A Polícia Federal investiga se metanol abandonado por grupos criminosos, após uma complexa operação policial que visava combater a infiltração do crime organizado no estratégico setor de combustíveis, estaria sendo indevidamente empregado para adulterar bebidas alcoólicas. Esta importante apuração foi confirmada pelo ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, durante uma coletiva de imprensa realizada na terça-feira, 7 de outubro de 2025.
O ministro Lewandowski detalhou o cenário que deu origem à suspeita. Conforme suas palavras, “Muitos caminhões e muitos tanques de metanol foram abandonados depois desta operação”. Ele enfatizou que esta é uma das linhas investigativas prioritárias da corporação, sendo uma “hipótese que está sendo estudada, trilhada e acalentada pela Polícia Federal”, indicando a seriedade e o aprofundamento da apuração sobre a origem e o destino da substância tóxica.
A complexidade da investigação reside, em grande parte, na necessidade de determinar a procedência do metanol. O ministro explicou que a Polícia Federal busca descobrir se a substância tem origem em combustíveis fósseis ou em produtos agrícolas, uma distinção que será fundamental para orientar as ações repressivas. A gravidade dos casos de intoxicação por metanol em bebidas alcoólicas, que têm sido registrados em diversas regiões do país, reforça a urgência dessa apuração.
PF Investiga Metanol Abandonado na Adulteração de Bebidas
A distinção da fonte do metanol é crucial para a estratégia de combate à adulteração. “Se esta é a origem do metanol que está adulterando as bebidas, a atuação repressiva será numa direção. Se esse metanol tiver origem a partir de produtos agrícolas, a repressão terá outros alvos”, pontuou Lewandowski. Essa clareza na origem permitirá às autoridades direcionar recursos e esforços para as cadeias de suprimento e produção mais vulneráveis à adulteração, seja no setor de petróleo e gás ou na agricultura, buscando desmantelar as rotas de desvio.
Ainda sobre as possíveis conexões, o ministro Ricardo Lewandowski não descartou a possibilidade de uma investigação aprofundada sobre a ligação entre o crime organizado e as falsificações de bebidas alcoólicas. A hipótese ganha relevância diante do crescente número de casos de intoxicação por metanol, que resultaram em hospitalizações e mortes em várias localidades brasileiras. A presença da substância em bebidas ilícitas representa um grave risco à saúde pública, tornando a elucidação das conexões criminosas uma prioridade.
A urgência em desvendar essas ramificações criminosas é sublinhada pelos alertas de saúde pública. Instituições como a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) frequentemente emitem comunicados detalhando os riscos do metanol em bebidas alcoólicas e enfatizam a importância da vigilância contínua e da fiscalização rigorosa para proteger a população de produtos adulterados.
Nesse contexto de preocupação nacional, o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, havia emitido uma declaração na semana anterior. Freitas negou que as contaminações por metanol em bebidas alcoólicas registradas no estado tivessem relação direta com o crime organizado. São Paulo é, de fato, o estado que reporta o maior número de ocorrências e fatalidades decorrentes dessa intoxicação, o que amplifica a relevância das investigações federais e a necessidade de colaboração entre as esferas de governo para um combate efetivo.
Além da apuração da origem do metanol, o governo federal planeja intensificar o controle sobre a venda de insumos que facilitam a falsificação de bebidas. Lewandowski anunciou que será feito um trabalho para aumentar a fiscalização de sites e plataformas que comercializam produtos como rótulos, lacres, tampas e garrafas, que são frequentemente utilizados na produção de bebidas adulteradas. Essa medida visa dificultar a ação de falsificadores, atacando a logística de produção de produtos ilícitos e protegendo a integridade dos consumidores.

Imagem: agenciabrasil.ebc.com.br
A ação de fiscalização e controle será multifacetada, envolvendo importantes órgãos do governo. Segundo o ministro, a Secretaria Nacional do Consumidor (Senacon), o Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA) e a Receita Federal do Brasil atuarão em conjunto para implementar essas novas medidas. A colaboração entre essas instituições é vista como essencial para cobrir as diversas frentes do problema, desde a defesa do consumidor e o controle sanitário até o combate à evasão fiscal e a garantia da qualidade dos produtos comercializados no país.
Em uma iniciativa proativa para enfrentar a crise do metanol em bebidas, o ministro Ricardo Lewandowski também anunciou, no mesmo dia da coletiva, a criação de um comitê de enfrentamento. Esta nova estrutura contará com a participação da sociedade civil e terá como objetivo planejar e executar ações tanto repressivas, direcionadas aos responsáveis pela adulteração das bebidas, quanto protetivas, visando salvaguardar o setor de bebidas legítimo e os consumidores, garantindo um ambiente de mercado mais seguro e transparente.
O anúncio da formação do comitê ocorreu logo após uma reunião estratégica com representantes do setor de bebidas, demonstrando a intenção de envolver os atores mais diretamente impactados na busca por soluções. Lewandowski esclareceu que o comitê terá um caráter informal, atuando como um fórum para a troca de informações e o compartilhamento de boas práticas. A expectativa é que essa plataforma colaborativa permita uma comunicação eficiente sobre as providências tomadas tanto pelo setor público quanto pelo privado, acelerando a busca por uma solução duradoura para o grave problema das bebidas contaminadas por metanol.
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A investigação da Polícia Federal sobre o uso de metanol abandonado na adulteração de bebidas, somada às ações governamentais de fiscalização de insumos e à criação do comitê de enfrentamento, demonstra a mobilização das autoridades para combater um problema que atinge diretamente a saúde pública. A busca pela origem da substância e a identificação das redes criminosas envolvidas são etapas fundamentais para garantir a segurança dos consumidores. Para ficar por dentro de outras notícias e análises sobre temas de segurança e política no Brasil, continue acompanhando a editoria de Política de Hora de Começar.
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