O recente telefonema entre Donald Trump e Luiz Inácio Lula da Silva, ocorrido na última segunda-feira, dia 6, marcou um ponto significativo nas relações bilaterais, caracterizado pela omissão explícita do nome do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) por parte do republicano. Durante os aproximadamente 30 minutos de conversa, Trump dedicou-se a discutir temas diretamente com o atual mandatário brasileiro, sem fazer qualquer menção ao seu antecessor.
A ausência do nome de Bolsonaro na pauta foi notável, especialmente considerando que o julgamento do ex-presidente figurou entre os argumentos utilizados pelo governo dos Estados Unidos para a imposição de sanções contra o Brasil. Este contexto adiciona uma camada de interpretação à conversa, sugerindo uma mudança de foco na abordagem americana em relação à política brasileira.
Telefonema Trump Lula: Bolsonaro Ignorado e Química Reafirmada
Na pauta do diálogo, o presidente Lula apresentou a Trump uma série de requisições. O líder brasileiro solicitou a retirada das tarifas impostas pelo governo republicano sobre produtos brasileiros, uma medida que afeta diretamente o comércio bilateral. Além disso, Lula pediu a suspensão de “medidas restritivas aplicadas contra autoridades brasileiras”, referindo-se à cassação de vistos de auxiliares de seu governo e às sanções financeiras que Trump havia autorizado contra o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). Curiosamente, Moraes também não foi citado nominalmente durante o telefonema, de acordo com relatos de testemunhas.
Apesar dos temas de alta sensibilidade política, a conversa transcorreu em um tom descontraído e amigável, segundo pessoas próximas ao diálogo. Em um momento da chamada, Lula teria afirmado não ter inimigos, ao que Trump respondeu, em contrapartida, que ele os tem. Essa interação revelou um aspecto pessoal e direto entre os dois líderes.
Relembrando a Conexão Pessoal e Críticas à ONU
O republicano também fez referência a um encontro prévio com o petista na Assembleia Geral da ONU, no mês anterior, descrevendo-o como uma das “poucas coisas boas” que lhe aconteceram no evento, conforme antecipado pela colunista Mônica Bergamo. Durante o telefonema, Trump reiterou suas queixas sobre os problemas técnicos que enfrentou durante seu discurso na Assembleia, incluindo falhas no teleprompter.
Conhecido por suas críticas à Organização das Nações Unidas, Trump estendeu suas reclamações à própria infraestrutura do evento, mencionando até mesmo o mau funcionamento de uma escada rolante que ele e a então primeira-dama dos EUA, Melania Trump, deveriam utilizar. Essa peculiaridade ressalta a visão crítica do republicano sobre a organização internacional.
Negociações e Próximos Passos
Em relação às sanções e medidas restritivas, Lula pleiteou que fossem suspensas, a fim de que as negociações pudessem ser reiniciadas “a partir do zero”. Trump teria respondido que submeteria a proposta ao seu secretariado, indicando uma abertura para a discussão. Para dar continuidade às tratativas, o Palácio do Planalto informou que Trump designou seu secretário de Estado, Marco Rubio, para conduzir as negociações com autoridades brasileiras sobre o tema em questão. Essa designação formaliza o compromisso de explorar uma resolução para as pendências.

Imagem: www1.folha.uol.com.br
A disposição para o diálogo se estendeu à possibilidade de um encontro presencial em breve. Lula sugeriu a Cúpula da ASEAN (Associação de Nações do Sudeste Asiático), programada para o final de outubro na Malásia, como uma potencial oportunidade para a reunião. Além disso, o presidente brasileiro se colocou à disposição para viajar aos Estados Unidos, caso fosse necessário, para encontrar-se com Trump.
O comunicado oficial do governo brasileiro detalha que o presidente Trump escalou o secretário de Estado Marco Rubio para dar sequência às negociações com o vice-presidente Geraldo Alckmin, o chanceler Mauro Vieira e o ministro da Fazenda Fernando Haddad. Os líderes, Lula e Trump, concordaram em se encontrar pessoalmente em breve, com Lula aventando a possibilidade de fazê-lo na Cúpula da ASEAN, na Malásia. O presidente brasileiro também reiterou o convite a Trump para participar da COP30, que ocorrerá em Belém (PA), e confirmou sua disponibilidade para viajar aos Estados Unidos. A nota do Planalto conclui, reforçando que a conversa de 30 minutos ocorreu “em tom amistoso” e que ambos “relembraram a boa química que tiveram em Nova York por ocasião da Assembleia Geral da ONU”.
Para mais informações sobre as relações diplomáticas entre os Estados Unidos e o Brasil, acesse o Departamento de Estado dos EUA.
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A análise deste telefonema revela a complexidade das relações internacionais e a habilidade diplomática em manter canais abertos, mesmo diante de históricos políticos distintos. Fique por dentro de todos os desdobramentos desta e outras notícias importantes em nossa editoria de Política.
Crédito da imagem: Alexander Drago – 23.set.2025/Reuters