A intoxicação por metanol na Paraíba resultou na primeira morte confirmada sob suspeita. A vítima, um homem de 32 anos, veio a óbito no último sábado, dia 4 de maio, após sofrer três paradas cardiorrespiratórias. A informação foi divulgada pelo G1, detalhando o trágico desfecho após a ingestão de uma substância alcoólica possivelmente adulterada.
O paciente, identificado como Rariel Dantas, natural de Baraúna, foi inicialmente internado no Hospital Regional de Picuí. Devido à gravidade de seu estado de saúde, foi transferido posteriormente para o Hospital de Emergência e Trauma de Campina Grande, onde seu quadro clínico se agravou, culminando no falecimento.
Paraíba registra 1ª morte por suspeita de metanol
Rariel Dantas teria consumido bebida alcoólica nos três dias que antecederam sua internação, apresentando em seguida sintomas que se alinham com um quadro de envenenamento por metanol. Em resposta a este caso preocupante, equipes da Polícia Civil e da Agência Estadual de Vigilância Sanitária (Agevisa) foram mobilizadas para a cidade de Baraúna. O objetivo é conduzir uma investigação aprofundada sobre a origem da bebida consumida pela vítima e implementar as medidas de controle sanitário necessárias para evitar novos incidentes.
Em um contexto nacional mais amplo, o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, atualizou os dados sobre a situação das intoxicações por metanol no país. Até o momento, foram registrados 127 casos suspeitos de intoxicação em território brasileiro. O ministro esclareceu que não houve um aumento nos casos confirmados, mas sim um crescimento no número de ocorrências sob suspeita. Atualmente, 12 estados brasileiros já reportaram casos relacionados ao metanol, conforme informado por Padilha durante sua visita a Teresina, no Piauí.
Diante do cenário, o ministro da Saúde emitiu recomendações importantes à população, aconselhando que evitem o consumo de bebidas alcoólicas nos próximos dias. Ele também detalhou as ações que o governo está implementando para conter a propagação dos casos de intoxicação. Entre as medidas, destaca-se a capacidade de 604 farmácias de manipulação para produzir o etanol farmacêutico, um antídoto crucial nesses casos, sempre sob rigorosa recomendação médica. Adicionalmente, o governo federal adquiriu 12 mil ampolas desta substância, que serão distribuídas estrategicamente para os Centros de Referência de Toxicologia (CRT) espalhados pelo país, garantindo o acesso ao tratamento em casos de emergência.
O que é o Metanol e seus perigos
O metanol é um composto químico amplamente utilizado em diversas aplicações industriais e domésticas. Suas funções incluem a fabricação de diluentes, anticongelantes, vernizes e até mesmo fluidos para fotocopiadoras. Semelhante ao etanol, o álcool presente em bebidas como cerveja, vinho e destilados, o metanol é um líquido incolor e possui um odor parecido. Contudo, a grande diferença reside no seu custo de produção significativamente mais baixo, o que o torna um componente atrativo para a adulteração de bebidas alcoólicas.
A detecção da adulteração por metanol é extremamente difícil no momento do consumo, uma vez que seu sabor e os efeitos iniciais são indistinguíveis das bebidas não adulteradas. No entanto, os efeitos prejudiciais e potencialmente fatais surgem horas após a ingestão, quando o organismo inicia o processo de metabolização da substância. A ingestão de até mesmo pequenas quantidades pode ser gravemente prejudicial à saúde, e certas doses podem ser letais.
Mecanismo de Ação e Sintomas da Intoxicação
O processo metabólico do álcool ocorre primariamente no fígado. No caso do metanol, essa metabolização gera subprodutos altamente tóxicos, como formaldeído, formato e ácido fórmico. Essas substâncias atacam nervos e órgãos vitais, com o cérebro e os olhos sendo particularmente vulneráveis. As consequências podem incluir cegueira permanente, coma e até a morte do indivíduo.

Imagem: infomoney.com.br
A toxicidade do metanol está diretamente relacionada à dose ingerida e às características individuais do organismo. Assim como acontece com o álcool etílico (etanol), pessoas com menor peso corporal podem ser mais severamente afetadas por uma mesma quantidade. Os sintomas podem demorar entre 40 minutos e 72 horas para se manifestarem. Os sinais iniciais frequentemente se assemelham aos de uma intoxicação alcoólica comum, incluindo problemas de coordenação, desequilíbrio, dificuldades na fala, confusão mental e vômitos. Paralelamente, pode ocorrer uma queda da pressão arterial, resultando em tontura e desmaios.
Em fases posteriores, tipicamente entre 18 e 48 horas após a ingestão, o ácido fórmico atua interrompendo a produção de energia nas células, o que provoca uma diminuição do pH sanguíneo. Esse desequilíbrio danifica tecidos e órgãos, podendo levar a complicações sérias como insuficiência renal, convulsões e hemorragia gastrointestinal. Sinais como uma mudança abrupta na frequência cardíaca – com aceleração rápida ou desaceleração acentuada – são frequentemente indicadores de um desfecho fatal, segundo informações dos Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC). O relaxamento muscular também pode comprometer o sistema respiratório, causando dificuldade súbita para engolir e respirar. A hipotensão (pressão arterial baixa) e a parada respiratória são sintomas que precedem a morte iminente, conforme o CDC.
Tratamento e Prognóstico
O tratamento para a intoxicação por metanol deve ser iniciado o mais rápido possível, assim que houver a mínima suspeita, devido à rapidez de seus efeitos no organismo. Em ambiente hospitalar, existem medicamentos específicos que podem ser administrados para auxiliar na eliminação da substância tóxica do sangue, e a aplicação de diálise é uma opção para casos mais graves.
Surpreendentemente, em alguns casos, o tratamento pode envolver a administração de álcool etílico (etanol). Isso ocorre porque o metabolismo do etanol pelo fígado pode atrasar o metabolismo do metanol, reduzindo assim seu efeito tóxico no corpo. No entanto, essa intervenção deve ser realizada com extrema rapidez e sob supervisão médica rigorosa para ser eficaz.
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A morte por intoxicação de metanol na Paraíba serve como um alerta urgente para a vigilância sanitária e a população sobre os riscos de bebidas adulteradas. Manter-se informado sobre os perigos e as medidas preventivas é fundamental. Para mais notícias e análises sobre saúde e segurança em diversas cidades, continue acompanhando a editoria de Cidades do nosso portal.
Crédito: G1