mil ampolas de etanol farmacêutico, que funciona como antídoto para a intoxicação por metanol. Para fortalecer o estoque do Sistema Único de Saúde (SUS), a pasta está em processo de compra de mais 150 mil ampolas, quantidade que pode viabilizar até 5 mil tratamentos. Para mais informações sobre as políticas de saúde pública, acesse o portal do Ministério da Saúde.
Adicionalmente, o Ministério da Saúde está empenhado em obter acesso a outro antídoto crucial, o fomezipol. Esta busca está sendo realizada por meio de negociações para doações com empresas localizadas na Índia, Estados Unidos e Portugal. Outra via de aquisição envolve uma linha de crédito oferecida pelo Fundo Estratégico da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), que pode garantir a compra de até 1 mil unidades deste medicamento.
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A situação em São Bernardo e em outros pontos do Brasil evidencia a seriedade da questão das bebidas adulteradas e a necessidade de vigilância contínua. As autoridades seguem empenhadas em investigar os casos e garantir a segurança da população. Para mais notícias e análises sobre o cenário urbano e as ações de governos, continue acompanhando nossa editoria de Cidades.
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