A importação de gás de Vaca Muerta marca um precedente histórico para a Petrobras. Pela primeira vez, a gigante estatal brasileira trouxe gás natural do prolífico reservatório de Vaca Muerta, localizado na Bacia de Neuquén, ao norte da Patagônia argentina. Esta operação inovadora utiliza uma rota logística complexa, transportando o combustível via gasodutos desde a Argentina até a Bolívia, e de lá, seguindo para o Brasil, país onde a Petrobras já mantinha um fluxo de importação de gás.
A transação inédita foi finalizada na sexta-feira, 3 de novembro de 2025, e sua concretização foi anunciada pela estatal na segunda-feira seguinte, 6 de novembro. O volume inicial envolvido neste teste comercial e operacional atingiu a marca de 100 mil metros cúbicos de gás natural. Embora essa quantidade represente menos de 5% do total disponibilizado pela Petrobras ao mercado nacional, ela simboliza um passo estratégico significativo rumo à diversificação das fontes de suprimento energético do país.
Petrobras Realiza Importação Inédita de Gás de Vaca Muerta
A operação é fruto de um acordo comercial entre a Petrobras Operaciones S.A (Posa), subsidiária da Petrobras na Argentina, e a Gas Bridge Comercializadora, que atua como comercializadora de gás natural da Pluspetrol, uma multinacional de origem argentina. A Posa possui uma participação não-operada de 33,6% no campo de Rio Neuquén, que se estende pelas províncias argentinas de Rio Neuquén e Rio Negro, reforçando a base para futuras interações comerciais na região.
Conforme comunicado pela estatal, o contrato estabelece a possibilidade de importar até 2 milhões de metros cúbicos de gás natural em modalidade interruptível. A flexibilidade do acordo permite que novas importações sejam realizadas à medida que as empresas envolvidas identifiquem e aproveitem oportunidades comerciais estratégicas, visando otimizar a oferta e a demanda de gás natural na região.
Angélica Laureano, diretora de Transição Energética e Sustentabilidade da Petrobras, enfatizou a relevância da iniciativa, classificando-a como um “marco relevante”. Segundo Laureano, a integração das infraestruturas da Petrobras na Argentina com as do Brasil representa um avanço crucial. Ela destacou que “essa solução logística e comercial abre uma nova possibilidade para importação de gás natural pelo Brasil, refletindo o compromisso da Petrobras com o aumento da oferta e com o desenvolvimento sustentável do mercado de gás natural”. Tal posicionamento reforça a visão da companhia em buscar soluções inovadoras para o cenário energético brasileiro.
Essa importação experimental não é um evento isolado, mas parte de uma estratégia mais ampla para expandir a oferta de gás natural no território brasileiro. A medida também busca atender a uma antiga demanda do setor industrial nacional, que frequentemente expressa preocupações com os elevados custos do combustível. Um estudo divulgado em abril de 2025 pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) revelou que o preço do gás para a indústria brasileira pode ser até dez vezes superior ao praticado nos Estados Unidos e o dobro do valor encontrado na Europa, evidenciando a urgência de soluções para baratear este insumo vital.
Diante desse cenário, a presidente da Petrobras, Magda Chambriard, já havia manifestado o empenho da companhia em intensificar o escoamento do gás proveniente do pré-sal brasileiro. O objetivo principal é reduzir os custos para o setor industrial consumidor, tornando a produção nacional mais competitiva. Para um aprofundamento sobre o mercado de gás natural brasileiro, é possível consultar dados e regulamentações da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), que oferece uma visão detalhada do setor no país.
Imagem: agenciabrasil.ebc.com.br
Em consonância com essa estratégia de aumento de oferta, a Petrobras iniciou na sexta-feira, 3 de novembro de 2025, o processo de contratação da empresa responsável pela construção da plataforma P-91. Esta será a 12ª plataforma destinada ao campo de Búzios, uma das joias do pré-sal da Bacia de Santos.
O investimento na P-91 tem a expectativa de consolidar Búzios como o maior campo produtor da Petrobras, superando o campo de Tupi, que atualmente ocupa essa posição, também na Bacia de Santos. Além da produção de gás, a P-91 desempenhará o papel de um hub, uma central de concentração. Isso significa que a plataforma terá capacidade para receber e escoar o gás produzido em outras plataformas do campo que não foram originalmente projetadas com foco na exportação do combustível, otimizando a logística e a eficiência da produção.
Todo o gás escoado por meio da P-91 será direcionado ao Complexo de Energias Boaventura, anteriormente conhecido como Comperj, localizado em Itaboraí, na região metropolitana do Rio de Janeiro. O transporte será realizado por meio do gasoduto Rota 3, garantindo um fluxo contínuo e eficiente para a malha de distribuição nacional.
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Esta operação histórica da Petrobras, envolvendo a importação de gás natural de Vaca Muerta, somada aos investimentos em infraestrutura como a plataforma P-91, reforça o compromisso da empresa em garantir o suprimento energético do Brasil e impulsionar o desenvolvimento econômico. Para mais análises e notícias sobre as tendências do mercado de energia e seus impactos, continue acompanhando a editoria de Economia do Hora de Começar.
Fernando Frazão/Agência Brasil/Arquivo
